Magno Souza, diretor da Roraima Adventures: “O primeiro passo para o Monte Roraima é o desejo de ir”

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O diretor da operadora receptiva Roraima Adventures, Magno Souza, atendeu o DIÁRIO DO TURISMO durante a 47ª ABAV-Expo, realizada na semana passada, em São Paulo. Dentre as trivialidades, cuidados e especificações técnicas que compõem o turismo de aventura, um assunto levantado nesta entrevista concedida ao jornalista Paulo Atzingen, foi a situação conflituosa na fronteira do Brasil e da Venezuela o que, de uma forma ou de outra afeta a decisão de programar uma viagem ao Monte Roraima.

por PAULO ATZINGEN

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Magno deixou muito clara a situação atual: “Os problemas sociais e políticos só acontecem nas grandes cidades, em especial em Pacaraima. Estamos a 700 quilômetros de distância de Puerto Ordaz, que é a primeira grande cidade. E o Monte Roraima está a 70 quilômetros depois que passamos a fronteira”, explica o ecoturista.

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Abaixo extraímos os principais assuntos abordados na entrevista:

FORA DO CONFLITO

“A imprensa sempre, em sua grande maioria, vai puxar a pauta para aquilo que vende mais, e a notícia principal é que a Venezuela passa por problemas sociais, econômicos e políticos graves, todo mundo sabe disso; agora os conflitos estão acontecendo nos grandes centros da Venezuela, que estão lá pro lado ocidental, ou seja Caracas, o litoral e região. Aqui na linha de fronteira com o Brasil, nós temos o estado Bolívar, que é o estado que faz divisa com o Brasil junto com o estado de Roraima; então nós temos dois estados fronteiriços, o estado Bolivar, que está na Venezuela, a maior parte dele eu diria ai coisa de 60% aproximadamente, é um grande parque nacional com 3 milhões de hectares e uma área com baixa densidade demográfica, onde a população praticamente é composta por tribos indígenas, por comunidades e alguns vilarejos, cidades pequenas, ou seja caboclos e tal, de forma que essa região está fora dos conflitos.”

OPERAÇÃO REGULAR – “não temos nenhum inconveniente operacional”

“Da fronteira do Brasil até as grandes cidades são 700km de distância que é Puerto Ordaz, ou seja, é uma distância muito considerável e o Monte Roraima  está na linha de fronteira a cerca de 70km depois que passa a fronteira, ou seja numa região que quase não tem ninguém, com pouca densidade demográfica. O que aconteceu em fevereiro foi o fechamento da fronteira por causa da crise venezuelana, mas foi reaberta em maio e de lá para cá nós temos operado normalmente, sem nenhum problema, inclusive estamos com um grupo lá no alto do Monte Roraima nesse momento e já realizamos, de maio para cá, oito expedições, uma média de duas e pouquinho por mês, de forma que a gente não tem nenhum inconveniente operacional.

Monte Roraima – em sua natureza compacta e deslumbrante (Crédito: Roraima Adventures)

VIAGENS MONITORADAS –

Um dado importante a saber: nossas operações ocorrem monitoradas pelo ICMBio. Isso porque no topo do Monte Roraima encontra-se as três fronteiras e uma parte brasileira é monitorada pela organização, além disso com as instituições venezuelanas, ou seja, o Ministério do Turismo, a Câmara Binacional, a Secretaria de Turismo Municipal da região e o Inparques, o Instituto Nacional de Parques da Venezuela que é similar ao nosso ICMBio, essas viagens todas são monitoradas por essas instituições e isso nos garante além da parte operacional a parte legal e institucional também.

RORAIMA ADVENTURES – “Temos 60 produtos regionais”

Com 27 anos operando na região, primeiramente como guia informal autodidata, sou pantaneiro, mas a empresa (a Roraima Adventures) foi formalizada em 2003, então estamos agora com 16 anos de operação. Temos uma carteira de 60 produtos regionais aproximadamente operados em Roraima, no Amazonas, na Venezuela e na Guiana. Estamos cadastrados no Cadastur e na parte administrativa somos sete pessoas (financeiro, comercial e direção) e na parte de campo, temos hoje, em torno de 20 a 22 guias contratados, bilíngues, inglês, espanhol, italiano e alemão inclusive temos a nossa própria frota de veículos.

PASSO A PASSO – “O primeiro passo é o desejo de ir”

O primeiro passo para ir para o Monte Roraima é o desejo, o desejo de realizar este sonho de ecoturismo. Com o pacote comprado as viagens tem início na cidade de origem (São Paulo, Rio de Janeiro, de onde for, com escala normalmente em Brasília) e de lá se voa diretamente para Boa Vista. São três companhias com voos diários, a Latam, a Gol e a Azul. Chegando em Boa Vista fazemos uma reunião básica com todo o grupo e a partir dali iniciamos uma viagem de três horas até a fronteira; a estrada é 100% asfaltada, normalmente vamos de van, mas dependendo do grupo, também com carros menores.

Monte Roraima: entre nuvens uma barreira intransponível e praticamente insondável (Crédito: Marcelo Seixas)

DIFERENTES PACOTES – “É tanta coisa para ver que 10 dias é pouco”

Temos produtos de 6,7 e 10 dias de montanha e o que vai diferenciar um pacote desse pro outro é a quantidade de dias que a pessoa fica no topo, mas é tanta coisa assim para ver que 10 dias não são suficientes para ver quase nada, então a viagem se transforma dessa forma, a partir da comunidade indígena lá na frente depois de Santa Helena a gente começa o trekking que é uma aventura de caminhada mesmo, cada um pega a sua mochila com barraca e dependendo do roteiro podem ser cinco dias caminhando, mas varia de roteiro para roteiro, de 6,7 ou 10 dias caminhando.

PAISAGENS – “Três cenários distintos”

O Monte Roraima tem três cenários distintos. O primeiro cenário dos dois primeiros dias é o que se chama de Reflexo do Cerrado, a vegetação rasteira com algumas ilhas de mato e vegetação típica do centro-oeste; depois que você chega na base vem a parte de floresta, vem o acesso da base pro topo onde tem mata ali em volta da montanha e depois que passamos pelo Cerrado e pela mata e chegamos no topo, aí vem o cenário peculiar do Monte Roraima que é aquele amontoado de rochas com formações ali milenares, um cenário realmente singular que é a cereja do bolo.

ENVOLVER-SE POR ELA

Lá a gente diz assim, a gente nunca ataca a montanha, a gente se deixa envolver por ela, é mais romântico, mas é bem isso mesmo. A altura do Monte Roraima, ou seja, da base para o topo são mil metros de montanha, é um paredão, só que tem uma trilha e essa trilha tem 4 quilômetros e meio de extensão, uma caminhada sempre para cima.

CONDICIONAMENTO “Todo mundo pode”

Eu gosto de usar esse diálogo que tive para falar de condicionamento físico. “Magno, qual foi o ecoturista mais novo e o mais velho que você levou para o Monte Roraima? ”, o mais novo 8 anos, mas criança tem energia de sobra, o mais idoso 82 anos, então por ai você vê que idade não é problema para ninguém. Peso? “Qual a pessoa mais pesada que você já levou no Monte Roraima? ” 165 quilos, um mineiro de lá de Guaxupé, bebedor de cachaça e fez a viagem e está contando a história para todo mundo, então isso desmistifica a questão de que “eu posso eu não posso”, a pergunta que nós fazemos para quem quer fazer a viagem é a seguinte: “Como é que está a tua saúde? ”

No site www.roraima-brasil.com.br – depoimentos de quem foi e até casou por lá

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Serviço:

Roraima Adventures – www.roraima-brasil.com.br

Rua Cel. Pinto 86 – sal 106

Centro Boa Vista – Roraima

Fones 00 95 3624-9611 – 3623-6972

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