Turismo no Brasil: realidade, desafios e cases de sucesso

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por Bayard Do Coutto Boiteux*

Dentro de poucos dias estaremos em 2024. O presente ano foi de recuperação. Após uma pandemia forte de COVID, os que conseguiram sobreviver, apesar das politicas equivocadas implantadas à época pelo ex presidente, foram retomando suas atividades. O turismo no Brasil conseguiu com esforços de parte da  iniciativa privada e alguns avanços do Poder Público, muito poucos, devo confessar, trilhar novos caminhos e buscar sobrevivência.

O setor mais afetado foi o de agências de viagens. Geralmente, pequenas empresas, de cunho familiar que se limitavam vender bilhetes, foram vendo as comissões desaparecerem e as pessoas não viajarem. As agências de viagens online apareceram e tornaram mais fácil a vida do turista que costuma viajar por conta própria. Via de regra, as empresas físicas são procuradas por marinheiros de primeira viagem ou pessoas da melhor idade, que ainda gostam do tratamento individualizado. A sobrevivência dos que ficaram está ancorada numa criatividade, voltada para um turismo de experiência e uma reestruturação nos roteiros triviais, que passaram a ser confeccionados com outras bases de operação e preço.

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No setor público, em grande parte dos Estados, as secretarias de Turismo viraram escritórios políticos de deputados que vão na contramão das novas tendências da gestão pública sustentável. Um político que nos surpreendeu foi o ex-deputado Marcelo Freixo, presidente da Embratur, que se cercou de uma equipe técnica e tem desenvolvido interessante e eficaz trabalho, em prol da promoção institucional. A participação em eventos internacionais pelos gestores oficiais continua sendo uma forma de viajar, inclusive com familiares e até nos envergonhar com estandes, em eventos internacionais com parte das informações em português.

A Hotelaria aos trancos e barrancos vai mostrando uma faceta com foco na prestação de serviço e eventos. Alguns hotéis se reposicionaram, como é o caso do Fairmont Copacacana, um case de sucesso no cluster de luxo. Equipe motivada e incentivada, constante criatividade na gestão e na operação e um amor incontido pelo Rio. Por outro lado, o aniversário do ícone Copacabana Palace passou desapercebido e acabou como uma faceta contraproducente para o Rio. A hotelaria familiar foi desaparecendo e dando lugar a novos tipos de hospedagem ou sendo adquiridas por cadeias internacionais.

Os conventions bureaux foram crescendo e se distanciando de sua função precípua de captação de eventos e passando a disputar espaço com os órgãos oficiais de turismo, inclusive na promoção dos destinos pela falta de dotação orçamentária nos municípios e Estados para promoção. É claro que há exceções e existem alguns projetos que ajudam o setor de Eventos efetivamente.

Falta transparência na prestação de contas e nos resultados de participação em eventos. Um exemplo de constante apresentação  de resultados, sempre destacando a equipe e os colaboradores é o Hotel Le Canton. Mônica Paixao, a CEO do empreendimento tem trazido para a discussão em redes e eventos, a política de investimentos, resultados e desafios.

As faculdades de Turismo vão perdendo sua força e não conseguem  fortalecer  um pensamento acadêmico, que conseguiu tantas transformações no mercado laboral. Passaram em 70% para o modelo EAD e as pós graduações quase não existem. A capacitação e reciclagem contínua permitem a sobrevivência dos profissionais e trazem novas formas de entender um mercado tão complexo. Falta vontade de buscar através de treinamentos um olhar diferente e mais comprometido com o Turismo.

As empresas aéreas praticam tarifas em voos internos alarmantes, sobretudo, por exemplo na ponte aérea Rio /São Paulo. Falta um conceito de empresa de bandeira, que possa nos representar e usar sua força, como um motor de desenvolvimento e divulgação. O aeroporto Tom Jobim esvaziado começa lentamente a se recuperar e torcemos para que seja um hub, como acontece com os de São Paulo.

A imprensa especializada enfatiza atividades de seus anunciantes, inclusive em premiações e não abre espaço para o contraditório que nasce das opiniões diversas. O trade turístico não pode querer simplesmente ver suas fotos estampadas ou os novos ocupantes de cargos nas diversas empresas. Importante abrir espaços para os pequenos empreendedores que fazem revoluções silenciosas.

O ano de 2024 promete e a cadeia produtiva não pode se deixar levar por personalidades efêmeras que passam e vão embora. Um trabalho de formiguinha em cada empresa, através do benchmarketing pode nos levar a resultados super animadores no final do ano.

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, pesquisador e escritor.

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