“Quero que a Embratur seja uma referência em inteligência e produção de conhecimento sobre turismo”, afirmou Marcelo Freixo, o novo presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo
POR ZAQUEU RODRIGUES | Colaboração Especial (com Edição do DT)
Publicado em 10 de fevereiro (RETRÔ 2023)
Entro no elevador e aperto o 13º andar do edifício localizado no número 130 da Alameda Ribeirão Preto, a duas quadras da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. O elevador faz uma parada no 4º andar, a porta se abre e entra Marcelo Freixo, que também tem como destino o 13º andar. É lá, numa sala oval, que empresários, lideranças do Turismo, jornalistas e profissionais aguardam a chegada de Marcelo Freixo, novo presidente da Embratur (Agência Brasileira de promoção Internacional do Turismo) empossado em janeiro pelo governo Lula.
O encontro do trade paulista com a nova gestão da Embratur é organizado pelo São Paulo Convention &; Visitors Bureau (SPCVB). Toni Sando, presidente do SPCVB e da Unedestinos, celebrou a presença de Freixo e de sua equipe e se mostrou muito otimista com os novos rumos da Agência Brasileira de Promoção Internacional de Turismo, que andava distante do setor.
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Toni mostrou a Freixo as diretrizes de trabalhos do SPCVB e compartilhou um conjunto de pautas consideradas fundamentais para a promoção do turismo brasileiro, como o retorno da Marca Brasil, a atualização do Projeto Aquarela e o investimento em um sistema integrado de informações estratégicas para direcionar as decisões do setor. “As nossas expectativas são muito positivas, pois o novo presidente da Embratur, Marcelo Freixo, já vem colocando em práticas as ações apontadas e recomendadas pelo governo de Transição”, disse Toni.
Freixo foi recebido com muitos abraços. Já no auditório, diante dos olhares e ouvidos atentos, ele apresentou um panorama dos primeiros 22 dias à frente da Embratur. Nesse período, percorreu principalmente dois caminhos de trabalho: por um lado enfrentou as burocracias do processo de revisão de contratos e promoções irregulares da gestão passada; por outro lado iniciou uma jornada para compor a sua equipe e se reunir com as principais lideranças do mercado de viagem. O pente-fino na Embratur revelou uma agência inchada e desprovida de informações elementares sobre o turismo brasileiro. Nas palavras do novo presidente, a “Embratur estava em uma situação dramática”.
Em uma apresentação serena e em tom descontraído, Marcelo Freixo informou que, nos primeiros dias como presidente da Embratur, revisou os contratos e gastos irregulares da gestão anterior. Ele informou que uma única área da Agência, por exemplo, acumulava 18 gerentes. Após o pente-fino, esse número foi reduzido para 7.
“Dos 22 dias de gestão, passei 15 dentro do TCU e da AGU anulando contratos e mandando pessoas embora. Isso custou R$ 4 milhões de reais aos cofres da Embratur, um dinheiro que poderia e deveria estar sendo investido na promoção do turismo. Quem estava lá [na Embratur] era por outras razões, não pelo turismo”.
“Dos 22 dias de gestão, passei 15 dentro do TCU e da AGU anulando contratos e mandando pessoas embora. Isso custou R$ 4 milhões de reais aos cofres da Embratur”
A ausência de informações básicas como número de turistas, perfis e origens foi outro problema grave identificado pela nova gestão “Descobrimos que a Embratur não tinha qualquer informação. E onde não tem inteligência e não informação não tem planejamento e não tem política pública”, frisou Freixo, que projetou. “Eu quero que a Embratur seja um centro de referência na produção de informações para a imprensa e para todos os setores que trabalham com turismo. Precisamos ter informações de qualidade para direcionar e segmentar as nossas ações. E faremos isso em parceria permanente com vocês. Agora a Embratur está de portas abertas”.
Gestão modernizada
Em sua gestão, Marcelo Freixo quer uma Embratur modernizada, tecnológica e com uma comunicação assertiva com a imprensa, mercado e viajantes. A agência também ampliará sua voz sobre temas como sustentabilidade, diversidade… Freixo ressaltou que o desafio imediato é melhorar a imagem do Brasil no exterior, desgastada durante a gestão desastrosa da pandemia pelo governo passado. Nesse sentido, anunciou o retorno da Marca Brasil e a atualização do Plano Aquarela. “Voltaremos a promover essa marca e queremos a atualização do projeto Aquarela feito em 2005. Iremos trabalhar a marca que foi fruto de um projeto, de pesquisa e de serviço profissional”.
O presidente da Embratur ressaltou que está compondo uma equipe inteiramente técnica, altamente qualificada e conhecedora dos desafios e das oportunidades do turismo brasileiro. Na ocasião, Freixo apresentou presencialmente alguns dos integrantes da nova equipe da Embratur. “São os nossos supergerentes”, definiu ele. Mariana Aldrigui, professora da USP e presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, assume a gerência de Pesquisas e Inteligência de Dados com a missão de implantar um núcleo de produção de informações e conhecimento sobre a realidade do setor.
Jaqueline Gil é a gerente de Marketing, Inteligência e Comunicação; Roberto Gavaerd assume a função de Diretor de Gestão Corporativa; professor Saulo Rodrigues Filho passa a ocupar a recém-criada gerência de Sustentabilidade e Ações Climáticas; Bruno Reis assume e a gerência de Mercados, Feiras e Eventos Internacionais; Monica Samia assume a gerência de parceria B2B; Vaniza Schuler vai liderar o MICE; Ícaro Souza vai conduzir a Coordenadoria de Marketing Digital; e Flávia Matos assume a Gerência de Branding, Publicidade, Relações Públicas, Marketing Digital e Live Marketing.
A previsão de Freixo é que a nova equipe esteja completa em dois meses. Marcelo disse que a Embratur volta a participar da vida do turismo.
A previsão de Freixo é que a nova equipe esteja completa em dois meses. Marcelo disse que a Embratur volta a participar da vida do turismo. “A Embratur é uma empresa querida, mas o setor não sentia a sua presença há muito tempo”, constatou. “Hoje temos uma coisa grave a resolver. Com o formato de Agência, a Embratur ficou fora do orçamento e perdeu a sua fonte segura de financiamento. E não se faz promoção sem recursos. Iremos resolver esse grave problema ainda neste primeiro semestre para a Embratur ter a segurança que precisa ter. A Embratur é um lugar de investimento e de retorno. Se a Embratur der certo, quem se beneficia são as cidades, são as redes hoteleiras, a aviação, o comércio… todos ganham. A nova Embratur será mais enxuta, estratégica e focada em resultados”, apontou Marcelo Freixo, que ampliará as parcerias com outros ministérios e com a iniciativa privada.
“Quero construir algo, consolidar um trabalho. A Embratur está de portas abertas”.