Em entrevista ao DIÁRIO DO TURISMO, secretário de Turismo de Foz do Iguaçu revela os planos para impulsionar chegada de visitantes
POR REDAÇÃO
Com o superlativo conquistado este ano de maior pista de pousos e decolagens de toda região Sul do Brasil, o aeroporto de Foz do Iguaçu, no Paraná, ganha a possibilidade de sonhar ainda mais alto e expandir o olhar da cidade para além dos visitantes brasileiros e latinos. As condições para receber voos de outros locais, agora mais distantes, vieram acompanhadas de reformas também no terminal de passageiros, o que, na avaliação do secretário de turismo do município, Paulo Angeli, torna o aeroporto “um dos mais modernos do país. Já estamos quase voltando aos níveis de antes da pandemia”.
Voos confirmados
Voos para Florianópolis, em Santa Catarina, e até para Santiago, capital do Chile, já foram confirmados para ainda este ano. De acordo com o secretário, são frutos da transferência da administração da unidade, que saiu das mãos da Infraero para a iniciativa privada. O Grupo CCR, concessionária que o assume pelos próximos 30 anos, deve investir R$ 512 milhões no aeroporto. “Vejo com bons olhos, ter uma administração comercial é bom para o destino e bom para a empresa. Isso ajuda na captação de voos e de passageiros”, conclui o secretário.
Em 2018, por exemplo, das 22 mil operações realizadas em 2018, apenas 5% eram voos internacionais. E a única rota internacional era até Lima, no Peru. A expectativa, com as mudanças, é que, até 2050, o aeroporto receba 9,1 milhões de passageiros no total, 295% a mais em relação aos turistas que visitaram a cidade em 2018, cerca de 2,3 milhões de pessoas.
A pista passou de 2.194 metros para 2.858 metros de extensão, tornando-se a maior pista em aeroportos do Sul do País. O investimento total destes 664 metros a mais, que possibilitam a chegada de aeronaves maiores, foi de R$ 53,9 milhões.
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A pista passou de 2.194 metros para 2.858 metros de extensão, tornando-se a maior pista em aeroportos do Sul do País. O investimento total destes 664 metros a mais, que possibilitam a chegada de aeronaves maiores, foi de R$ 53,9 milhões. A obra integrou um pacote de investimentos da Itaipu Binacional, em parceria com o Governo do Estado, para acelerar o desenvolvimento da região.
Overtourism não ocorrerá
Depois de um ano de pandemia difícil para o setor turístico no geral, Angeli afirma que a concessão do aeroporto à iniciativa privada já está sendo vista com bons olhos também por investidores em outros campos do município. “Nossa cidade é a cidade que mais recebe investimentos per capta do governo federal hoje. Vamos conseguir fazer melhorias no acesso ao Paraguai [por terra]. E neste momento, o overtourism [superlotação de turistas que gera conflitos com os habitantes locais] não chega nem a ser uma preocupação porque a cidade está preparada”.
“A preocupação de excesso de turistas era mais com o Parque Nacional. Quando as pessoas chegam à trilha, em finais de semana prolongados, ela estava sempre lotada. Não tinha condição de contemplar. Mas também temos licitação prevista pra ter investimentos lá também”, afirma Angeli. “Nos próximos cinco anos, é certo que o overtourism não ocorrerá. Até porque investimentos estão acontecendo para evitá-lo”.
Apesar da alta expectativa com o aeroporto, Angeli não acredita que, neste primeiro momento, Foz consiga trazer voos diretos de outros continentes. “Todos acabam passando por São Paulo ou pelo Rio de Janeiro. Então temos que trabalhar com voos mais próximos”.
Diversidade de público
Segundo o secretário, que já trabalhou em companhias aéreas antes de se dedicar à pasta, o município possui dois públicos principais: o internacional que vem pelo aeroporto e que já deve começar a sentir as mudanças da concessionária, e os brasileiros, que vêm por rodovias e que, em geral, apenas passam por Foz para procurar pelo Paraguai. De acordo com Angeli, Foz do Iguaçu é também o segundo destino turístico de estrangeiros no Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.
Se, para quem procura a cidade, o ecoturismo acaba sendo a principal força turística – já que Foz conta com as belezas naturais do Parque Nacional, com as Cataratas do Iguaçu, eleitas como uma das Sete Novas Maravilhas da Natureza, e a binacional Itaipu, hidrelétrica localizada entre Brasil e Paraguai, segunda maior produtora de energia do mundo – o município se desafia, agora, a reter parte dos visitantes que passam pela cidade para fazer compras do lado paraguaio, ou que procuram por cassinos em solo argentino, por exemplo.
“Teremos a maior roda gigante do Brasil e da América do Sul, localizada próxima ao Marco das Três Fronteiras, e um aquário de água doce, bem na entrada do Parque Nacional”.
Novas atrações
Para isto, o secretário promete, até o fim deste ano, entregar novas atrações. “Teremos a maior roda gigante do Brasil e da América do Sul, localizada próxima ao Marco das Três Fronteiras, e um aquário de água doce, bem na entrada do Parque Nacional”. Além disso, o secretário destaca que a cidade já possui 30 mil leitos em hotéis para receber turistas e lembra do já inaugurado parque Movie Cars [parque temático que reúne carros e motos ligados a enredos de filmes], como potencial para aquele turista que não quer só ver a natureza. “Na pandemia, os empresários do turismo continuaram investindo e isso ajudou Foz a se reinventar na sua própria imagem”.
“Abriremos também uma nova licitação, no fim do ano, para a concessão da rodovia que dá acesso à cidade a Br-277. Tem um pedágio muito caro, então pretendemos reduzir o valor. Até porque boa parte dos turistas brasileiros que vêm à cidade vêm de carro”.
“Na pandemia, os empresários do turismo continuaram investindo e isso ajudou Foz a se reinventar na sua própria imagem”.
“As estatísticas são muito claras: o turista quer vir a Foz do Iguaçu, então realmente temos de nos preparar. Em janeiro, o Ministério do Turismo fez uma pesquisa dos destinos que as pessoas mais queriam. Em primeiro lugar, ficou Maceió, no Alagoas. Em segundo, Foz. Mas só perdemos porque a pesquisa foi feita em janeiro. No verão, o povo quer praia mesmo”, brinca Angeli. “Foz do Iguaçu é a bola da vez”, finaliza.