RETRÔ 2018 – Publicada dia 18 de maio
Índices, embora regionais, dividiram as opiniões na enquete realizada pelo DIÁRIO
Por Paulo Atzingen (de Fortaleza)*
A economia do Estado do Ceará começa a dar mostras que está reagindo e expandiu pelo segundo mês seguido este ano, segundo o Índice de Atividade Econômica Regional do Ceará (IBCR-CE), divulgado na última quarta-feira (16), pelo Banco Central. Segundo o estudo, em março deste ano foi registrado crescimento de 0,43% na comparação com fevereiro. Ainda, segundo o estudo, o primeiro trimestre de 2018 fechou com crescimento de 0,76% na atividade econômica do Estado. Esses índices, embora regionais, dividiram as opiniões na enquete realizada pelo DIÁRIO com diversos hoteleiros e profissionais que participam do 60º Congresso Nacional de Hotéis, em Fortaleza, de 16 a 18 de maio.
Com o tema “Brasil, a retomada do crescimento hoteleiro”, o evento pretende provocar a interação entre os principais agentes do setor para debater novos caminhos, unindo criatividade e experiência, na busca pelo fortalecimento do setor. Acompanhe, a seguir, a opinião de vários executivos do setor.
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Manoel Linhares – presidente da ABIH Nacional
Reafirmação – “Como falei em meu discurso, estamos todos num grande projeto de reafirmação e prosperidade do segmento turístico e hoteleiro nacional. Nada é comparado à recessão entre 2013 e 2016. Acredito na força e na união de quem faz o turismo e a hotelaria acontecer. Vamos em frente…”
Régis Medeiros – Secretário de Turismo de Fortaleza
Muita coisa acontecendo – “Especificamente para Fortaleza, temos muito coisa acontecendo. Nós tivemos movimentos importantes como o hub da KLM-Air France com a Gol aqui para Fortaleza, voos diretos para a Alemanha para a Cidade do Panamá, para os Estados Unidos, para a Argentina, enfim a lista é longa. Fomos de 13 para 48 voos semanais internacionais. Estamos começando em junho a reforma da beira-mar de Fortaleza que é o principal cartão postal da cidade e será totalmente renovada. Para o Ceará podemos destacar o Aeroporto de Jericoacoara que foi lançado, estradas que estão sendo terminadas para todo o litoral, então eu vejo o Ceará como um grande celeiro de oportunidades para o crescimento do turismo nos próximos anos. Estamos ainda mergulhados em uma crise muito grande, é cedo para apontar resultados, mas tivemos crescimento no número de passageiros em maio, da ordem de 30 mil em comparação com o mesmo período do ano passado, isso em 15 dias de operação”
Eliseu Barros, presidente da ABIH Ceará
Há de acontecer – “Fui uma das pessoas a sugerir e utilizar essa frase com frequência. E quando falo em crescimento, eu não falo somente de nosso Estado e sim do Brasil como um todo. No caso do Ceará, posso dizer que tivemos um 2016 terrível, 2017 teve o primeiro semestre ruim com reversão do quadro a partir do mês de julho. Tivemos um início de ano muito bom, com janeiro desempenhando bem, Carnaval, mas março novamente em queda. Atribuo a isso a incerteza, estamos em ano de eleições e mais do que nunca, o brasileiro não tem a menor ideia do que acontecerá. Mas temos de lutar pelo crescimento e ele há de acontecer”.
Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro
Restruturação – “Duas coisas muito importantes que precisam ser abordadas e que necessitam de uma solução urgente: uma é o Airbnb. Precisamos de uma equalização tributária, porque hoje a hotelaria tem cargas pesadíssimas de impostos e o Airbnb não tem. Outro são as OTA´s que sujeitam os hotéis a taxas que na maioria das vezes são superiores aos ganhos dos próprios donos do hotel”.
José Wahnon, diretor do Laguna Blue Hotel (Ceará)
Acreditamos – “Estamos posicionados bem na entrada da rota em desenvolvimento, a chamada Rota das Falésias. Ela sai de Fortaleza e vai até o Rio Grande do Norte, acompanhando todo o litoral leste. Com a entrada dos novos voos, a nossa expectativa é de crescimento, embora este ano ainda não tenhamos sentido a alavancada da economia. Além disso, maio é um mês complicado, entre o fim do Carnaval, da Páscoa, momento em que o consumidor se concentra na organização de contas. Mas acreditamos no crescimento”.
Érica Drumond, presidente da Vert Hotéis
Melhor Quadrimestre – “Acho que a hotelaria já reagiu, este foi o melhor quadrimestre dos últimos três anos. Obviamente tem alguns destinos que estão demorando mais que os outros. Mas se pegarmos destinos como Macaé e Campos, no Rio de Janeiro, que estavam afundados em caos e corrupção, vemos um crescimento de 6 pontos percentuais na sua ocupação com diária média já no caminho de crescer. A Petrobrás distribuiu lucros pela primeira vez desde 2014! Então essa retomada é uma demonstração sim de uma luz no final do túnel. Nós temos um ponto de fragilidade no segundo semestre que são as eleições com a insegurança de candidatos, mas após esse período, ninguém segurará o crescimento”.
Alexandre Sampaio, presidente da Federação de Hospedagem e Alimentação
Sem recuperação – “A subida do dólar e um ambiente, politicamente falando, muito instável, somado com a Copa do Mundo e a eleição me faz acreditar que teremos um ano sem recuperação econômica no segundo semestre. Claro que isso tem variáveis, a hotelaria em cidades de até 200 mil habitantes desempenha bem, mas acho que somente com um novo governo as coisas possam começar a melhorar”.
Fermi Torquato Fontes, diretor comercial do Happy Hotéis (ex-presidente da ABIH Nacional)
Distribuição – “Os indicadores econômicos indicam sempre que o segundo semestre é melhor, historicamente, porque paga-se as dívidas acumuladas do ano anterior, taxas anuais etc no primeiro semestre. O segundo semestre a economia sempre tem uma melhora porque pensa-se em investimentos. Só pelo fato de que 93% da hotelaria é constituída de hotéis independentes, sendo que 72% são hotéis de pequeno porte, verifico possibilidades de recuperação. Sob esse aspecto, a distribuição da massa econômica é mais pulverizada.
Antonio Lucena Júnior , diretor do Hotel Pedra Caída (Carolina, Maranhão)
Projetos inconclusos – “Se vermos a retomada por esse viés, com pessoas mais preocupadas com os cargos e mais interessadas no poder vai ser difícil. Precisamos colocar profissionais que tenham base acadêmica e empresarial para trabalhar no ramo. É impossível começar uma retomada sem continuidade, com tantos projetos inacabados.”
Eraldo Cruz, ex-presidente da ABIH Nacional
“Vamos retomar por motivos óbvios. A (operação) Lava-jato mudou a forma de se construir, fazer e pensar o país. Aqueles que estão acreditando na continuidade do trem da alegria vão perder. A economia retomando o seu eixo, a hotelaria vem a reboque”
*O jornalista Paulo Atzingen viajou a convite do Conotel