A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus afetou fortemente o otimismo dos empresários do comércio em abril. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 5,3% neste mês, em comparação com março.
EDIÇÃO DO DIÁRIO com agências
Esta foi a segunda retração mensal consecutiva do índice e a maior queda percentual desde abril de 2015 (-6,4%). Com 120,7 pontos, porém, o indicador permaneceu no patamar de satisfação (acima dos 100 pontos). Este foi o primeiro Icec realizado após o início da pandemia de covid-19 no País. A coleta dos dados ocorreu entre 20 de março e 5 de abril.
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Apesar de ter permanecido como o maior entre os subíndices do Icec (153,5 pontos), o indicador referente às expectativas dos comerciantes foi o que registrou as reduções mais expressivas: -6,3% em relação a março e -7,5% em relação a abril de 2019. Especificamente sobre as expectativas para a economia, mais que dobrou o total de empresários que esperam piora econômica: 15,3%, ante 6,9% no mês anterior e 5,7% em abril de 2019 – a proporção é a mais elevada desde novembro de 2018.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que este item passou a cair de forma mais acirrada ainda na passagem de fevereiro para março. “O canal das expectativas no curto prazo foi o primeiro através do qual os varejistas começaram a sentir os impactos da crise. O fechamento dos estabelecimentos em vários estados e cidades tem imposto redução drástica no faturamento das lojas, em especial dos negócios de menor porte e sem presença nos canais digitais de venda, como o e-commerce”, observa Tadros, ressaltando que, “diante das incertezas associadas à evolução do vírus e à eficiência das medidas de combate, os cenários para a atividade econômica estão obscuros”.
Zona de pessimismo
Em relação à satisfação quanto às condições atuais do empresário do comércio (105,1 pontos), houve retração mensal de 5,1% e anual de 1,1%. Os resultados interrompem uma sequência de alta do indicador, que vinha melhorando gradualmente desde novembro do ano passado, em todos os aspectos: economia, setor do comércio e desempenho da própria empresa. Com queda mensal de 7,2%, o item referente às condições atuais da economia, que permanecia no nível de satisfação desde janeiro deste ano, voltou ao patamar de pessimismo, atingindo 97,9 pontos.
Já em relação às intenções de investimento (103,3 pontos), a queda foi de 3,2%, no comparativo com março último. O item chegou a seu menor nível desde agosto de 2019. A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, chama a atenção para a situação atual dos estoques, que, para a maior parte dos empresários, encontra-se ainda em nível adequado (61,2%). “O indicador dos estoques alcançou 92,4 pontos, com uma ligeira queda de 0,2% em relação a março, mas um aumento de 4,2% em comparação com abril de 2019”, destaca a economista.
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