Entre Palavras e Panelas e seus vários significados

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Há algum tempo queria escrever sobre este livro de gastronomia e cultura que ganhei em Gramado (RS), durante o Festuris. Faz parte da minha natureza retribuir presentes, notoriamente os dados de coração, espontaneamente.

por Paulo Atzingen*


O Livro que falo é o “Entre Palavras e Panelas – uma visão renovadora do mundo da gastronomia” de Simone Nejar. Ele me chegou às mãos por Günter Nejar, que em um gesto de generosidade encadeada me levou ao estande da família Nejar para experimentar um waffle – aquela massa típica dos lares norte-americanos. O rapaz ao ver minha cara de aprovação disse que aquela e mais 58 receitas estavam no livro escrito por sua mãe, Simone Nejar. E me deu o livro.

Esses gestos de  generosidade marcaram-me em Gramado e este jovem ganhou minha amizade.  Gestos assim me servem como alimento, me inspiram mesmo que tenham acontecido há muito tempo.

A publicação é de um cuidado e de um zelo próprios  de um chef que tem um príncipe à mesa ou de uma cozinheira que coloca amor no que faz e quer oferecer o seu melhor a quem ama.

Esse cuidado e esse zelo se aplicam na apresentação das receitas com fotos da própria autora.

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Mas, além da forma, o recheio do livro revela a matiz de quem o concebeu. Não conheci Simone pessoalmente quando estive em Gramado, mas por sua obra percebe-se que escrevo sobre alguém de grande sensibilidade, seja na forma de apresentação dos pratos e receitas, seja na construção genuína de um enredo que envolve a história de dezenas de alimentos preparados e vividos pela própria autora. Com texto claro e leve, Simone descreve a origem e o surgimento da polenta, do frango a moda do Kentucky, do Brownie ou dos Pasteis de Bacalhau, sem cair na chatice de descrições acadêmicas da origem das comidas.

Papiros de Beringela (reprodução da foto da autora)

Nas 130 páginas de “Entre Palavras e Panelas” Simone impõe sua múltipla personalidade de cozinheira, pesquisadora, escritora, editora e fotógrafa.

Simone dedica seu livro à memória de sua mãe, Miriam Aparecida Janson Nejar, responsável em grande parte, por sua paixão pela Culinária.

O livro é muito mais que um livro de receitas. É um guia gastronômico e cultural onde a autora convida para uma viagem; veja:

Papiros de Beringela

“Hoje passei o dia praticamente soterrada por papéis e processos, então resolvi aproveitar a papelada para me inspirar. Vamos fazer algo criativo, papiros de berinjela. Foram os egípcios, por volta de 2500 a.C. que criaram a técnica do papiro, o ancestral do papel, que por sinal deve ser o ancestral do computador….

A sopa Vichyssoise (reprodução de foto da autora)

Vichyssoise

“Enquanto a Estátua da Liberdade foi um presente da França aos Estados Unidos; a sopa Vichyssoise é uma feliz conjugação da experiência culinária francesa com o charme nova iorquino…

As madeleines (Reprodução de foto da autora)

Madeleines

“Existem três histórias sobre o surgimento dos populares bolinhos franceses em forma de conchinha., mas a mais verossímil diz que teriam sido criadas por freiras de caridade de Sainte Madeleine, para manutenção daquela abadia…”

Significado

São mais de 50 viagens pela Europa, Estados Unidos, Egito e Roma antigos e pelo Brasil acompanhadas dos ingredientes e das receitas…

A autora, em foto na contracapa do livro

Que esta pequena crítica – atrasada alguns anos – encontre Simone Nejar fazendo o que mais gosta e que ela possa lê-la. E que ao lê-la sinta a mesma generosidade e gratidão que ela oferece às pessoas – viajantes – em suas receitas cheias de amor – ou outras pessoas que mesmo sem conhecê-la ganham e lêem seus livros cheios de significados.


*Paulo Atzingen é jornalista – Artigo publicado originalmente no dia 3 de abril de 2020

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