Desde o governo Pinochet o Chile passou a implementar uma agenda de reformas nos moldes do ultraliberalismo. Essa agenda de reformas levou o país ao centro do interesse do mercado financista, mas, por outro lado, é comum observarmos em Santiago idosos como caixas de supermercados, atendentes e em outras funções de entrada no mercado de trabalho destinadas aos jovens.
EDIÇÃO DO DIÁRIO
O aumento das passagens de metrô ao equivalente a R$4,80 deflagrou uma onda de protestos. Provocou também declaração de estado de emergência pelo presidente Piñera. O metrô é item importante no modal de transporte de Santiago. No Peru a maioria fujimorista colocou em cheque as instituições da república. Tudo motivado por uma intensa luta com fundo político e partidário. Liberalismo nos moldes sul-americanos contra populistas de esquerda. No Equador uma revolta indígena fez o governo recuar no aumento de cerca de 100% nos preços dos combustíveis.
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Na Argentina vitória eminente do Kirchnerismo e mais um calote argentino em razão em razão da histórica baixa nas reservas cambiais. Tudo envolto pelo descuido social de todos esses países e reformas que atingem exatamente as classes com menos recursos. Aqueles que deveriam alçar a classe média e empurrar o crescimento dos países. E o Brasil não foge à esse cardápio indigesto.
A América do Sul ainda não conseguiu implementar um programa realmente liberal, mas com respeito também aos direitos sociais e com redução do buraco negro da máquina administrativa. Comum a todos esses países um baixo nível educacional, de educação financeira e democracia débil que flerta com autoritarismo a todo momento, além da alta criminalidade, dentre outros motivos para crises.
Ocorre que há na América do Sul a eterna confusão entre público e privado, políticos populistas e uma burocracia que requer gastos de corte imperial. Palácios de governo, de Justiça, serviçais, lagosta, presunto de parma, prédios públicos inacessíveis ao povo, carros oficiais, viagens desnecessárias etc.
Aí reside a maldição do subdesenvolvimento sul-americano.
Sobre Cassio Faeddo: Advogado. Mestre em Direitos Fundamentais. MBA em Relações Internacionais. Autor da obra “Erradicação do Trabalho Infantil”, Editora Lesto, São Paulo.