A coletiva de imprensa anual da rede Accor, realizada na manhã desta terça-feira (25), se estendeu até o início da tarde, tamanha a quantidade de informações e números que os líderes da empresa na América tinham para compartilhar. Cerca de 20 jornalistas – entre repórteres, fotógrafos, editores e assessores de imprensa – acompanharam o evento, no qual todo o time de liderança da Accor esteve presente.
Por Paulo Atzingen* – de São Paulo
Thomas Dubaere, CEO Accor Américas PM&E, iniciou sua apresentação contextualizando o posicionamento da rede no cenário global. Segundo ele, a indústria hoteleira está inserida em um ambiente contrastante, influenciado diretamente por três pilares fundamentais: a geopolítica, a consciência ecológica e a tecnologia. Dubaere destacou que o mundo está fragmentado e incerto, e que ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, embora muitos tenham suas projeções. Citou a guerra ainda em curso e as políticas futuras de Donald Trump nos Estados Unidos como fatores que podem impactar diversos setores, incluindo o hoteleiro, nas Américas e em outros mercados.
Tendências positivas
Apesar desse cenário, Dubaere demonstrou otimismo e apresentou tendências positivas que impulsionam o turismo, como o crescimento do chamado Gig Tripping, uma evolução do bleisure que combina trabalho e lazer de maneira cada vez mais integrada. Segundo ele, pesquisas recentes indicam que 75% dos viajantes consideram as viagens de lazer uma prioridade anual, o que reforça a importância desse segmento para a indústria hoteleira.
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Resultados financeiros e crescimento da Accor
Os resultados apresentados pela Accor mostraram um desempenho positivo ao longo de 2024. A receita global da rede alcançou 5,606 bilhões de euros, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. O RevPAR, métrica fundamental para o setor, teve alta de 5,7%, enquanto o EBITDA chegou a 1,120 bilhão de euros, registrando um aumento de 12% na comparação com 2023.
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Recorte Américas Accor
No recorte das Américas, Abel Castro, CDO Accor Américas PM&E, destacou que a rede assinou 28 novos contratos em 2024, sendo 19 no Brasil, com 14 desses projetos em novos destinos, além de nove na América do Norte e Hispânica. O movimento representa mais de 3 mil novos apartamentos distribuídos entre Brasil, Estados Unidos, México, Colômbia, Argentina, Chile e Peru.
Um dos destaques da coletiva foi a chegada da Accor à República Dominicana, um mercado historicamente dominado por redes americanas, onde a empresa planeja inaugurar três novos hotéis ibis – o ibis Higüey, o ibis La Romana e o ibis Punta Cana –, todos com abertura prevista para 2027.
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Não é a maior mas…
A coletiva também contou com a participação de outros executivos da Accor, como André Sena, CCO PM&E Américas; Antonietta Varlese, SVP de Comunicação e Sustentabilidade Accor Américas; Fernando Viriato, SVP de Talentos e Cultura Américas; Mauro Rial, COO Américas; e Olivier Hick, COO Accor Brasil PM&E.
Embora a Accor não seja a maior rede hoteleira do mundo em número de quartos – atualmente são 850 mil – ou em quantidade de hotéis – 5.682 –, a empresa se destaca pelo modelo de gestão e pela maneira como trabalha suas competências, indo além do tradicional conceito de hospedagem baseado apenas em quarto, cama, chuveiro e café da manhã.
Diversidade, inclusão e impacto social
O DIÁRIO DO TURISMO questionou Fernando Viriato sobre como a Accor equilibra crescimento e lucratividade com seus projetos sociais. A rede tem forte atuação em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão, promovendo ações que impactam comunidades em situação de vulnerabilidade. Segundo Viriato, a Accor estruturou uma abordagem que visa criar oportunidades e estimular a mobilidade social, tanto para colaboradores internos quanto para talentos externos que, de outra forma, não teriam acesso ao setor.
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Adaptação às realidades
A diversidade, segundo ele, fortalece a Accor. Além de ser um valor essencial para a empresa, é também um fator que impulsiona a inovação e a conexão com diferentes públicos. A rede busca adaptar suas iniciativas às realidades de cada país em que atua, promovendo inclusão racial no Brasil, Estados Unidos e Colômbia, enquanto nos países andinos foca na inserção de populações autóctones e indígenas no mercado de trabalho.
No Brasil, a Accor ofereceu em 2024 cursos gratuitos de curta duração em hospitalidade para 105 imigrantes e refugiados. Entre 2023 e 2024, a empresa já realizou mais de 200 contratações nesse perfil, com destaque para venezuelanos, angolanos e haitianos. Para Viriato, os hóspedes e colaboradores esperam cada vez mais que empresas não apenas falem sobre valores, mas os traduzam em ações concretas e mensuráveis, o que reforça a responsabilidade da Accor em seguir expandindo suas práticas inclusivas.
*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO