A TAM, maior companhia aérea brasileira, está levando a busca por eficiência às atividades menos glamourosas da aviação comercial, como a de apoio terrestre ou "ground handling", que envolve desde o trabalho da área restrita dos aeroportos até a preparação das aeronaves – como transporte de bagagens, abastecimento e limpeza das aeronaves entre os voos. Tudo para compensar uma demanda que neste ano está mais fraca que o esperado pela empresa.
Na sexta-feira, a Latam – que controla a brasileira TAM e a chilena LAN – revisou para baixo a estimativa de margem operacional de 2014. O ganho de lucro antes de juros e impostos (Ebit) foi rebaixado para uma faixa entre 4% e 5%, ante à previsão anterior de 6% a 8%. "O principal motivo para a revisão foi o impacto negativo da Copa de Mundo de futebol, realizada no Brasil entre junho e julho de 2014, que afetou a demanda de passageiros de turismo e negócios em rotas de, para e dentro do Brasil no período", informou o grupo. A revisão também considera o efeito negativo da piora do cenário econômico na América Latina, com a tendência de desaceleração do PIB e o enfraquecimento de moedas locais", explica a Latam em nota.
Como o lado da receita não ajuda, um caminho adotado pela TAM, no Brasil, é cortar custos por meio de investimentos em eficiência. De janeiro a julho, a companhia desembolsou U$ 5,5 milhões em equipamentos nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio, elevando a US$ 17,5 milhões os aportes nessa área operacional. Na aviação civil comercial, esse tipo de atividade responde, em média, por 10% do custo operacional de uma companhia. "Sempre existe margem de eficiência a ganhar, com investimento em equipamentos, melhoria de processos e treinamento de pessoal", disse ao Valor o diretor da área de "ground handling" da TAM, Carlos Osório. O executivo responde por uma equipe de seis mil pessoas – 20% dos funcionários da empresa no país – e por uma frota de 360 tratores, nos 42 aeroportos onde opera a TAM.
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Como 40% do custo de uma empresa aérea é composta por combustível, a ideia é buscar meios capazes de reduzir esse consumo. Parte dos investimentos da TAM foi para 10 novos "ground power units", ou GPUs, equipamentos que fornecem energia para os aviões enquanto estão em solo, o que diminui o consumo de querosene de avião (QAV). O número desses equipamentos na TAM subiu para 32.
O investimento vai gerar uma economia de 3 milhões de galões de QAV, ou cerca de U$ 12 milhões anuais. A empresa também comprou 38 tratores elétricos para o transporte de bagagens e 22 novas unidades auxiliares de ar condicionado.
Em Guarulhos, a mais recente aquisição da TAM foi um rebocador aeronáutico do tipo "towbarless", um trator usado para manobrar a aeronave antes de decolar ou no trajeto entre a pista e um centro de manutenção. A expectativa é economizar pelo menos US$ 100 mil dólares por ano em combustível, e 30% em manutenção, disse Osório. O plano é comprar mais quatro unidades do equipamento. A empresa também está investindo em treinamento de pessoal, disse o executivo. O volume de recursos em treinamento neste ano será de R$ 3 milhões, o mesmo do ano passado.