Edgony Bezerra: ‘Mulheres que escrevem o turismo do Brasil’

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Conheci Edgony Bezerra em uma coletiva de imprensa, no Riocentro, em uma feira da Associação Brasileira das Agências de Viagens – ABAV, no Rio de Janeiro. Talvez vivêssemos o ano de 2004 ou 2005. Ela representava um dos grandes jornais do Nordeste, mas confesso que à época – e no olho do furacão de um megaevento que era a feira da ABAV – pouco me atentei a isso.

por Paulo Atzingen*


Com o tempo, e a encontrando em outros eventos e viagens e lendo seus textos e reportagens, pude reconhecer a estatura e a importância dessa mulher. Discreta, fala suave, educada, Edgony permaneceu fiel ao seu trabalho e profissão. Natural de Amontada, município da região Norte do Ceará, Edgony chegou nova em Fortaleza, se graduando em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará. Procurou emprego no DIÁRIO DO NORDESTE alguns meses antes do jornal ser inaugurado, conforme ela mesma conta: “Integrei a seleta equipe da redação um mês antes da inauguração do jornal (dezembro de 1981) e fiquei lá 34 anos”, relembra em sua página pessoal.

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Mas Edgony não ficou no jornal por ficar. Ela editou o caderno de turismo do DIÁRIO DO NORDESTE durante 29 anos ininterruptos, dando uma grande contribuição para a imagem turística do Ceará, do Brasil e do mundo. Edgony abre a série “Mulheres que escrevem o turismo do Brasil’ com essa entrevista, confira:

DIÁRIO – Edgony, você integrou a seleta equipe da redação do DIÁRIO DO NORDESTE , quando o jornal começou em Fortaleza. Conte como foi essa experiência…

Eu já tinha trabalhado no jornal Tribuna do Ceará (também extinto), minha primeira experiência jornalística. Na época, incentivada pelo jornalista José Mário Pinto, criei uma página de turismo e comecei a visualizar um mundo de encantamento. No Ceará, o turismo era quase inexistente. Passei num concurso da Sudene, deixei o jornal e fui trabalhar em Sobral. Era um projeto agropecuário. O turismo permanecia na minha lembrança, mas não tinha como desenvolvê-lo. Depois de três anos retornei a Fortaleza para enfrentar o mercado jornalístico.

DIÁRIO – Quais foram as circunstâncias que a fizeram se dedicar ao turismo e integrar uma equipe do caderno de turismo? Quanto tempo você ficou escrevendo para esse caderno? E qual foi o aprendizado?

No meu retorno a Fortaleza, tomei conhecimento que seria implantado o DIÁRIO DO NORDESTE. Fui informada que seria uma seleção difícil, só para os bons jornalistas. Estava certa que esta não seria uma conquista minha, pois eu era uma jornalista de pouca experiência, pouco conhecida. Sempre tive amigos para me incentivar. E um deles, Everardo Montenegro, achou que eu estava preparada para o combate. Fomos ao jornal, fui bem recebida e fiquei aguardando uma resposta. Não foi difícil. Entrei para a geral e com pouco tempo comecei a fazer uma página de turismo, depois duas, e em 1985, criei um caderno semanal que me abriu as portas para muitas emoções. Conquistei espaços local e nacional e cada dia ficava mais empolgada. O jornal deu grande contribuição para a divulgação do Ceará e muitos destinos foram criados. Fiquei 29 anos ininterruptos como editora do caderno. Foi uma realização profissional. Como aprendizado, eu diria que foi uma base para muito conhecimento, através de eventos e viagens nacionais e internacionais.

Em foto de 19 dezembro de 1981 (véspera de lançamento do jornal) Edgony na redação do DIÁRIO DO NORDESTE, com Josafá Venâncio, colega de redação e o fundador do jornal, empresário Edson Queiroz, em pé – (Arquivo EB)
DIÁRIO – Como você vê o jornalismo do turismo hoje em dia?

Com o advento da internet, as coisas começaram a mudar. As pesquisas tornaram os destinos mais acessíveis, embora eu considere que os textos não passam a mesmo emoção dos que são escritos e vividos por jornalistas. Os jornais impressos estão desaparecendo e os espaços ficando cada vez mais raros. As próprias empresas deixaram de valorizar os jornalistas de turismo e mandavam para os eventos os que estivessem mais disponíveis. Vi alguns jornalistas em eventos turísticos passando dificuldades por não conhecerem os termos usados para perguntas e elaboração de textos.

Um dos cadernos de turismo editados por Edgony por 29 anos ininterruptos (arquivo EB)

DIÁRIO – Qual a mensagem que você dá ao jovem repórter que quer se enveredar a escrever sobre destinos?

Minha resposta não é de otimismo diante de fatos já expostos, principalmente pela falta de espaço em grandes jornais impressos como tivemos no passado. Vivemos a melhor época. Agora os jornalistas precisam se reinventar e criar formas de passar conhecimento e seduzir o público com sites particulares que possam gerenciar seus próprios espaços.


*Paulo Atzingen é jornalista

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  1. Amigo Paulo: a inauguração do Diário do Nordeste foi no dia 19 de dezembro de 1981. A foto na redação com o fundador do jornal, empresário Edson Queiroz, foi dias antes do lançamento do jornal, quando fizemos três edições para avaliação do que seria o produto final. Minha cidade de origem é Amontada. A matéria ficou linda e eu sou grata pela sua atenção.

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