por Bayard Boiteux*
Neste 7 de Setembro, eu me emocionei. A abertura das Paralimpíadas no Maracanã deixou o mundo comovido, tenho certeza, pela beleza da cerimônia, mas também pela alegria das 161 delegações que desfilaram, algumas com apenas um atleta e outras com contingentes grandes como o Japão, a Ucrânia, o Irã, os EUA, a Alemanha e o Brasil.
Foi de uma beleza ímpar e que contagiou nossos corações – muitas vezes desesperançosos – a dança da americana Amy Purdy, que dançou e sambou sobre próteses com um robô industrial, mostrando ao mundo que tudo é possível com vontade e determinação. Foram momentos de tensão emocional e riqueza espiritual a chegada da bandeira do evento com os pais unidos aos filhos deficientes com botas adaptadas para o futebol – projeto pioneiro desenvolvido no Brasil. Chamou também a minha atenção, entre os voluntários que faziam o grande show, a presença de portadores de necessidades especiais. Por outro lado, na passagem da chama, o tombo da veterana atleta Marcia Malsar, que se levantou e prosseguiu sua caminhada na chuva… O mundo nunca esquecerá o misto de música popular e clássica, o grande maestro tocando o Hino nacional, apesar de suas limitações.
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Hoje, dia 8, o evento começa de fato. São mais de 4200 atletas representando 160 países e uma delegação de refugiados que mostrarão ao mundo, de uma vez por todas, que são ATLETAS e que assim devem ser vistos. A felicidade estampada em seus rostos na abertura nos leva para um posicionamento ideológico de que deficiências físicas não impedem uma sobrevivência real e feliz, se as políticas governamentais acompanharem com recursos e ações a visão da Diversidade que o mundo tanto precisa para continuar sua caminhada…
Vamos tentar fazer com que o mundo perceba que as diferenças também fazem parte do tônus muscular da comoção, não no sentido de pena, mas de alegria de ver triunfar e se deixar contagiado pela superação dos atletas e da humanidade
Vamos tentar fazer com que o mundo perceba que as diferenças também fazem parte do tônus muscular da comoção, não no sentido de pena, mas de alegria de ver triunfar e se deixar contagiado pela superação dos atletas e da humanidade. E um exercício de democracia e de apelo para melhoria das condições de acessibilidade nas áreas e transportes públicos, como também nos equipamentos Turísticos. No quesito acessibilidade, o Rio Precisa avançar muito ainda e fazer com que a população encare o desafio de ser porta voz diariamente de uma cidade para todos.
A recente pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas e Estudos do Turismo do RJ – órgão da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ, com 1500 cariocas para avaliar o impacto das Paralimpíadas na população anfitriã – revela que 70% dos entrevistados não conhece nenhum atleta paralímpico e que 65% não irão assistir nenhuma competição, embora os preços dos ingressos sejam muito mais acessíveis. Ainda, a pesquisa revela que 45% só tomaram conhecimento do evento nos últimos 20 dias… Tais dados servem para que os governos busquem introduzir o conceito em seus cidadãos.
Mais uma vez, vou torcer pela eficácia do evento e confessar que o Embaixador do Rio, Carlos Nuzmann, presidente do COI, falou muito bem ontem, assim como o presidente do comitê paralímpico, que destacaram nossa característica indireta de buscar soluções para o impossível.
Passamos por um momento difícil. Com o impeachment, que embora tenha seguido o rito constitucional, é contestado por parte da população, visto as vaias recebidas pelo Presidente Michel Temer. Um momento em que a economia deve ser revigorada e o turismo melhor aproveitado. Se o atual presidente quer mudar o país, o Turismo é o melhor caminho a ser seguido, tirando burocratas e políticos nas funções executivas (o que infelizmente fez) e conclamando o Ministério do turismo e Embratur a saírem do papel para a prática….
Passamos por um momento difícil. Com o impeachment, que embora tenha seguido o rito constitucional, é contestado por parte da população, visto as vaias recebidas pelo Presidente Michel Temer
Meu rio, que sofreu tanto para sediar os eventos, merece um descanso em sua mobilidade e novos desafios para o esporte, para as áreas de lazer, a sinalização turística e a certeza de que uma cidade só é boa para os que nos visitam se conseguir atender ao morador local em suas necessidades básicas…
Rio, eu te amo de verdade, mas torço para que as administrações que nos governam cuidem de nossa cidade com carinho e esperança….
*Bayard Boiteux é professor, palestrante e escritor