Mesmo com a segunda onda da pandemia batendo em cheio na saúde, nos hospitais, na vida e na economia nacional, alguns setores do turismo têm boas perspectivas, principalmente ao se considerar os aspectos geográficos e climáticos do nosso país e, evidentemente, a experiência e a segurança (esta palavra nunca esteve tão em voga) de quem oferecerá o serviço. É o caso do ecoturismo e o turismo de natureza.
por Paulo Atzingen*
É verdade que quando elaboramos essa entrevista com o CEO da Ambiental Turismo, José Zuquim, ainda não tínhamos os números do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, anunciado nesta quarta-feira (3) – uma queda de 4,1% em 2020, comparado ao ano de 2019. Trata-se do maior recuo anual da série iniciada em 1996.
Mesmo em um cenário pouco animador, foi possível sim, extrair do geógrafo Zuquim um bom posicionamento sobre o seu nicho de negócio, sua visão ampla do turismo sustentável no Brasil, e uma singular maturidade de quem construiu uma marca, que em 2021 completa 34 anos. “Percebemos que algumas estruturas do mercado estavam se tornando obsoletas, com muitas intermediações entre serviço e consumidor, com essas brigas entre OTAs (Agências Online), o que não nos afetou. Aproveitamos o momento e aprofundamos a nossa origem”, disse Zuquim nesta entrevista, que apresentamos abaixo em tópicos:
Impactos pandêmicos
O turismo doméstico sem dúvida vem tendo um impacto menor, principalmente aqueles hotéis e refúgios próximos aos grandes centros urbanos, onde as pessoas podem ir de carro. Mesmo assim, a escala é muito pequena. Aqueles locais e destinos mais distantes onde se pratica o ecoturismo e que recebem pessoas com um nível de informação maior sobre a pandemia, não têm recebido quase ninguém, pois essas pessoas não estão querendo se expor.
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É natural que com as fronteiras fechadas e os países tendo todas essas restrições e o próprio Brasil – com uma visão internacional bastante questionável -, isso tudo diminui bastante a possibilidade das pessoas fazerem turismo internacional por um bom tempo, já que a pandemia está em seu auge.
Pouca demanda
Em relação à infraestrutura do turismo de natureza no âmbito doméstico, como nossa demanda nunca foi muito grande não vejo grandes lacunas ou carências. Agora, com o aumento da demanda e a (chegada) da vacina facilitando a vida das pessoas, é natural que não teremos os melhores equipamentos para receber os clientes, os ecoturistas. As pessoas vão pegar equipamentos secundários e vão sentir a diferença caso comparem esses equipamentos aos de suas viagens internacionais. Mas a oferta não é uma oferta muito grande, o turismo de natureza e de aventura nunca foi um turismo de massa, e ele nunca trouxe muito volume para dentro do mercado brasileiro.
Processo evoluído
A Ambiental nasceu em 1987 já com a proposta de turismo sustentável; tanto a minha formação de geógrafo como a formação do meu sócio, Israel Waligora, que é geólogo, foram determinantes para a Ambiental ser hoje o que é. Sempre tivemos a questão da preservação e da conservação dentro da nossa formação acadêmica. Por isso não está sendo para nós um momento (a pandemia) tão difícil como parece.
Claro que tivemos uma queda brutal de vendas, de adesões, mas as pessoas confiam muito na Ambiental. Confiam porque sempre tivemos, por origem, uma preocupação intensa com segurança. Agregamos protocolos sanitários a todo um processo evoluído que tínhamos de segurança e estamos tendo uma procura bem interessante.
Perspectivas
Comparar 2019 com 2020 é brutal. Todos, ou quase todos, tiveram uma queda de receita quase que completa. Vejo no segundo semestre de 2021, algum tipo de melhoria e 2022 um aquecimento muito grande no que diz respeito ao turismo de natureza e turismo doméstico. Do ponto de vista de promoção do destino Brasil, vejo muito pouco. E acho que a atuação do mercado internacional vindo para o Brasil está muito longe , talvez uma ligeira melhora somente em 2022.
Reflexão
Tivemos nesse momento de pandemia um bom momento de reflexão. Percebemos que algumas estruturas do mercado estavam se tornando obsoletas, com muitas intermediações entre serviço e consumidor, com essas brigas entre OTAs (Agências Online), o que não nos afetou. Aproveitamos o momento e aprofundamos a nossa origem. Reelaboramos roteiros de experiências que só nos oferecemos. Fomos à fonte da cultura do Jalapão, de sua gente de seus fervedouros, mas oferecemos ainda mais que isso. Você vai para Pantanal ou para Bonito com a Ambiental e vai ter um atendimento de um guia especial que vai falar de plantas medicinais e vai te levar a locais com pouca gente. Temos uma competência operacional que nos dá esse diferencial e nos faz diferente. Resolvemos investir fortemente nisso agora, intensificar esse cuidado, oferecer essa qualidade essencial, que o destino oferece. A gente sempre quer oferecer isso e ir além disso.
E o mercado conhece isso, sabe disso, a Ambiental está indo bem, estamos sobrevivendo e a expetativa de quando isso tudo terminar é muito boa.
Serviço:
Ambiental Turismo
TEL +55 (11) 3818-4600
Whatsapp: (11) 96331-6022
De segunda a sexta-feira
das 9 às 19h
ambiental@ambiental.tur.br
* Paulo Atzingen é jornalista