Enquanto Orlando de Souza (FOHB) e Cristiano Vasques (HotelInvest) apontaram os caminhos para o setor hoteleiro, Jurema Monteiro (Abear) e Ruy Amparo (Abear) iluminaram os rumos do setor aéreo
POR ZAQUEU RODRIGUES – colaboração para o DIÁRIO
Em uma edição especial que celebrou os 40 anos da Fundação 25 de Janeiro, o 6º Expo Fórum Visite São Paulo apresentou na terça-feira (5), no Hotel Sheraton São Paulo WTC, em São Paulo, um amplo panorama sobre o turismo.
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A programação combinou painéis, palestras, capacitação, lançamentos e uma exposição que inspirou uma viagem pela diversidade de atrativos e destinos turísticos da cidade de São Paulo e do interior do estado paulista.
O cenário da hotelaria foi revelado no painel Novos Desafios da Hotelaria, conduzido pelo diretor executivo do FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, Orlando de Souza, e pelo sócio-diretor da consultoria HotelInvest, Cristiano Vasques.
Fundamentado pela pesquisa Panorama da Hotelaria, realizada pela HotelInvest em parceria com o FOHB, Cristiano Vasques disse que o setor hoteleiro viu a diária média e a ocupação aumentarem em 2023. Nos primeiros meses disparou, depois se tornou estável em uma perspectiva positiva para os próximos meses.
Cristiano considerou que, em 2023, a hotelaria virou definitivamente a página da pandemia e adentrou em um novo momento. Ele avalia que a combinação de juros caindo com crescimento econômico resulta em um ambiente favorável para o mercado hoteleiro. “A perspectiva para 2024 é que a diária média cresça forte, em torno de 5%, e um crescimento pequeno no índice de ocupação”, projetou ele.
O especialista da HotelInvest mostrou que a diária média da cidade de São Paulo é um destaque do país, saindo da casa dos trezentos para alcançar quatrocentos reais. Nos primeiros nove meses deste ano, o RevPar aumentou 35% em comparação com o mesmo período de 2022. Na avaliação de Cristiano, são índices para se comemorar. Agora, o desafio é ampliar a oferta de novos hotéis.
Orlando de Souza, diretor executivo do FOHB, frisou que a estagnação na oferta de novos empreendimentos é ruim para a hotelaria e espelha os danos causados pela pandemia e retração de investimentos. Ele afirmou que os novos hotéis e a ampliação da oferta para os mais diversos segmentos hoteleiros possibilitam a renovação do setor, pois um inspira o outro. Foi o que aconteceu com a hotelaria na década de 1990, lembrou ele.
Orlando apontou que a taxa de juros brasileira dificulta o desenvolvimento da hotelaria. Ele observou que o setor vive uma expansão de segmentação, motivando redes hoteleiras a ampliarem o portfólio de marcas. Sobre os novos meios de hospedagem, como os Studios, ele chamou a atenção para o quanto as novas modalidades induzem novas demandas, principalmente das novas gerações.
Orlando apontou que a hotelaria é feita pela iniciativa privada e só funciona se você tiver um retorne que compense mais do que uma taxa de juros que temos no Brasil. “Essa é a equação que temos que pensar e é a perspectiva que se coloca para o desenvolvimento hoteleiro e para o turismo para ter uma infraestrutura para fundamentar o crescimento”.
Setor aéreo
A presidente da Abear – Associação Brasileira das Empresas Aéreas, Jurema Monteiro, e o diretor de Segurança e Operações de voo da Abear, Ruy Amparo, compartilharam um panorama dos desafios e oportunidades do setor aéreo brasileiro.
Jurema afirmou, em vídeo exibido no 6º Expo Fórum Visite São Paulo que as ações de promoção e incentivo de viagens aéreas são fundamentais. “Realizamos ações com a grande mídia, com participação em eventos, realização de viagem com influenciadores digitais que espalharam os destinos turísticos de todo o país, principalmente de São Paulo”.
“Encerramos o ano celebrando essa parceria com votos de que a gente continue juntos no ano que vem”, sublinhou a presidente da Abear ao falar sobre o trabalho desenvolvido em parceria com o São Paulo Convention & Visitors bureau. Ruy Amparo, por sua vez, ressaltou que a parceria da Abear e SPCVB é sólida e importante para o turismo brasileiro.
O diretor de Segurança e Operações de voo da Abear afirmou que 2023 foi um ano de recomposição do setor. “Quando lemos o balanço aéreo hoje, temos prejuízo. A boa notícia é que temos uma defasagem entre oferta e demanda. Estamos buscando recompor a frota e esse equilíbrio que é necessário, inclusive, para as tarifas chegarem ao lugar adequado”, disse Ruy.
O executivo apontou que, pela primeira vez, a demanda para março não está caindo. “A boa notícia é que o Brasil está se recompondo. A má notícia é que a disputa por frotas no mundo é muito complicada. Os fabricantes não aviões para entregar, revisão de componente, de aeronaves. Aos poucos vai se acertando. Quem trabalha com a aviação tem que ter resiliência. A nossa visão é otimista. O mais importante é que tudo fique estável”.
Ruy observou que a mão de obra qualificada também é um desafio enfrentado pelas companhias aéreas. “Tivemos um enxugamento de profissionais altamente especializados. Muitos jovens foram desestimulados a fazer o treinamento de pilotos. Temos uma falta de piloto no mercado geral que está nos custando um pouco”, finalizou ele, lembrando que há uma expansão de voos de pequenos portes no país.