Enoturismo brasileiro receberá duro golpe com ‘importação de uva fresca’ da Argentina

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Uma ‘boa’ notícia para os vitivinicultores brasileiros começarem esta sexta-Feira (19), é que o Brasil poderá aprovar a importação de uva fresca da Argentina.

por Werner Schumacher*


Isto mesmo! O que significa importar uva para a elaboração de vinhos! Para tanto basta auditores do Ministério da Agricultura ir a Argentina conferir se o Sistema de Mitigação de Risco proposto pelos argentinos atende as exigências fitossanitárias do Brasil.

O Brasil exige o tratamento das uvas com brometo de metila, procedimento muito caro na terra de ‘los hermanos’, que os tira do mercado, mesmo a uva sendo muito barata por lá.

A legislação brasileira permite trazer uva de MESA. O Brasil Importa hoje quase 15 mil t de uva por ano, principalmente do Chile (63%).

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Uva FRESCA, no entanto, significa trazer também uva para a elaboração de vinhos, que na Argentina são muito mais em conta que aqui, pois há grandes áreas de vinhedos em planície, portanto, mecanizáveis, além da crise brutal que vive o país.

Mais de 90% da nossa produção está em montanhas, muitas vezes impossível de mecanização pelo forte declive, logo mais cara que as uvas lá produzidas.

A Argentina se gaba de que seus vinhos são todos de vitis-vinifera, ou uva fina, como aqui se diz.

Mas isso NÃO é verdade!

Na província de Missiones, na divisa com o Brasil, se produz uva viti-labrusca, a uva comum, como Isabel, Niágara, etc. Isso significa que a produção dessas uvas pode também prejudicar a produção nacional.

O política cambial brasileira, desde o Plano Real, fez quase todas as multinacionais saírem do país para produzir seus vinhos em países com maior vantagem competitiva, a Argentina foi um dos destinos. Somente a Chandon opera no Brasil hoje.

Isso provocou um baque na viticultura brasileira. Essa fuga não ocorreu de supetão, mas a própria indústria nacional aqui instalada não conseguiu absorver a uva aqui produzida.

Parece que o Brasil deseja acabar com a sua vitivinicultura, pois não é de hoje que o setor é atingido por medidas que prejudicam os produtores de uva e as vinícolas brasileiras.

Brandy (Cognac) é o produto derivado única e exclusivamente da destilação de vinho. Somente a antiga Dreher comprava aproximadamente 100 milhões de kg de uva para fazer o seu Brandy.

Então o Brasil EXPERTO criou o CONHAQUE DE ALCATRÃO E GENGIBRE produzido com álcool de cana, em outras palavras com PINGA.

Outra paulada que o setor levou foi a liberação da palavra VINAGRE para fermentado acético de álcool de cana, Vinagre se refere única e exclusivamente ao produto derivado do vinho, ou seja, do vinho ágrio. Mas não ficou por aí, pois muitos fabricantes de vinagre produziam vinagres de vinho falsos, de vinho só tinha a cor.

Oficializaram a fraude, criando o AGRIN, um produto cuja origem tem 90% de álcool de cana e 10% de vinho.

Como óleo com 90% de soja e 10% de azeite de oliva, outra barbaridade, azeite é só de oliva, o resto é óleo.

A liberação da importação poderá matar a GALINHA DOS OVOS DE OURO, ou seja, o ENOTURISMO!

Muitas vinícolas conseguiram dar a volta em função do Enoturismo, muitas delas estão com as portas abertas até hoje em função das visitações e degustações feitas para os enoturistas.

A APROVALE – Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos foi fundada em 1995 por 6 estabelecimentos, hoje são aproximadamente 30 vinícolas. O Enoturismo trouxe riqueza para região, hoje com belíssimos hotéis, restaurantes, cafés, etc.

O exemplo do Vale dos Vinhedos foi replicado para outras regiões, não só do Rio Grande do Sul, como para todo o Brasil!

Sei lá, até posso parecer pessimista, mas fico imaginando um turista vindo ao Vale dos Vinhedos e ver uma carreta frigorifica descarregando uva e pergunta, de onde tá vindo essa uva? A resposta será: da Argentina, sim da Argentina. É bem provável que isso aconteça, pois alguns produtores de vinhos, sabidamente, são ávidos por lucro fácil.

Sendo eu esse enoturista, daria a volta e deixaria de apreciar os vinhos desse estabelecimento. E você, como se comportaria?


Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves, 19 de março de 2021

 

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  1. As vinícolas brasileiras nunca se preocuparam em produzir vinho bebivel (baixo custo) para a maioria dos consumidores brasileiros. O vinhos que aqui se produz são verdadeiros vinagres ou o vinho suave, adoçado com açúcar.. Não acredito que seja por falta de mercado.

  2. João você está falando de algo que dá para se ver, não conhece. Nossos vinhos, de muitas regiões brasileiras sao de excelente qualidade. Nada de vinagre ou vinhos suaves como diz. Venha conhecer os Vinhos de Altitude de SC. E se s ao carros busque ver as tarifas de impostos que pagam aqui.

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