Para fazer um prognóstico de 2017, o DIÁRIO conversou com Vanessa Morales, empresária de Goiás, que está à frente da rede Vivence Hotéis e da ABIH-GO. (Publicado em 11 de março)
Marcos J. T. Oliveira, repórter freelancer do DIÁRIO
O DIÁRIO conversou com alguns profissionais do turismo e da hotelaria para saber o que esperam de 2017. No campo hoteleiro, Vanessa Morales, diretora operacional da rede Vivence Hotéis e presidente da ABIH-GO, falou com exclusividade sobre o panorama na região para o primeiro semestre, além da expectativa quanto à política nacional e municipal.
“No turismo, o ´menos é mais´ recebe outras aplicações, que vão desde a hospedagem, com a popularização dos pared back hotéis (hospedagens mais espaçosas e com menos móveis), até a escolha de utensílios na viagem. Nesse aspecto, funcionalidade é uma das palavras-chave, trazendo à tona a especificidade dos serviços, oferecendo ao turista o que ele considera prioritário – velocidade de internet, itens de conforto, etc“, afirmou Vanessa ao DIÁRIO.
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Acompanhe:
DIÁRIO – Pode fazer um prognóstico de como se apresentará o setor turístico no primeiro semestre de 2017?
Vanessa Morales- Viajar continua sendo uma das principais formas de lazer e realizações de negócios e eventos no mundo inteiro. Assim como a indústria de viagens e turismo tem se desenvolvido ao longo dos anos, o modo de viajar vem acompanhando as transformações tecnológicas, sociais e comportamentais dos viajantes. Algumas tendências conduzirão as estratégias da indústria e expandirão os horizontes do turismo em 2017.
DIÁRIO – Poderia nos contextualizar essas tendências?
Vanessa Morales- A primeira direção do setor para este novo ano a ser observada é voltada para os destinos locais. A busca por viagens a lugares próximos será mais intensa em 2017, assim como a valorização do regional e, no Brasil, será ainda mais perceptível como resultado da instabilidade política e econômica dos últimos tempos.
Colocando em movimento toda a cadeia desta nova etapa do turismo, está a busca pela experiência que mexerá com toda a engrenagem da indústria. A ideia de praticidade também estará presente como nunca. No turismo, o “menos é mais” recebe outras aplicações, que vão desde a hospedagem, com a popularização dos pared back hotéis (hospedagens mais espaçosas e com menos móveis), até a escolha de utensílios na viagem. Nesse aspecto, funcionalidade é uma das palavras-chave, trazendo à tona a especificidade dos serviços, oferecendo ao turista o que ele considera prioritário – velocidade de internet, itens de conforto, etc.
As influências da tecnologia também moldam a novo jeito de viajar. Outra tendência apontada pela WTM é que as inovações tecnológicas aplicadas ao turismo são diversas e se revelam antes mesmo da viagem começar: na escolha do destino. Por meio de lojas-conceito com realidade virtual, os turistas em potencial têm uma experiência prévia do destino, o que ajuda na escolha do pacote de viagens e encoraja os turistas. O uso de inteligência artificial, sobretudo no atendimento, é também um dos destaques da inserção da tecnologia na indústria.
Por fim, mas não menos importante, temos o crescimento do que está se tornando conhecido como bleisure travel, uma mistura de business com leisure, ou seja, viagens de trabalho associadas a lazer. A definição emerge ainda como um estilo de vida: viajantes que estão a trabalho e aproveitam para passear, acrescentando, muitas vezes, um ou dois dias a mais na estadia. É um caminho já alcançado por pesquisadores da indústria, visto que, de acordo com dados oficiais do Ministério do Turismo, o percentual de crescimento de viagens a trabalho no Brasil foi de 400% de 2005 a 2015.
DIÁRIO – Tendências apontam que com a economia recessiva o turismo internacional (emissivo) pode surpreender, concorda?
Vanessa Morales- No Brasil, a economia encolheu 3,6% em 2016, depois de retrair 3,8% em 2015. O IBGE nunca tinha registrado duas quedas seguidas do PIB desde que começou a fazer esse cálculo em 1948. É a recessão mais profunda da história. Como consumir com desemprego recorde e cada vaga disputada assim, por uma multidão? Este segundo ano consecutivo de recessão levou o turismo emissivo a uma queda de quase 15%, e até mais para os dois grandes destinos tradicionais, Estados Unidos e França.
O mercado financeiro está prevendo um crescimento de 0,49% para o PIB de 2017. Uma taxa de câmbio permanecendo em R$ 3,30, entretanto, nos retrata uma economia brasileira ainda recessiva, somada à instabilidade política, abrindo espaço para as viagens a destinos próximos, com redução dos gastos com viagens internacionais. Atualmente, o Ministério do Turismo vem desenvolvendo, em parceria com o trade, divulgações de nossos potenciais turísticos como incentivo ao turismo regional, para que conheçamos nosso país e não deixemos de viajar.
DIÁRIO – Como analisa o setor turístico com o governo Temer (em relação ao mercado nacional) e governo municipal (no caso quanto à cidade)?
Vanessa Morales- É preciso uma política agressiva de estímulo ao turismo que ofereça resposta rápida no reaquecimento da economia. O presidente Michel Temer deve incluir este setor na agenda econômica do governo federal, implantar o Plano Nacional do Turismo, fazer cumprir a Lei Geral do Turismo, realizar reformas na previdência, revisar e readequar a carga tributária, propiciar a ampliação da malha aérea com preços mais acessíveis. Também é preciso regulamentar o setor como um todo, liberar os jogos, manter a isenção de vistos para os estrangeiros, criar linhas de crédito compatíveis com mercados internacionais, flexibilizar a contratação de mão de obra com trabalho intermitente, investir fortemente na divulgação interna e externa dos destinos brasileiros, para que este setor possa desenvolver ainda mais e mostrar qual o impacto ele garante aos cofres públicos.
Em Goiás, o governador Marconi Perillo anunciou, no dia 6 de fevereiro, um total de dez medidas (clique aqui para conhecê-las) voltadas para o desenvolvimento do turismo. A expectativa do governo estadual é atrair mais de 1 milhão de novos visitantes para o Estado e garantir retorno de R$ 1 bilhão para a economia local já em 2017. Nosso governador reconhece que os investimentos no turismo promovem um significativo efeito multiplicador da economia, com resposta do mercado muito rápida, gerando grande volume de emprego, direta e indiretamente, além de atrair novas empresas.
O conjunto de ações objetiva fortalecer a cadeia produtiva do turismo no Estado e, ao mesmo tempo, incrementar a geração de empregos e de renda por meio de capacitação profissional. As dez novas medidas serão desenvolvidas pelo governo goiano em parceria com entidades do trade turístico de Goiás, prefeituras dos municípios locais, Ministério do Turismo, Sebrae, Senac, UEG, Icmbio e Dnit.
Destinos como Caldas Novas e Rio Quente, Pirenópolis e Cidade de Goiás, Chapada dos Veadeiros, Goiânia e Trindade, dentre outros destinos turísticos no Estado, serão alvo de investimentos para a melhoria dos resultados econômicos do setor em 2017. Atualmente, o turismo representa 3,7% do PIB do Estado de Goiás.