Crônica de viagem: San Andrés seria o portal para Bermudas?

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Publicado originalmente em 13 de setembro

por Paulo Atzingen (de San Andrés – Colômbia)

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Suas cadeias de coral e as diversas formações do solo definem a intensidade do azul que adentra a retina. Se o coral está ali, há mais de mil anos, atingiu uma tonalidade translúcida e, com isso, somados ao ângulo do sol e à temperatura ambiente, resultará em um azul infinito na superfície. Todos ficamos boquiabertos com o resultado da luz.

Porém, se a cadeia de coral se formou ali por mais de cinco mil anos e recebeu a sedimentação de cálcio trazida pelas correntes do Atlântico com suas águas mais densas, o azul resultante é o que se assemelha ao do peito de um pavão.

É preciso lembrar que as barreiras de coral daqui de San Andrés dão um toque refinado à geografia física da ilha, já que ela (a limitada ciência explica), determina a cor das águas na superfície e atrai para cá gente em busca de cores. Ou apenas em fuga da realidade.

Quando observamos mais ao longe, as águas azuis em uma intensidade fosforecente concluímos que esse estado de percepção é, na verdade, ilusão de ótica. A força de radiação solar sobre a lâmina dágua salinizada e o choque das moléculas de oxigênio e hidrogênio criam um portal de entrada tanto para o sonho quanto para o mágico, slogan, inclusive, da Colômbia.

Esse portal, utilizado por navegadores sem as modernas cartas náuticas ou GPS, resultou no passo para o insondável.

Estes feixes de luz solar que repousam sobre a flor d’água desencadeiam um halo multicor que persuadem nossos sentidos lógicos tornando-nos mais humanos, já que nos coloca em uma posição de inferioridade diante desta espetacular criação.

Um navio, mais ao longe, materializa essas explicações da física. Encalhou em uma avenida de corais e hoje encouraça-se de sal e cálcio integrando-se à paisagem
Um navio, mais ao longe, materializa essas explicações da física. Encalhou em uma avenida de corais e hoje encouraça-se de sal e cálcio integrando-se à paisagem

Perguntas

Um azul claro entranhado de fios de cores inexplicáveis aparece mais próximo à praia e isto tudo dança ao sabor do vento que sopra do olho do oceano.

Marolinhas chegam até a praia branca e a tonalidade azul perde força. Por um momento não sei se foi a fraqueza da onda que tornou a água mais clara, ou a clareza da água que determinou a onipotência do mar.

Um navio, mais ao longe, materializa essas explicações da física. Encalhou em uma avenida de corais e hoje encouraça-se de sal e cálcio integrando-se à paisagem.

Esta pérola do Caribe, a 200 quilômetros da costa da Guatemala e 800 da Costa da Colômbia tem praticamente, em quase todo seu litoral, uma barreira de coral que talvez explique porque as caravelas do passado desapareciam do mapa, no conhecido Triângulo das Bermudas. Seria a dureza do coral que arrebentava o casco das naus uma explicação tão física quanto idiota para o desaparecimento das embarcações? Ou seria esse efeito das cores sobre a lógica e sobre o juízo dos navegadores antigos, que os arrebatava para um outro estágio, cruzando este portal de ondas de luz?

Ficam as perguntas.

* San Andrés. 12 de setembro de 2015

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