Cinquentinha e sete

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TEXTO E FOTO: PAULO ATZINGEN


 

Comemorar aniversário
no último mês do ano
seja qual for a maré
ou as fases da lua
é chegar a uma festa
muito maior que a sua

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Vejam essas coincidências
irrefutáveis:
no dia em que nasci
o sol fica mais tempo no céu
e olhando pro alto
incontáveis
nuvens e o ar
formam
em precipício
a imensidão.
Nasci
vejam bem
isso:
no
solstício
de verão

É uma matemática
celeste
de esferas
que refletem
simultaneamente
nos trópicos
de Capricórnio
e de Câncer
mas quem
nasce dia 21
seja em qualquer horário
é sagitário.

Nesse dia mais
longo
do ano
as sementes são plantadas
no hemisfério sul
com mais fé
existe uma esperança
no coração
do agricultor
que vê o céu azul
e espera sua colheita
pois as chuvas
maiores
molham a estação
como um gesto
de amor.

E para não passar em branco
essa data natalícia
sem que eu fosse notado
uma conspiração cósmica
com uma precisão
cirúrgica
acertou em cheio
antecipando meu parto
para quatro dias antes
à chegada do Menino
dividindo a História
ao meio.

Esse 21 de dezembro
vem montado em promessas
que tardam mas não falham
na minha prateleira de esperas:
que eu perca peso e
diminua o açúcar
da minha corrente sanguínia
essas coisas da vida
cinquentenária.
Agora mais do que nunca maduro
só o que eu peço, na solidão
do poema
é uma oração mais plena
e um coração mais puro.

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