por Amadeu Castanho*
Capital religiosa da Espanha, a cidade de Zaragoza tem muitas atrações de turismo religioso, mas uma delas não encontra comparação em nenhum outro lugar.
Trata-se da procissão noturna do Rosário de Cristal, um dos eventos que marcam anualmente as festas de Nossa Senhora do Pilar (também conhecida como Virgem do Pilar), padroeira da Espanha.
Tradicionalmente realizada na noite do dia 13 de outubro de cada ano, a procissão solene percorre as ruas do centro histórico de Zaragoza com 15 carros alegóricos multicoloridos e 258 adereços luminosos de mão.
O Rosário de Cristal
A procissão teve origem em 1891, quando foi fundada a Real Irmandade do Santo Rosário de Nuestra Señora del Pilar, que resolveu realizar uma procissão dedicada à oração do Rosário, na qual os devotos levassem adereços luminosos simbolizando os Mistérios, o Pai Nosso, as Ave Marias, as Glórias e a Ladainha.
Além de adereços de mão correspondentes aos Pais Nossos, Ave Marias, Glórias e Ladainha, foram construídos quinze maiores, criados para serem transportados em carros alegóricos, representando cada um dos Mistérios.
Os devotos aprovaram a ideia da procissão reproduzir a oração do Rosário, substituindo as contas por adereços de vidro iluminados e logo passaram a chamar a procissão de “Rosário de Cristal”.
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Acervo da procissão
Hoje a procissão reúne 20 adereços de mão (também chamados de “lanternas”) para o Pai Nosso, 200 para as Ave-Marias, 20 para as Glórias, 4 para as saudações e 63 para o Ladainha, além de 15 maiores para os Mistérios.
As peças têm estruturas de ferro, enfeitadas por pedaços de latão e fechadas com vitrais coloridos, cuja cor varia de acordo com o tipo de Mistério.
Nos Gozosos, referentes ao nascimento e infância de Jesus, as cores predominantes são o vermelho e o verde. Nos Dolorosos, referentes à Paixão, o violeta e o verde. E nos Gloriosos, típicos da Ressurreição e da Ascensão, os dominantes são o branco e o azul.
Além de todas as peças que integram a oração, o Rosário de Cristal é complementado por outros adereços que, apesar de não fazerem parte da oração do Rosário, o enriquecem, como a Grande Cruz do Rosário, que abre a procissão, e o carro alegórico que representa a Basílica de Nossa Senhora do Pilar, que utiliza milhares de peças de vidro colorido.
Apesar da tradição de mais de um século, a procissão se atualizou, incorporando um sistema de som e trocando as velas das lanternas por iluminação elétrica a bateria.
Durante o resto do ano, todo o acervo do Rosário de Cristal pode ser admirado de perto na na antiga igreja do Sagrado Coração de Jesus, onde foi instalado o Museo de los Faroles y Rosario de Cristal.
Esse é um dos três museus que fazem parte do conjunto da Catedral de Zaragoza, que também tem um dedicado à devoção de Nossa Senhora do Pilar (Museo Pilarista) e outro focado nas tapeçarias (Museo de Tapices).
Amadeu Castanho é jornalista, trabalhou em publicações de renome no Brasil e no Exterior e se especializou na cobertura de nichos do mercado de turismo, como o religioso, o de luxo, o de incentivo e o corporativo. Edita a revista eletrônica Viagens de Fé (www.viagensdefe.com.br), única publicação brasileira focada em viagens religiosas, destinos religiosos, romarias e peregrinações. Amadeu é diretor da Keris Comunicação Editorial, especializada em publicações eletrônicas segmentadas e geração de conteúdo. Tem cursos de especialização em Hotelaria, Marketing e Publicidade, entre outros, tendo atuado como profissional e como consultor nessas três áreas. É palestrante em sua especialidade, turismo religioso.