Por pelo menos cinco dias Buenos Aires deixa de ser a capital do Tango e passa o título para Medellín.
Por Paulo Atzingen* (de Medellin) – Fotos: Juneo Videira
A cidade colombiana realiza o 13° Festival Internacional de Tango de 21 a 25 de junho e na noite da última sexta-feira na praça Botero ficou claro que ela leva a arte a sério. Cerca de 5 mil pessoas assistiram uma série de apresentações musicais; desde jovens da Orquestra de Tango da Rede de Escolas de Música de Medellin, até grupos consagrados da dança portenha. Atrás do grande palco montado pequenos artistas que esperavam o momento de sua primeira ou segunda apresentação dividiam espaço com nomes do naipe de Maria Graña e Steban Morgado.
Viviana Jaramilo Marulanda, curadora do Festival explica que o tango chegou a Medellin antes da morte de Carlos Gardel (21 de junho de 1935, em Medellin). “Já ouvíamos tango muito antes da passagem de Carlos Gardel pela cidade. Hoje celebramos este evento em homenagem aos artistas locais. São mais de 400 artistas que participam do festival”, afirmou a curadora ao DIÁRIO.
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A formação para carreiras de músico é também destacada pela curadora, que é economista e bailarina de tango. “ A orquestra de tango, completa 10 anos, um projeto de escola, da rede de Música da Cidade. Um projeto que nasceu com um objetivo claro que é retirar o jovem de qualquer atividade imprópria para seu futuro e lhe dar a oportunidade da música”, completou.
“O tango é patrimônio cultural de nossa cidade, nós vivemos e respiramos tango”, disse Viviana em tom quase poético.
Cantando Medellin
Entre estátuas do artista colombiano Fernando Botero o grande público se entusiasmou com as apresentações. Uma delas foi Keila Tonello, vencedora do prêmio de melhor cantora do festival. “Cantei a música chamada “La virtude de lo sencillo” que fala dos lugares de Medellin”, afirmou ao DT. Ela fez questão de citar o nome do autor da composição, Eduardo Fonseca. Keila venceu o festival concorrendo com outros 32 candidatos.
Casais e grupos se alternavam no palco e mostravam ao público à sua maneira a essência de uma dança, de um gênero da arte em que pesam o drama, a paixão, a sexualidade, a agressividade, e sempre aquele toque sutil de lamento e tristeza.
Ouça aqui a Orquestra de Tango da Rede de Escolas de Música de Medellin
Conectando o povo
Para a secretária de Cultura Cidadã de Medellin, Lina Botero Villa, as crianças já aos 4 anos dançam tango na cidade. “Cremos que aqui é a cidade que mais se adora e se cultura o Tango depois da Argentina”, disse. Segundo a executiva, a união do poder público e as empresas conseguiram conectar o povo à festa.
“Posso dizer que a nova cultura de Medellín foi forjada a partir da violência que experimentamos nas décadas de 80 e 90. Essa violência nos cerceou o direito à cidade. No entanto, para por fim e ao final desse ciclo, utilizamos a cultura, a música e a poesia para renascermos. A arte nos ajudou a nos recolocar e ocupar o espaço público. Houve um renascer da arte e da cidade e nós resgatamos a cidadania com ajuda dela. O poder público se uniu às comunidades”, enumerou ao DIÁRIO.
Amálgama
Como um amálgama que liga corações e mentes, o final da principal noite do festival ficou marcado pela apresentação Maria Graña e Esteban Morgado Quarteto que tocou o público com uma música de muito bom gosto. Artistas consagrados tocaram fundo o coração do medellense que cantou emocionado El dia que me quieras, de Carlos Gardel.
O festival internacional de tango, em todas as suas formas e estilos, períodos e evoluções, entrega a Medellin seu caráter de cidade inquieta, vibrante e preocupada com seu futuro. Seus administradores apostam nas novas gerações e oferecem a elas a oportunidade por meio da arte.
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*Os jornalistas viajaram a Medellin convidados pelo Medellín Travel e Greater Conventions Medellin