O segmento de feiras e eventos corporativos não para de crescer, mesmo em tempos de recessão econômica. De acordo com uma pesquisa realizada pela Abeoc (Associação Brasileira de Empresas de Eventos), no ano de 2013, o setor movimentou cerca de R$ 209,2 bilhões, o que representou uma participação de 4,32% no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Já em 2014, foram 590 mil eventos em todo o Brasil e já existem aproximadamente 9.500 espaços para a realização deste tipo de evento. O DIÁRIO ouviu duas especialistas em organização de eventos: Andréa Nakane e Shirley Salazar, diretoras do instituto Mestres da Hospitalidade. Acompanhe:
DIÁRIO – Vocês se especializaram em hospitalidade. É possível equacionar um mercado tão competitivo e produtivo, com metas a serem alcançadas e inserir a hospitalidade, este termo um tanto subjetivo?
SHIRLEY SALAZAR – Sim, porque quando falamos de hospitalidade, não se trata apenas do acolhimento. O acolhimento é fundamental, mas quando falo que estou indo para São Paulo na segunda-feira para participar de uma feira, eu, como promotor organizador, falamos do círculo da hospitalidade, que tem que ser uma coisa virtuosa. Tenho a hospitalidade no centro, a cidade que recebe o evento, o espaço físico que recebe o evento, o promotor organizador que utiliza esses dois espaços e também o visitante. Nós sempre nos colocamos em todas essas pontas. O que eu, como localidade, posso oferecer para manter satisfeito um promotor-organizador? O que vai fazer você colocar uma feira no pavilhão do Anhembi ou no Expo Center Norte? Hoje você fala: vou fazer uma feira no Center Norte. Por quê? Farei no Center Norte porque lá está climatizado, então eu não vou passar calor. Porque o Anhembi, querendo ou não, com 43 anos de existência, foi o único centro de feiras desenvolvido para ser um centro de feiras.
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Então, onde está a hospitalidade do promotor organizador? Ele pega o pavilhão limpo, sem segurança, faxina, nada. Tudo é por conta do promotor organizador. O que ele faz: se ele já sabe que terá uma lotação no estacionamento, por exemplo, ele coloca um transfer que passa de período em período para as pessoas. Esse é um indicador de hospitalidade, esse acolhimento.
Quando você compra um ingresso para uma feira no exterior, você paga um bom preço, mas você tem toda uma estrutura, toda uma finalização diferenciada. Quando se faz uma feira, tem que pensar em uma finalização aérea, finalização de piso de acordo com a faixa etária de quem eu for receber, entre outras inúmeras coisas que são entendidas como hospitalidade.
DIÁRIO – Vocês acreditam que o Brasil está se preparando ou entrando em um mercado de vanguarda, de inclusão?
ANDREA NAKANE – O Brasil tem toda uma particularidade. O brasileiro gosta desse contato olho no olho. Lá fora, tem-se um negócio mais portátil. Você abre seu micro-estande que tem o seu logo, tem uma mesinha ou duas mesinhas e seu aquário de cartões. Se você quiser o catálogo, você paga por um catálogo. Aqui não, a gente paga uma taxa para poder distribuir catálogo para todo mundo. Aqui, quando eu falo do olho no olho, o brasileiro ainda tem essa característica, esse contato, quer conversar com você e saber se tudo aquilo que você fala do produto no papel é verdade.
SHIRLEI SALAZAR – Outro aspecto importante é quando não se tem um público visitante muito grande, pensa-se que o organizador não soube divulgar a feira. E não é só o promotor que tem essa obrigação. É um conjunto de fatores, e no Brasil, querendo ou não, ainda temos a mão de obra melhor aqui, em termos de serviço. A tendência é melhorar. As feiras estão passando por um processo de perda de visitantes porque não têm muitos indicadores de hospitalidade.