A Lei Geral de Proteção de Dados e o seu impacto na hotelaria foi um dos temas abordados no 1º Fórum Revista Hotéis de Tecnologia na Hotelaria. O evento teve seu início na manhã desta sexta-feira (29), no Club Homs, localizado na Avenida Paulista em São Paulo.
por André Tanabe (Repórter do DIÁRIO)
Lei Geral de Proteção de Dados
O Fórum foi ministrado por Edgar Oliveira, editor da Revista Hotéis, e teve as participações de Fábio Santana, CEO da Faitec Tecnologia e Josmar Lenine Giovanni Júnior, membro das comissões e grupos de estudo da OAB-SP e FIESP e da Associação de Investigação de Crimes de Alta Tecnologia.
De acordo com Josmar, a Lei Geral de Proteção de Dados foi feita para regular como os dados são tratados de uma forma geral.
“A lei não veio para coibir e sim para organizar, estabelecendo como os dados devem ser tratados por todos os hotéis. Dentro da ficha de hóspedes existem dados que devem ser analisados, mas outras informações como contato de e-mail, reserva online, compra de voucher, entre outros, também implicam o preparo da parte dos hotéis. Os hóspedes devem saber como, por quê, até quando os dados serão mantidos”, lembrou o especialista. Segundo ele, a lei tipifica os dados pessoais, dados pessoais de crianças e adolescentes e dados sensíveis. “Um exemplo disso é: dados de crianças podem ser tratados com se houver consentimento dos pais. Dados sensíveis devem possuir a autorização total de seus detentores. Biometria, por exemplo, é considerado dado pessoal sensível. O hoteleiro se torna guardião dos dados e deve garantir a confidencialidade dos mesmos” detalhou o especialista.
A partir do momento em que tais informações adentram o hotel, o mesmo se torna controlador dos dados coletados, tendo assim a necessidade e o dever de protegê-las.
“Existe uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que transforma o direito de proteção de dados do brasileiro como um direito fundamental, passando a ser parte da constituição. Sendo aprovada, tem aplicação imediata. Todos os dados do hóspede passam a ser direitos fundamentais de seus titulares e quem garante isso é o Ministério Público. O Ministério já emitiu despachos neste ano solicitando que empresas emitam relatórios sobre dados. A PEC enaltece a necessidade de as empresas estarem preparadas para essa nova realidade”, completou.
Primeiras Medidas
A adequação da lei, segundo Josmar, só será possível se houver investimento.
“ O que é mais barato: uma multa ou a proteção dos dados e garantia? Já é sabido que hóspedes tem preferência por empreendimentos que mantém políticas solidas de coletamento e tratamento de dados. A quantidade de dados eletrônicos que são tratados pelo setor é grande e precisam ser armazenados e mantidos de acordo com a lei em vigência. Os hotéis devem deixar claro para os hóspedes a finalidade dos dados e quem tem acesso a eles e quando estes serão eliminados. Todos os funcionários devem receber treinamento sobre o tratamento desses dados. Não é um projeto, e sim uma jornada”, concluiu Josmar.
Redução de Riscos
Fábio Santana relatou a trajetória da Faitec Tecnologia desde a sua criação e destacou a importância de banco de dados centralizado.
“Antes, eu me registrava em um hotel e em outro da mesma rede em um curto período de tempo e percebia que eu tinha de informar os mesmos dados como se nunca tivesse me hospedado naquela rede. Tudo era descentralizado, hoje a ordem é inversa. A centralização dos bancos de dados é tendência. Os dados sempre foram a moeda de troca. Ter o controle de seus dados e não ficar à mercê e nem refém de ninguém, é o melhor ambiente para os hotéis”, disse o CEO.
Santana também alerta sobre os riscos das “Fake News” sobre invasão e roubo de dados.
“Vamos entrar em um cenário onde será comum os chamados advogados de data center. Todas as ações serão eletrônicas, imagine um robô para receber todos os processos relacionados a isso que poderão acontecer. As chamadas Fake News devem ser combatidas com a comprovação das mesmas fontes confiáveis. Muitas empresas estão tendo a reputação manchada com a disseminação dessas informações. Quantos dados hoje já não estão nas mãos de quadrilhas, hackers vendendo informações, outros trocando conselhos sobre o quanto valem essas informações? Eu digo que o convencimento já está aqui. Os investidores vão ter de investir em segurança, proteção de dados, entre outros”, afirmou o especialista.
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Inscrições e tecnologia
Edgar Oliveira, editor da Revista Hotéis e organizador do evento afirmou que a tecnologia é uma grande ferramenta que o hotel precisa ter, além de revelar o motivo do Fórum ter sido realizado.
“A tecnologia é uma grande ferramenta e aliada que o hotel precisa ter. Isso não é tendência, ou o hotel adota a tecnologia para reduzir custos, maximizar qualidade prestada para o cliente e daí torna-lo fiel, ou então ele simplesmente vai morrer. O negócio hoje quando for repensado usando tecnologia está com os dias contados. Não se usa mais aquela famosa chave com porta de madeira que os hotéis dão no interior, hoje em dia a pessoa quer tecnologia, então quanto mais você apostar na tecnologia no sentido de você dar comodidade, conforto e segurança para o hóspede, mais chance você tem de fidelizar. Porque a tecnologia hoje é de vital importância para a própria sobrevivência do negócio da hotelaria, por isso motivou a gente de fazer esse debate com vários temas pertinentes”, disse o editor.
Edgar também comentou a respeito dos pontos negativos que a tecnologia traz para o setor hoteleiro, vendo o ponto de vista do brasileiro que é meio arredio com algo que é novo e que ele desconhece.
“ Existe a cultura do brasileiro ser meio arredio à tecnologia, se de repente você chegar num hotel onde você tem lá uma máquina que vai fazer leitura de biometria ou de sua face, então talvez aquele hóspede pode ficar inseguro pois ele não está acostumado com esse novo modus operandi, então ele prefere pegar a fila pois é algo seguro e familiar”, finaliza Edgar.
O Fórum teve um número de 168 inscritos, mas em média 140 pessoas compareceram, teve também a presença de patrocinadores.