Ângelo Sanches, presidente da Anseditur: “Somos uma nação do turismo!”

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POR ZAQUEU RODRIGUES

Em 2017, Ângelo Sanches assumiu as funções de secretário municipal de Turismo de Canela (RS), presidente do Conselho de secretários e dirigentes de Turismo do Rio Grande do Sul e, em março de 2021, foi eleito presidente da Anseditur (Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes de Turismo).
Nesta entrevista ao jornal Diário do Turismo, Ângelo Sanches fala sobre a atuação da Associação junto aos municípios e ao governo federal, defende maior capacitação e promoção dos destinos municipais e destaca as prioridades da gestão para a retomada do setor e desenvolvimento do turismo regional.
Para o presidente da Anseditur, cooperativismo e a capacitação são essenciais para o desenvolvimento do turismo brasileiro. “A prioridade agora é a capacitação dos destinos. Os destinos têm que estar capacitados cada vez mais para entender importância de saber receber, hospedar, entreter, alimentar e se despedir”.
O que fundamentou a criação da Anseditur?
Ângelo Sanches: A Anseditur foi criada por um grupo de secretários com o apoio do Ministério do Turismo, da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) e do TCU (Tribunal de Contas da União) para fomentar e interceder pelos secretários e dirigentes de turismo do Brasil. Se sentia a necessidade de ter uma associação a nível nacional que pudesse ajudar nas decisões das políticas públicas do turismo no Brasil e intercedesse no trade turístico – que são os empresários, as associações – junto ao governo federal, e ao mesmo que a gente pudesse ter voz dentro do governo federal, porque é na cidade que acontece o turismo.
Só nós sabemos as necessidades exatamente que um município precisa para que ele possa evoluir. Então foi criada essa associação. Ela tem uma cadeira dentro do Conselho Nacional de Turismo do país, que decide nos orçamentos, nas políticas públicas do turismo. Hoje ela tem influência dentro da Câmara dos Deputados Federais, do Senado. Ela tem influência e participação dentro da Embratur e influência e participação dentro da Organização Mundial do Turismo, que reconhece essa associação como representante nacional dos secretários municipais e dirigentes do turismo.
Qual é o objetivo como presidente?
Ângelo Sanches: A Anseditur ganhou mais forças nos últimos anos, principalmente agora, quando eu assumi, em 2021. Eu criei mais laços junto à nova diretora, ao novo conselho e aos novos associados. Fortalecemos as nossas pontes com o Ministério do Turismo, com a Embratur e com o TCU, principalmente, mas também fomos em busca de ser mais participantes, ouvintes e, ao mesmo tempo, se fazer presente dentro das outras associações nacionais do trade.
A gente está fazendo com que a Anseditur realmente se torne uma associação que possa resolver os problemas dos municípios. Tem muitos municípios no Brasil que ainda não tem nem uma secretaria de turismo ou nenhuma pasta, mas que tem potenciais.

“A gente está em contato direto com o governo federal, com a Embratur, com a Organização Mundial do Turismo (OMT) para trabalhar os municípios para que eles entendam a importância neste momento de todos nós estarmos juntos”, ressalta Ângelo Sanches

Qual a área de atuação da Anseditur?
Ângelo Sanches: A gente trabalha no mapeamento do turismo, ajuda na capacitação, na interlocução, na promoção, na questão das emendas parlamentares, ajuda os secretários a buscar junto aos seus deputados federais e ao governo federal financiamentos para projetos turísticos. E o principal: a gente está fazendo hoje essa movimentação para que, cada vez mais, o Brasil desperte para a importância de investir nessa indústria chamada turismo. Esse é o nosso papel, de estar mostrando a importância dos municípios dentro do governo federal. Agora, também, em parceria com a Embratur, de promover os municípios brasileiros fora do país. Estamos indo para Dubai agora, junto com a comitiva do Brasil, junto com o presidente da República, com o Ministério do Turismo, com a Embratur e com empresários.
Quais são as prioridades da sua gestão?
Ângelo Sanches: Primeiro: ajudar na capacitação brasileira em relação aos secretários e dirigentes. Vamos levar até eles o que é necessário para eles deslancharem, tanto na gestão como na promoção. Segundo: vamos conectar cada vez mais os secretário e dirigentes ao governo federal, porque é onde acontece tudo. Terceiro: fortalecer, junto com os secretários de turismo dos estados, a congruência junto ao governo do seu estado e ao secretário estadual de turismo. Hoje tem muitos secretários de turismo de estado que não conhecem os municípios e os secretários municipais. Quarto: fazer com que a associação faça parte, e está fazendo, dessa retomada do turismo, mas uma retomada sustentável e segura.
A Anseditur mira a integração dos setores público e privado?
Ângelo Sanches: A gente está em contato direto com o governo federal, com a Embratur, com a Organização Mundial do Turismo (OMT) para trabalhar os municípios para que eles entendam a importância neste momento de todos nós estarmos juntos, tanto que daí surgiu a campanha O Brasileiro Precisa Conhecer Melhor o Brasil, e o Brasil o Brasileiro. Já que as fronteiras estão fechadas, agora é o momento de transformar o Brasil na bola da vez. Somos um país que tem hospitalidade, somos celeiro de belezas naturais, temos cultura vasta, gastronomia fantástica e entretenimento. Somos uma nação do turismo.
Temos tudo. Só precisamos trabalhar melhor, falar melhor. Eu estou despertando isso para que os estados se unam, os municípios se unam, e os destinos se unam e a gente pare de brigar internamente. Pelo contrário, vamos fortalecer a união do turismo no Brasil, fortalecer a nossa promoção para que o mundo todo entenda isso.
Na pandemia, entidades representativas começaram a trabalhar de modo unificado. Como você avalia essa aproximação?
Ângelo Sanches: Eu vejo um momento agora de cooperativismo. Cada um tem que fazer a sua parte: sociedades empresarial, civil e pública. A região de Canela (RS) só é case porque aprendemos a trabalhar a tríplice hélice: a comunidade, a iniciativa privada e o governo federal. Isso, através dos secretários e dirigentes de turismo, porque somos nós que sofremos na ponta o bônus e o ônus.
O Covid-19 nos ensinou que temos que nos reinventar todos os dias, temos que nos capacitar, abrir a mente para esse novo momento e, principalmente, valorizar muito mais as nossas identidades, que é o que o mundo quer hoje.
Qual é o papel do Fórum Anseditur?
Ângelo Sanches: O primeiro Fórum aconteceu este ano em Brasília com o tema Retomada do Turismo. Foi a primeira vez que muitos secretários e dirigentes de turismo do Brasil se reuniram em Brasília para fazer o primeiro Fórum, que eu criei logo depois que eu assumi [a Anseditur] para mostrar ao governo federal a importância dessa associação, para mostrar que a Anseditur chegou para mexer a poeira.
Como foi pensado este segundo Fórum?
Ângelo Sanches: Este segundo Fórum é itinerante, pegando Recife, Fortaleza, Natal, Maceió e convidando todo o Nordeste a interagir por meio do turismo criativo. Já que Recife é referência em turismo criativo, vamos passar esse case para todo o Brasil para sabermos também como podemos nos transformar em destinos criativos, com um turismo inteligente, um turismo sustentável. O fórum nos mostrou os caminhos e tendências dessa retomada sustentável através do turismo criativo. O terceiro Fórum será no início de 2022 com outro estado a ser escolhido, com outro tema, para beneficiar cada vez mais o turismo. Cada Fórum terá um tema.
Qual o papel dos secretários e dirigentes na retomada?
Ângelo Sanches: A prioridade agora é a capacitação dos destinos. Os destinos têm que estar capacitados cada vez mais para entender importância de saber receber, hospedar, entreter, alimentar e se despedir. Tem que saber isso na íntegra. Os destinos têm que estar totalmente preparados e legalizados junto ao governo federal e ao trade nacional e internacional para começar uma campanha a nível nacional de reconhecimento das identidades brasileiras, de fortalecimento de nossas culturas. É isso que vai ser o diferencial, fazer com que o brasileiro explore mais o Brasil, compartilhe mais o Brasil. Nós mandamos mais de 18 milhões de turistas para fora e só recebemos 6 milhões há anos. Temos um potencial muito grande de fazer com que esse turismo doméstico seja um turismo muito mais pujante, um turismo muito mais econômico, muito mais forte para que a gente possa receber muito mais turistas nos próximos anos. No turismo, não existe destino melhor do que o outro. Todos têm importância. No turismo não existe concorrência de identidade, todo destino possui a sua.
Quando e onde será o 3º Fórum da Anseditur?
Ângelo Sanches: O 3º Fórum da Anseditur será realizados nos dias 21, 22 e 23 de março de 2022 na cidade de Canela (RS).

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