Kelly Oliveira construiu sua trajetória profissional com disciplina, coragem e visão para além dos muros. De uma infância marcada por responsabilidades precoces à liderança no Visite São Paulo Convention Bureau, ela percorreu empresas de destaque e formou-se na prática e na teoria, aliando experiência e formação com raro equilíbrio. Confira aqui, com exclusividade, a linha de vida, garra e trabalho desta executiva exemplar:
Você poderia compartilhar um pouco da sua trajetória profissional até chegar à Diretoria Administrativa e Financeira do Visite São Paulo Convention Bureau?
Comecei aos 11 anos, trabalhando em uma fábrica de cola. Eu era a menor entre meus irmãos e perdemos nosso pai cedo, então, todos trabalhavam para ajudar em casa. Pode-se dizer que minha atuação com administração começou também na infância, na qual eu gerenciava os recursos que conseguia, o que precisava ajudar e o que podia investir em mim. Minha mãe já me ensinava que, se eu desejasse algo, teria que trabalhar para conseguir. Assim, minha primeira aquisição com o valor de um ano de trabalho nessa fábrica foi o videogame Atari.
Fiquei lá por um ano. Dos 12 aos 13, fiz um curso de datilografia e iniciei um curso de menor aprendiz na Asam Camp por seis meses. Foi a porta de entrada para começar a ter uma atuação mais administrativa nas empresas. Então, já aos 13, entrei na empresa Quantum Internacional Vendas e Promoções Ltda, uma distribuidora da Johson&Johson, onde tive a oportunidade e reconhecimento para ser efetivada. Foi o meu primeiro registro profissional. Fiquei por cinco anos, como auxiliar administrativo, financeiro e de faturamento.
Foi na Quantum que entendi o papel do mentor. Lá foram vários. Havia a Nilza e o Iran, que cuidavam da logística. Brincavam: “Vão abrir uma creche”, ao se dar conta da minha juventude. Tinha o Seu Pedro e a Marta, administradores, com os quais tinha afinidade. Desde esse momento, me sentia à vontade e com confiança de estar próximo aos tomadores de decisão.
Minha mãe me falava: “Kelly, eu não tenho condições de te pagar uma faculdade”; o que eu sonhava em contrapartida: “Mãe, quero ser aeromoça”. À época, com meio salário-mínimo, não havia como arcar com uma faculdade. “Vamos juntar todo seu salário e tentar fazer a matrícula. Não precisa mais me ajudar em casa”, me falou.
E foi o que eu fiz: me inscrevi no curso na escola EACON – Escola de Aviação Congonhas e, por cinco meses, passei por tudo, incluindo a sobrevivência na selva. Assim, fui chamada para trabalhar na Vasp. O turismo já me rodeava.
Minha mãe reforçava que apenas com estudos conseguiria conquistar os objetivos na vida.
A Accor também me convidou para trabalhar na rede Hotel Parthenon (Morumbi Business), que foi a minha escolha, na qual entrei como Auxiliar Administrativo e sai como Coordenadora de Administração. Foi um período de 5 anos.
Em paralelo, para complementar renda, administrava uma academia de bairro, a mesma que eu treinava. Coisas inexplicáveis da vida, foi lá que conheci um diretor da Unisa – Universidade Santo Amaro, que, ao entender todo o trabalho administrativo que eu fazia, me fez um convite para ser analista financeira na Universidade.
Na época já estava matriculada em um curso de Ciências Contábeis, com vinte e poucos anos, e fui convidada para trabalhar na Rede Chambertin, atual rede Louvre Hotels.
Escolhi a Unisa. Junto ao trabalho, dei um salto acadêmico, transferindo minha graduação ciências contábeis e fazendo o MBA em Controladoria e Finanças com bolsa 100%.
Lá, fiquei por dez anos e passei por todas as áreas, de financeiro a controladoria. Seguindo minha natureza dos tomadores de decisão, era muito próxima da reitora. Eu era responsável por todo fluxo de caixa. Lá nasceu também minha interação com dados.
Inovação e integração com outras áreas também apareceram desde sempre, já que a Unisa era uma das primeiras instituições de ensino que estavam implementando o EAD no Brasil de maneira vanguardista.
Entretanto, chega um momento em que o caminho do crescimento e aprendizagem se limitava. Diversos fatos se sucederam, como a venda da Universidade e propostas de trabalho, como uma feita pela FEMSA Coca-Cola.
Em dois anos, muita coisa mudou, e a vontade de respirar novos áreas surgiu. E nem tão novos, na verdade, já que o desejo era de voltar ao turismo. Em uma indicação, surgiu a oportunidade para uma vaga na Fundação 25 de Janeiro – Visite São Paulo Convention Bureau.
Isso já faz 12 anos. Ainda não conhecia o Toni Sando, hoje, Presidente Executivo da entidade. Mais uma figura de mentor na minha vida, com seu jeito tão único de gerir pessoas, processos e resultados, com equilíbrio entre liberdade, cobrança e confiança.
Confesso que não foi fácil. Pois o leque de atuação se abriu muito. De lidar com uma auditoria externa, onde precisava entender todo o histórico e com os dados existentes, até a gerência espacial do escritório, cuidando da zeladoria.
Hoje, a área trabalha de forma integrada com os demais departamentos, cuidando das contas a pagar e receber, zeladoria, recursos humanos, auditoria, gestão corporativa, contratos, além de dar suporte à frente de informação e pesquisa.