Com um enredo que canta África para entender o Brasil, a Sociedade Rosas de Ouro leva para avenida KINDALA: que amanhã não seja só um ontem com um novo nome. Para a historiadora e empresária Carolina Maíra Morais que integra o carro dos homenageados, o enredo é uma alerta ao Brasil: não existe como pensar o nosso futuro, o futuro do povo negro brasileiro sem pensar nossa relação com África.
Há cinco anos a frente da The African pride, empresa que fomenta a relação entre diversos
países africanos e o Brasil, Carolina salienta que não existe futuro para o mundo sem África, e o enredo da Rosas de Ouro é esse canto de alerta.
“Por séculos nós ficamos aprisionados a uma imagem reduzida de África a ideia de miséria,
pobreza e guerra. Essa imagem não condiz com a realidade do continente hoje. Precisamos
recriar nosso imaginário sobre África, pisando, visitando, estudando o lugar de onde fomos
retirados a força.”
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Kindala é uma palavra banto, que significa AGORA, do povo kimbundo na região que hoje
corresponde a Angola. Para o embaixador do enredo, o apresentador Manoel Soares: “Levar kindala para a avenida em São Paulo é um chamado pela união. A paz será conquistada através do trabalho pela igualdade racial e beneficiará toda sociedade brasileira”. Manoel que também é embaixador cultural da União Africana, visita com frequência o continente africano, nessa missão de provocar reencontros entre África e Brasil.
O carnaval, que sempre é espaço de cultura e história, ganha um reforço maior com o
continente sendo exaltado. Entre os 5 países falantes de português, kindala é palavra
conhecida, o que aproxima o enredo a mais 45 milhões de pessoas no continente,
internacionalizando a nação azul e rosa.
Nas palavras da historiadora Carolina, “quando se canta África no carnaval, é uma voz
ancestral que sai de nossas gargantas. Temos saudade do lugar de onde viemos, mesmo sem nunca termos pisado. É hora de voltar e mergulhar nesse continente rico, como diz o samba: África chegou a hora da verdade! A hora da maior diáspora africana, o Brasil, conectar-se com o berço da civilização.”