A obra reúne não apenas poemas de Ariano Suassuna, romancista, ensaísta e poeta paraibano (pernambucano de coração) falecido em 23 de julho de 2014, mas também do poeta alagoano Ângelo Monteiro
EDIÇÃO DIÁRIO com agências
No próximo domingo (23), a cidade de Caruaru receberá a penúltima edição do projeto Um Réquiem Nordestino. A obra, idealizada por Luiz Kléber Queiroz e Flávio Medeiros, professores do Departamento de Música da UFPE, e com música de Dierson Torres, já passou por Paudalho, Nazaré da Mata, Arcoverde e Recife.
A obra reúne não apenas poemas do dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta paraibano (pernambucano de coração) falecido em 23 de julho de 2014, mas também do poeta alagoano Ângelo Monteiro e do Livro do Apocalipse. Todos os textos musicados pelo compositor, regente e professor da UFPE, Dierson Torres. A orquestra de 25 instrumentistas se juntará ao Contracantos, grupo vocal pernambucano criado em 2002 por Flávio Medeiros, além dos cantores que se revezarão nos solos de soprano, tenor e barítono: Virgínia Cavalcanti e Tarcyla Perboire (sopranos), Jadiel Gomes e Eudes Naziazeno (tenores) e Luiz Kleber Queiroz e Anderson Rodrigues (barítonos). Ao todo são 50 músicos – professores, alunos e ex-alunos do departamento de Música da UFPE e convidados.
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“Este projeto surgiu da ideia de conectar o universo da cultura popular à música erudita, assim como músicos como Clóvis Pereira e Guerra-Peixe fizeram em parte de suas obras”, comenta Luiz Kleber Queiroz. Ele conta que, para isso, propuseram a Dierson Torres a composição de um Réquiem com características armoriais, baseado em textos do próprio Suassuna. Os textos foram selecionados e ordenados por Flávio Medeiros e pelo próprio Luiz Kleber e ilustram a vida de Ariano desde que saiu do Sertão paraibano até seus tempos em Recife e sua concepção de morte (“… Sou contra a morte e nunca hei de morrer”).
O réquiem
O réquiem é comumente identificado como uma obra musical composta em homenagem aos mortos, cujo texto toma como base o Ofício dos Mortos, em latim, da Igreja Católica Romana. Registram-se em toda a História da Música Ocidental diversas composições dessa natureza que, na música erudita, são reconhecidas mundialmente como obras primas. O compositor Johannes Brahms (1833-1897) inovou a forma de estruturação do réquiem ao utilizar o idioma nativo e um texto livre retirado das Escrituras Sagradas. Essa composição, escrita após a morte de sua mãe, foi considerada por alguns estudiosos como uma obra-prima da literatura musical alemã.
Motivado pela liberdade composicional de Brahms em seu Réquiem Alemão, Um Réquiem Nordestino inova em sua concepção por não apresentar textos das Escrituras Sagradas, e sim sonetos extraídos dos escritos do próprio homenageado, relativos à sua concepção de vida e morte, a partir de sua visão da cultura nordestina.
Para facilitar o acesso a pessoas com deficiência, o projeto contará com um intérprete de Libras (linguagem brasileira de sinais) que “traduzirão” do texto falado e cantado para o público específico. Haverá também programas em Braile.