F-31 Quinteto de Medellín veste roupa mais moderna no corpo do tango

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Por Paulo Atzingen* (de Medellin, Colômbia)

A música jamais poderia ser comparada a algo tátil, material,  mas aqui em Medellín, durante o 13° Festival Internacional de Tango, esse gênero musical alcança tantos significados e propõe tantas leituras que podemos arriscar: o F-31 Quinteto de Medellin que se apresentou na noite do último sábado (22), na praça Gardel, vestiu uma roupa mais moderna no corpo do tango. Por vezes, parecia que estávamos participando de um festival de jazz, ou de música clássica, já que o grupo trabalha novas inserções e tendências do gênero.

Este festival de música é aberto ao público local e visitantes e esta abertura tem – de certo modo –  entusiasmado tanto os organizadores, os artistas e os próprios visitantes da cidade.

Não se trata de um festival comum. Mas de um evento onde a música é revestida de um pano de fundo para outras artes, como a dança, o canto, a interpretação cênica e a própria capacidade criativa de organização de um grande espetáculo, a cargo da Secretaria de Cultura da Cidade de Medellin (leia-se prefeitura) e do Greater Medellin Convention & Visitors Bureau.

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Apus Tango: tácita forma artística de sedução, no processo de conquista e no envolvimento entre um homem e uma mulher (Crédito: Juneo Videira – DT)

Além do corpo

Na noite de sábado, o grupo Apus Tango, de Medellín, abriu as apresentações com o  número Pasion de Mujer, uma tácita forma artística de sedução, no processo de conquista e no envolvimento entre um homem e uma mulher, técnica consagrada do gênero musical mas aqui tratada com o profissionalismo de um grupo com mais de 10 anos de estrada.

Chamada por alguns carinhosamente de Ciudad de los Artistas, Medellín tem merecido este título pois dela brotam talentos de todos os lados, estimulados, principalmente pela Red de Scuelas de Música de Medellin.

É o caso do F-31 Quinteto, formado essencialmente por músicos de Medellín. Carolina Granda Mazo (piano), Julio David Mira Palacio (Guitarra), Paulo César Parra Valencia (contrabaixo), Sebastian Montoya Vallejo (violino) e Marco Blandón Correa (bandoneon). O grupo, fundado em 2011 apresentou um número de 50 minutos denominado “A Los Amigos”, revestido de inovações e combinações inusitadas do tango.

O festival de música é aberto ao público local e visitantes e esta abertura tem – de certo modo – entusiasmado tanto os organizadores, os artistas e os próprios visitantes da cidade (Crédito: Juneo Videira – DT)

Outros gêneros e amigos

Segundo o bandoneonista Marco Blandón, a composição “A Los Amigos”, que dá nome ao show é de Francini Pontier, grande músico de tango e dono de uma grande orquestra. “No festival deste ano queríamos fazer um concerto diferente e convidamos amigos músicos e incluímos sons de outros gêneros musicais. Bateristas e tecladistas que geralmente não tocam este gênero. E convidamos nossos amigos para que apresentassem seu toque pessoal”, disse ao DIÁRIO. De acordo com Blandón, ao número foi incluído o repertório de seus amigos e de outros artistas contemporâneos. “Além de (Carlos) Gardel e (Astor) Piazzolla, queríamos colocar como protagonistas nossos amigos e nossas composições. Inserimos também uma composição de Damian Torres, grande bandoneonista e maestro”, enumerou.

Integrante de uma nova geração de músicos de Medellín, Marco trabalha desde 2011 como bandoneonista na orquestra da Escola de Tango de La Rede de Escuelas de Música de Medellín, e tem participado sempre dos festivais de tango na cidade.

Segundo o bandoneonista Marco Blandón, a composição A Los Amigos, que dá nome ao show é de Francini Pontier, grande músico de tango e dono de uma grande orquestra (Crédito: Juneo Videira – DT)

OUÇA AQUI UMA DAS MÚSICAS DO GRUPO F-31- QUINTETO DE MEDELLIN:

“Há uma grande vontade de se aprender tango em Medellín. Temos muitos jovens de 16 a 20 anos na escola de música, sobretudo bandoneonistas, estou muito feliz com o festival, pois é uma nova aprendizagem”, confessou ao DIÁRIO.

Marco Blandón já fez inúmeras apresentações nacionais e internacionais em diferentes companhias de tango apresentando-se no Cairo (Egito), em Nova York e Nova Jersey (EUA) e em várias cidades da América do Sul como Lima, Trujillo, Arequipa, Cusco (Perú); Quito, Guayaquil, Cuenca (Equador) e em várias cidades de seu país como Bogotá, Bucaramanga, Barranquilla, Cartagena.

Tango de sábado, 22 de junho de 2019: uma roupa nova para um corpo em eterna transfiguração (Crédito: Juneo Videira – DT)

Transfiguração

Com esta bagagem musical, o artista de 33 anos e seu quinteto conseguiu trazer ao público – cerca de duas mil pessoas tomaram a praça Gardel na noite de sábado – uma música sinuosa e forte, sutil e intensa, alegre e densa, com cores tradicionais e elementos sonoros já consagrados, no entanto com inserções tipicamente renovadas, reinventadas, uma planta nova dentro de um vaso antigo, uma roupa nova para um corpo em eterna transfiguração.

*O jornalista Paulo Atzingen viajou a Medellín convidado pelo Greater Medellín Conventions

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