Em sua primeira entrevista desde agressão, David Dao diz que neurologista não descarta que ele nunca se recupere completamente. Ele diz que tem problemas de concentração e não consegue executar tarefas diárias com rapidez de antes
POR G1
médico vietnamita David Dao, agredido ao se recusar a ceder sua poltrona e deixar um avião da United Airlines em abril, teme sofrer danos cerebrais permanentes e diz que seu neurologista não descarta que ele jamais se recupere completamente.
Dao concedeu ao jornal britânico “Daily Mail” sua primeira entrevista desde o episódio, publicada nesta sexta (7). O médico diz que sofre de problemas de concentração, não consegue dormir direito e realiza tarefas do dia a dia lentamente. Ele diz duvidar que um dia consiga exercer a medicina novamente.
“Nem consigo pensar nisso, no quanto é assustador… pode estar assim daqui a um ano, não sei… Sou um corredor de maratonas, corri 31 maratonas, mas não posso correr, apenas caminho devagar. Apenas consigo cozinhar e usar o computador bem devagar”, afirmou.
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Segundo Dao, ele ainda se recupera de uma concussão e também precisa de uma nova cirurgia no nariz, que foi quebrado durante a agressão, na qual ele também perdeu dois dentes.
“Estou em processo de recuperação. Não consigo me concentrar direito, ou dormir direito, preciso de mais tempo para me recuperar, de mais repouso para a concussão. Preciso de cirurgia para corrigir meu nariz, mas antes de tudo me preocupo com meu cérebro”, disse ao jornal.
“Isso afeta meu sono, minha coordenação, concentração, fazer qualquer coisa. E pode ser permanente. Meu neurologista apenas diz para viver um dia de cada vez, eles não podem dizer se é permanente”, afirmou.
Ainda de acordo com o médico, apesar do pedido de desculpas público e do acordo judicial, ele nunca recebeu um telefonema da empresa ou um pedido de desculpas em particular, e todos os contatos aconteceram exclusivamente através de seu advogado.
Mesmo assim, Dao afirma que voltaria a voar com United no futuro porque, após seu incidente, a companhia mudou sua política e adotou novas regras. “Eu gostaria de ver como eles mudaram”, admite.
Agressão
David Dao viajava de Chicago para Louisville em 9 de abril, quando funcionários anunciaram que precisavam de quatro assentos para acomodar membros da tripulação. Eles selecionaram quatro passageiros,incluindo Dao e a mulher dele, Teresa, e solicitaram que eles cedessem seus lugares em troca de US$ 400 e diárias de hotel.
O médico se recusou a deixar o lugar, alegando que tinha compromissos inadiáveis com pacientes em Louisville e iniciou uma discussão, que culminou com a agressão, filmada por outros passageiros. O CEO da United chegou a emitir um comunicado no qual atribuía a culpa a Dao, dizendo que ele tinha sido agressivo, mas depois assumiu a responsabilidade sobre o caso.
A United chegou a perder quase US$ 1 bilhão em valor de mercadoapós a divulgação do vídeo com o incidente, mas chegou a um acordo judicial com Dao, por um valor não revelado.