Com 40 mil opções de acomodação, Paris se tornou a cidade com o maior número de ofertas no AirBNB, site que oferece aluguel de apartamento entre particulares. A notícia vem acompanhada de um outro dado que preocupa os parisienses: cerca de 25 mil imóveis da capital foram transformados ilegalmente em acomodação para turistas, tornando ainda mais escassas as opções de moradia a preço acessível para os locais.
Paris ultrapassou Nova York (30 mil) e Londres (25 mil) na quantidade de anúncios no AirBNB, mesmo tendo uma área cerca de 15 vezes menor. A exemplo do que já ocorreu em Nova York, a indústria hoteleira parisiense questiona a legalidade do serviço, que oferece acomodações que não precisam pagar todos os encargos exigidos dos hotéis. A acusação é de concorrência desleal.
O diretor do AirBNB fará uma visita à prefeitura de Paris para discutir os detalhes de uma taxa de estadia que o governo francês exige dos proprietários. Em tese, o AirBNB deveria repassar o valor deste imposto para ao governo francês, mas, na prática, poucos proprietários estão cobrando a taxa de seus inquilinos.
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Caro demais para os locais
O problema dos parisienses com o AirBNB, no entanto, vai além dos impostos. A cidade já sofre há anos com a escassez de moradias para os parisienses, que hoje já não podem mais alugar apartamentos dentro da cidade a preços compatíveis com o salário mínimo, de cerca de € 1,4 mil, ou com a renda média francesa, de € 1,7 mil.
Como o aluguel por semana ou temporada para turistas é muito mais lucrativo do que o mensal para locais, muitos proprietários convertem seus imóveis em acomodação para viajantes.
O jornal Libération diz que o serviço do AirBnb é um sucesso, mas que ameaça o equilíbrio urbano de Paris, uma cidade cada vez menos acessível a seus cidadãos. O jornal dá como exemplo o tradicional bairro do Marais, no centro histórico da cidade, cujos imóveis estão sendo tomados apenas por turistas. (RFI)