Recebi do DIÁRIO DO TURISMO o honroso convite de compartilhar quinzenalmente com seus leitores algumas informações e pontos de vista sobre o turismo religioso, um dos segmentos que mais crescem na indústria turística no mundo inteiro mas que, apesar disso, ainda é pouco conhecido por muitos do trade turístico.
Antes de começarmos a mergulhar no tema da coluna, porém, é importante definir o que é turismo religioso, construindo uma base que vai permitir a abordagem de diversos assuntos referentes a esse segmento.
Ao mesmo tempo, é importante deixar bem claro que essa definição reflete o meu ponto de vista, que pode não coincidir com definições acadêmicas e outros pontos de vista.
Afinal, o que é turismo religioso?
Afinal, o que é turismo religioso? De forma resumida, esse é o termo usado para designar o deslocamento de uma ou mais pessoas para fins ligados à fé e/ou à devoção.
Pode ser praticado entre cidades, estados ou até países, mas também pode ser praticado na mesma cidade. Acredito que quem vai de um bairro a outro para participar de um culto ou cerimônia religiosa, ouvir uma pregação ou até participar de uma quermesse ou festa religiosa já está praticando turismo religioso.
Pode abranger desde visitar uma igreja ou participar de cultos, cerimônias, celebrações e eventos até embarcar em romarias e peregrinações de curta ou longa duração no Brasil ou em outros países. E isso pode ser praticado individualmente, em família ou em grupos.
Numa interpretação mais abrangente, o turismo religioso também é conhecido como turismo espiritual e numa outra – ainda mais abrangente – como turismo cultural.
Pessoalmente, embora possa entender que alguém classifique uma viagem visitando mosteiros do Tibete ou templos no Camboja como turismo espiritual, prefiro não seguir pelo mesmo caminho. Também não simpatizo com o uso desse termo como forma politicamente correta de designar o turismo religioso, como fazem alguns países.
Prefiro acreditar que turismo espiritual seja um sub-segmento do turismo religioso, focado em atividades de reflexão, aprofundamento e oração, como retiros, encontros, aprofundamentos, etc. Praticado por diversas religiões, atinge praticantes de praticamente todas as faixas etárias e é uma das áreas com maior potencial de crescimento dentro do turismo religioso.
Rótulos elásticos e neutros
No caso do uso do termo turismo cultural em vez de turismo religioso, também prefiro ficar longe. Na minha opinião, esse acaba sendo um rótulo extremamente elástico e – principalmente – politicamente neutro utilizado por muitos governos para se blindarem de possíveis acusações de utilização de verbas públicas em favor desta ou daquela religião em detrimento de outras religiões ou cultos.
De qualquer modo, independente de qual termo seja utilizado para designá-lo, o que realmente deve importar para o mercado de turismo é o imenso potencial inexplorado do turismo religioso, para agências, operadoras, destinos, patrimônios e atrações.
Nas próximas colunas vamos procurar entender um pouco melhor esse segmento, conhecer o seu tamanho, descobrir as suas características, explorar as suas particularidades, discutir seus problemas e avaliar as diversas oportunidades que ele apresenta tanto no Brasil quanto no Exterior.
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AMADEU CASTANHO – TURISMO RELIGIOSO
Amadeu é jornalista, trabalhou em publicações de renome no Brasil e no Exterior e se especializou na cobertura de nichos do mercado de turismo, como o religioso, o de luxo, o de incentivo e o corporativo. Edita a revista eletrônica Viagens de Fé (www.viagensdefe.com.br), única publicação brasileira focada em viagens religiosas, destinos religiosos, romarias e peregrinações. Amadeu é diretor da Keris Comunicação Editorial, especializada em publicações eletrônicas segmentadas e geração de conteúdo. Tem cursos de especialização em Hotelaria, Marketing e Publicidade, entre outros, tendo atuado como profissional e como consultor nessas três áreas. É palestrante em sua especialidade, turismo religioso.