Lançado com a promessa de democratizar o acesso ao transporte aéreo no Brasil, o programa Voa Brasil teve uma adesão tímida em seu primeiro ano: apenas 1,5% dos três milhões de bilhetes disponibilizados foram vendidos — cerca de 45 mil reservas entre julho de 2024 e julho de 2025.
da REDAÇÃO
O programa oferece passagens por até R$ 200 para aposentados do INSS que não tenham voado nos últimos 12 meses. Apesar de não haver restrição de renda, o impacto foi modesto. A proposta é aproveitar assentos ociosos em voos com baixa ocupação e estimular o turismo doméstico com tarifas acessíveis.
São Paulo, Rio de Janeiro e Recife lideram o ranking de destinos mais procurados. No total, os beneficiários do Voa Brasil viajaram em 510 trechos diferentes, com destaque para rotas entre capitais do Sudeste e Nordeste.
Outros destinos populares incluem Fortaleza, Salvador, João Pessoa, Maceió, Belo Horizonte e Natal. Trechos curtos, como a ponte aérea Rio–São Paulo, e até longas distâncias como São Paulo–Fernando de Noronha, também foram contemplados.
Anunciado em 2023, o programa só foi lançado oficialmente em 2024, já sob a gestão do ministro Silvio Costa Filho. O Voa Brasil não representa custo para os cofres públicos: as passagens são resultado de um acordo entre governo e companhias aéreas para preencher assentos não vendidos.
Por que os aposentados brasileiros não têm usado o Voa Brasil?
1. Plataforma pouco amigável e exigência digital
A FecomercioSP destaca que boa parte dos potenciais beneficiários tem dificuldade com plataformas digitais. O programa exige conta gov.br nível Prata ou Ouro e familiaridade com ferramentas online, o que limita o acesso de idosos com menor educação tecnológica.
2. Falta de apoio do trade de turismo
O Voa Brasil não envolve agências de viagem, e muitos aposentados dependem desses intermediários para planejar e comprar viagens. A ausência de agentes limita a divulgação e compreensão do programa.
3. Oferta restrita e sazonal
As passagens por até R$ 200 são disponibilizadas apenas quando há assentos ociosos; não há garantia de quantidade ou frequência. O universo elegível (INSS + sem viagem no ano) é de cerca de 23 milhões, mas apenas 3 milhões de bilhetes foram previstos — ou seja, cerca de 13% da demanda.
4. Limitações geográficas e de rotas
As tarifas reduzidas concentram-se em rotas curtas ou em épocas de baixa demanda. Trechos longos e destinos menos populares raramente aparecem dentro do limite de preço.
5. Cancelamentos e acompanhamento de acompanhante pouco claros
Não está claro se acompanhantes podem comprar bilhetes via Voa Brasil. Para muitos aposentados, viajar acompanhado é essencial, o que pode desestimular o uso isolado pelo sistema.
Embora o programa ofereça passagens baratas para aposentados do INSS, diversos desafios técnicos, operacionais e estruturais estão travando sua adesão em massa: a complexidade da plataforma digital, ausência de apoio de agências, oferta limitada e escolhas restritas de rotas são entraves reais à popularização.