Nesta sexta-feira (16), na capital paulista, a Semana S, promovida pela Confederação Nacional do Comércio – CNC, reuniu no Sesc Pompeia lideranças e especialistas para debater a nova ordem do mercado de trabalho.
Por Zaqueu Rodrigues, especial para o DIÁRIO
Sob a mediação da jornalista Mônica Sodré, o painel Inclusão: Caminhos e Práticas de Gestão para um Futuro Equitativo e Sustentável reuniu Caio Magri (Instituto Ethos), Vanessa Pinsky (Capitalismo Consciente Brasil) e Wal Flor (Flow.Ers), para debater os rumos do trabalho diante das transformações sociais.
Sodré abriu o diálogo destacando desafios atuais como a crise climática, a inteligência artificial, as desigualdades e o envelhecimento da população. Em meio a esse cenário, os especialistas discutiram caminhos para um futuro mais justo e inclusivo.
Wal Flor alertou para a urgência das ações. “O futuro é consequência do que fazemos hoje. Precisamos melhorar a educação. No Brasil, apenas 5 em cada 10 crianças são alfabetizadas na idade certa. Esse é o futuro que queremos?”, questionou.

Futuro é coletivo com valores compartilhados
Vanessa Pinsky, conselheira deliberativa do Capitalismo Consciente Brasil, destacou que o futuro é coletivo e fundamentado em valores compartilhados. “A colaboração entre diferentes setores é essencial para encontrar soluções inovadoras e criativas. Precisamos de lideranças conscientes, que consigam olhar para o impacto causado na sociedade e no meio ambiente”.
Já Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos, observou a necessidade de implantar mudanças estruturais para fortalecer as instituições que garantam o estado de direito. “Estamos vivendo grandes riscos, com desigualdades abissais, corrosão da democracia, emergências climáticas, discriminação. Temos recursos, ferramentas e conhecimento para enfrentar tudo isso”.

Cenário de Riscos
Os especialistas alertaram que o desenvolvimento econômico a qualquer custo criou um cenário de riscos, que se agrava ainda mais com a expansão da automatização sem inclusão, precarização dos trabalhos, discriminação contra negros, indígenas, jovens, idosos, pessoas com deficiência, LBGTQIA+… A proteção social foi apontada como prioridade.
“Mudar a nossa realidade hoje é um trabalho que precisa ser feito de modo integrado entre estados, empresas e sociedade civil. Precisamos investir em educação e políticas afirmativas para termos um mercado com empregos dignos, inclusivos e sustentáveis. Isso requer o compromisso do setor produtivo, políticas públicas focadas nas pequenas e médias empresas e implantação de cadeia de valores”, afirmou Magri.

Futuro do Trabalho: Verde
Vanessa destacou que o futuro do trabalho é verde, movido pela economia circular. “Precisamos de educação profissional transversal e competências verdes, como gestão de resíduos e avaliação de impactos ambientais. Varejo e turismo não avançam sozinhos.”
Wal ressaltou a importância do bem-estar em todas as dimensões. “Saúde não é só física. O mercado precisa considerar saúde emocional, mental, financeira e social. Vivemos mais e o trabalho deve refletir essas necessidades.”
Para os especialistas, a COP30 no Brasil, que acontece em Belém, do Pará, em novembro, é uma chance estratégica de enfrentar os desafios atuais e impulsionar o desenvolvimento sustentável no país.

Precisamos cuidar do solo
A jornalista Sônia Bridi, especialista em mudanças climáticas, conduziu a palestra Crise Climática e Políticas Ambientais Eficientes, traçando um panorama alarmante da crise ambiental global.
“Estamos num caminho perigoso. O mundo aquece em cascata: geleiras derretem, mares sobem e aquecem, correntes mudam, há inundações, secas, escassez de alimentos. Mais de 90% dos corais já morreram”, alertou.
Ela reforçou a urgência de restaurar florestas e proteger o solo, especialmente na Amazônia. “Nenhum desenvolvimento sobrevive com tantas tragédias. O que vimos no Rio Grande do Sul já vinha sendo previsto há anos.”
Sônia lembrou que o uso criminoso do solo é o principal fator de emissões de CO2 no Brasil. “No Cerrado, 40% do solo foi queimado em 40 anos. Perdemos mais de mil km de rios por garimpo ilegal. Temos mais mineração ilegal que regular.”
Apesar do cenário, Bridi vê potencial para mudança. “Temos recursos naturais para investir em energias limpas, gerar empregos e democratizar o acesso. Mas isso precisa começar agora.”

Papel do Turismo diante dos desafios
Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), destaca papel do turismo frente aos grandes desafios da atualidade
Sampaio explica que a entidade se engajou na Semana S para debater os rumos do mercado de trabalho frente aos desafios da atualidade. “Muitos dos empresários de hotelaria e alimentação fora do lar estão presentes nas comemorações organizadas pelas Fecomercios, exaltando o que o Sesc/Senac faz nos aspectos sociais, educação, lazer, atendimento a terceira idade e banco de alimentos. É um trabalho unificado essencial para aprimorar a formação profissional para os desafios do terceiro milênio e da IA”.

Área do Ser Humano
O presidente em exercício da Fecomercio-SP, Ivo Dall’Acca Júnior, falou ao DIÁRIO: “O turismo tem um olhar muito forte de nossa parte. Há uma área onde a gente já evoluiu bastante: a gastronomia. Ela é uma alavanca para a área do turismo. A nossa gastronomia já reconhecida tanto pelo nosso povo quanto por quem nos visita. Temos muito para crescer, e o Sesc e o Senac estão aí para isso”, apontou Ivo.
Segundo ele, o turismo é uma área de ação econômica que distribui renda e riqueza. E que tem necessidade do ser humano, da pessoalidade. “É o que faz a diferença. Temos que investir nas pessoas”, ressaltou Ivo Dall’Acca Júnior.

Sobre a Semana S
A FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) participou ativamente da Semana S, uma ação integrada realizada de 11 a 17 de maio em todo o país pela CNC, Sesc/Senac e Fecomercio. A iniciativa leva à população uma programação de conteúdo, empreendedorismo e serviços nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e assistência, promovidos nas unidades do Sesc e espaços públicos.