Exclusivo: Presidente do Visit Florida revela motivos para acreditar no mercado brasileiro

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Em entrevista exclusiva, a principal executiva do turismo da Flórida faz revelações e demonstra otimismo na retomada das viagens de brasileiros para o seu destino

Por Amadeu Castanho – editor adjunto do DIÁRIO


Liderando uma missão do Visit Florida ao Brasil, Dana Young, Presidente e CEO da entidade que cuida de vendas, publicidade, promoção, relações públicas e serviços para visitantes da Flórida conversou com o DIÁRIO DO TURISMO em uma entrevista exclusiva.

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Em função da pandemia de coronavírus, foram dois anos longe dos contatos pessoais tão valorizados pelo trade turístico, mas agora que a fase crítica ficou para trás, o Visit Florida mostra que se preparou para recuperar o tempo afastado à força do trade e dos consumidores.

A propósito do período de pandemia, a executiva explicou que para a Flórida ele não foi exatamente como se poderia imaginar para um estado que tem o turismo como uma importante fonte de receitas.

“A Flórida tem sido um destino para o qual as pessoas afluíram desde o início da pandemia. Nós nunca fechamos. Então, as pessoas realmente nos viram como um farol brilhante de liberdade e alegria. Elas podiam ir para a Flórida e meio que jogar fora o estresse que eles estavam sentindo em outros estados,” explicou.

Ela continuou explicando que, obviamente, se referia ao público americano depois que o fechamento das fronteiras praticamente impediu o acesso de viajantes estrangeiros, grandes clientes do turismo da Flórida.

“Mas agora que as fronteiras internacionais estão abertas, estamos entusiasmados por ver cada vez mais visitantes internacionais de países de todo o mundo. Isso é ótimo!”, resumiu.

Movimento em recuperação

Perguntada sobre se os turistas brasileiros estão voltando a viajar para a Flórida, Dana Young foi incisiva: “o Brasil definitivamente está se recuperando. Quer dizer, obviamente o Brasil era enorme. Em 2019, vimos 1,3 milhão de brasileiros vindo para a Flórida, nossa participação de mercado foi de quase 60%. De todos os brasileiros que viajaram para os EUA, aproximadamente 60% estavam indo para a Flórida. Então, isso é um monte de visitantes para compensar.”

“Mas o que temos visto é um aumento constante desde que as fronteiras reabriram. Acho que estamos em média com cerca de 50.000 turistas por mês agora, o que ainda não é onde queremos estar. Mas acho que se as tendências continuarem, com as companhias aéreas voltando a oferecer voos, adicionando aviões e adicionando rotas, temos razões para estar muito otimistas”, justificou.

Navegando nas novas tendências de consumo

Segundo a Presidente do Visit Florida, o turismo do estado americano está bem preparado para enfrentar as novas tendências de compras de viagens e serviços turísticos pela Internet, com a escolha do destino final e fornecedores sendo cada vez mais feita pelos próprios viajantes, com muitos consumidores comprando diretamente de fornecedores e de agências online.

“O Visit Florida trabalha com operadores turísticos e agentes de viagens, bem como com as OTA. Nós realmente tentamos trabalhar com todos que estão vendendo a Flórida, em qualquer canal que estejam usando e qualquer método que estejam usando. De qualquer forma, nós trabalhamos com todos e estamos felizes com qualquer método que as pessoas escolham, desde que elas acabem na Flórida”, explicou.

Com a pandemia, demanda por agentes de viagem volta a crescer

Falando sobre mudanças de comportamento do consumidor, Young fez uma revelação: “descobrimos, curiosamente, que desde a pandemia, há um interesse muito maior do consumidor em agentes de viagens ou consultores de viagens do que antes.”

“Vimos que, particularmente na Europa, as pessoas estavam deixando de usar agentes de viagens, tours, operadores turísticos, e quando suas viagens foram canceladas (por causa da pandemia), elas não conseguiam receber seu dinheiro de volta. E então acho que essas pessoas acabaram percebendo que um profissional de viagens agrega um valor tremendo quando você está reservando uma viagem, principalmente uma viagem grande, talvez de duas semanas”, continuou.

“Mas nós também temos uma campanha direta para o consumidor que reservam diretamente. Isso está acontecendo agora aqui no Brasil, com uma campanha multimídia até o final de maio ou junho. E ela mostra destinos um pouco fora dos que são mais conhecidos, destinos que estão a uma curta distância de Orlando, de modo que inspirará essas viagens. A campanha inclui ainda uma chamada à ação”, concluiu.

Sazonalidade em queda
Amadeu Castanho entrevistando Dana Young - Presidente e CEO do Visit Florida ( crédito: Geovana Fraga)
Amadeu Castanho entrevistando Dana Young – Presidente e CEO do Visit Florida (crédito: Geovana Fraga)

Continuando a falar sobre mudanças de comportamento do consumidor, a principal executiva do Visit Florida fez mais uma revelação: “no geral – e estou falando do doméstico e do internacional como um todo -, vimos que a sazonalidade diminuiu bastante. Acho que durante a pandemia, as pessoas foram para a Flórida, ficaram muito tempo e talvez tenham vindo em um momento que não era quando tradicionalmente vinham e algumas ficaram por um mês ou dois e trabalharam na Flórida.”

“Então, acho que as pessoas percebem que a Flórida é um lugar maravilhoso para se estar o ano todo. Obviamente continuaremos tendo sazonalidade em torno do calendário escolar, férias, feriados e esse tipo de coisa. Mas, por exemplo, estamos vendo os canadenses chegando agora (no início do verão), e o normal era eles irem para a Flórida no inverno e não no verão”, exemplificou.

“Mas eles estão cansados de ficarem presos em seu país. Então eles estão indo para a Flórida no verão. E estamos felizes com isso. E isso ajuda o nosso estado, principalmente a região do ”Panhandle”, que costumava ter muito movimento no verão, mas no inverno, quando está mais frio, muitos restaurantes fechavam. Essa mudança de sazonalidade nos hábitos dos turistas é uma coisa muito boa para esses negócios,” comentou.

Novos destinos e opções se somam aos mais conhecidos

Para Young, as mudanças de comportamento dos turistas também passam pelos destinos da Flórida escolhidos para conhecer: “estamos vendo um interesse muito maior em toda a nossa visitação internacional e doméstica em querer ter mais experiências fora do comum”.

Segundo ela, os visitantes também estão procurando ter experiências fora das usuais, mesmo continuando a gostar do que já conhecem, como parques temáticos em Orlando ou as praias. Por isso o Visit Florida está divulgando opções como os seus parques naturais e cidades pequenas ou históricas como St. Augustine, a mais antiga dos Estados Unidos.

“Nosso trabalho é de educar o trade de viagens sobre todas essas novidades que não são novas, mas experiências que seriam novas para os visitantes e garantir que eles saibam que existem e como chegar lá. Então é nisso que temos focado nos últimos dois anos”

Turismo gastronômico é novidade

Outra vertente que começa a ser trabalhada é o turismo gastronômico. A tradicional editora de guias Michelin lança dia 9 de junho seu primeiro Guia Michelin da Flórida de restaurantes, cobrindo a oferta gastronômica de Miami, Orlando e Tampa.

“Isso é enorme para nós, porque muitas pessoas viajam para descobri novas experiências culinárias. Então, temos muito a oferecer,” resumiu Dana Young.

Otimismo de voltar a quebrar recordes

Perguntada ao fim da entrevista exclusiva concedida ao Diário de Turismo se acredita que a tendência de crescimento do fluxo de visitantes vindos do Brasil vai voltar ao padrão pré-pandemia ou se aposta que agora a demanda vai crescer ainda mais, a Presidente do Visit Florida foi incisiva:

“Estou muito otimista de que, quando terminarmos de passar por tudo isso, e todas as fronteiras estiverem abertas, superaremos nossos números recordes de 2019”, concluiu.

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