A retomada do segmento de eventos presenciais já ensaia seus passos. Inclusive, no dia 28 de julho, foi noticiado pela Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, a liberação para realização de Feiras, Congressos, Convenções e afins no estado paulista, que acontecerá a partir do dia 17 de agosto de 2021 seguindo os protocolos de biossegurança orientados para tal propósito.
Por Andréa Nakane (com EDIÇÃO DO DIÁRIO)
O trabalho será árduo para recompor a estrutura de um dos segmentos mais importantes para toda a cadeia turística, e a mesma irá contar com um novo panorama, já que os eventos on line e os híbridos não foram modalidades paliativas, e vieram para ficar.
Veja também as mais lidas do DT
Em recente pesquisa de opinião intitulada “O Segmento de Eventos frente a Pandemia de SARS-COV-2 (covid19)/ – fatos & expectativas”, coletada entre profissionais do setor, foi inclusive percebido isso.
Os eventos digitais não irão recuar, mas demandarão cada vez mais expertises em suas operações, e mais uma vez, aqueles que persistirem no investimento em sua capacitação, terão mais chances de trabalho, não de emprego, pois no segmento de eventos, já existia uma forte adequação a essa nova realidade laboral.
E para nos ajudar a refletir sobre esse novo contexto e desafio que está sendo vislumbrado na área dos eventos, com um compartilhamento de espaço com o online e o híbrido, pós retomada dos presenciais, conversamos com o Anderson Ramos, CEO e Fundador da Flipside, uma empresa considerada como a maior produtora e líder na América Latina na realização de eventos de segurança da informação e hacking.
Com 13 anos de história e detentora dos principais eventos e produtos de mídia especializados na área de segurança da informação, hacking e tecnologia, a Flipside, já levou seus eventos para diversas cidades do país como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza. Segmentados e altamente qualificados tem em seu portfólio, eventos como o Mind The Sec – que reúne líderes da área de SI das principais empresas do Brasil e o Roadsec – que atrai o público jovem de formação técnica em tecnologia e alcança milhares de pessoas em intercâmbios de conhecimentos.
Andréa Nakane: A migração dos eventos presenciais para os eventos online de imediato pegou a maioria das empresas de surpresa… como foi a sua experiência nessa transição?
Anderson Ramos: “Sem dúvida foi uma surpresa, por mais que o DNA do profissional de eventos seja justamente estar preparado para qualquer coisa. No nosso caso já tínhamos experiência com eventos híbridos e nossos eventos eram para público técnico, então a transição foi relativamente suave. Mas vejo que rapidamente a maioria da indústria se adaptou, muito embora pra certos tipos de formato o presencial é insubstituível.”
Andréa Nakane: Após 14 meses, os eventos online já estão em um outro patamar de organização e desenvolvimento, demonstrando que não são passageiros. Qual a sua visão sobre essa afirmação?
Anderson Ramos: “Concordo totalmente e acredito que muita coisa ainda surgirá, especialmente tecnologias que começaram a ser desenvolvidas, ou foram aceleradas, pela pandemia. Nós estamos estudando por exemplo Realidade Virtual / Aumentada desde os primórdios. E mesmo para eventos presenciais vai ser impensável não ter uma dimensão online, mas garantir uma experiência transparente e equiparada de benefícios e funcionalidades tanto para quem está presente como para quem está remoto segue sendo um desafio.”
Andréa Nakane: Que dicas você poderia oferecer para quem ainda não está seguro para investir nos eventos online?
Anderson Ramos: “Acredito que é um produto diferente e obviamente há muito hype e visões distorcidas em torno do tema, além de confusão sobre formatos. Muita gente já professou o fim dos jornais, das revistas, da televisão, e embora existam obviamente desafios e muita consolidação, são coisas diferentes, da mesma forma que uma publicidade na TV aberta é diferente da TV fechada, ou que um anúncio visto por um assinante de revista é mais qualificado que um visto pela audiência de um YouTuber.
É importante entender como as audiências dos eventos lidam com essas mudanças e usar a ferramenta certa para o objetivo certo, sempre criando sinergias entre elas.”
Andréa Nakane: Os eventos híbridos serão uma nova realidade para um futuro breve?
Anderson Ramos: “Acredito que sim, e de certa forma já são faz um tempo, né? Eu adoro festivais de música, nem sempre a agenda me permite ir em todos, mas nestes casos sempre acompanhei pela televisão ao vivo. Eu acho inclusive que ter uma dimensão online ajuda a turbinar a audiência dos eventos presenciais, que se tornarão experiências ainda mais diferenciadas, caras e qualificadas que a dimensão online, que se transformou numa espécie de boca de funil para o presencial, ou que dependendo do formato e dos objetivos dos participantes, pode entregar benefícios simples numa escala infinitamente maior. É muito bom poder continuar aceitando inscrições no virtual porque nunca acaba o espaço da sala. E acho também que tanto a entrada em vigor da LGPD, bem como o congestionamento de informações, lives, etc., causados pela pandemia, aumentou a barreira de entrada para os novatos.
Qualquer um pode fazer uma live e ganhar audiência? Sem dúvida, mas qualificação requer credibilidade, e isso anos de olho no olho fornecidos por eventos presenciais seguirão sendo um diferencial e um ativo de marca importante para separar o joio do trigo. No final das contas a geração de valor é a mesma, alcançar o status de que todo mundo vai no seu evento, porque todo mundo vai no seu evento. Garantido esse status, é importante estar antenado aos novos desenvolvimentos para manter a liderança.”
*Andréa Nakane é profissional da área de Eventos e Hospitalidade há cerca de 28 anos. Explora com sutilezas acadêmicas e humanas os detalhes que fazem a diferença mercadológica entre simplesmente ser algo mecânico e opta por peculiaridades que vão muito além da razão, pois envolve emoções. É diretora da empresa de eventos Mestres da Hospitalidade. Escreve para o DIÁRIO desde 2010.