sexta-feira, abril 18, 2025
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O Turismo como Arte de Vender Felicidade – 2ª parte

No primeiro artigo fiz alguns apontamentos sobre os entraves do Turismo Brasileiro. Neste segundo proponho algumas soluções. Fiz essas reflexões não apenas como um profissional da área, mas como um entusiasta do setor e um apaixonado pela riqueza do nosso país, que merece ter a devida visibilidade e reconhecimento nacional e internacional. Faço também um convite para que essas reflexões também impliquem em integração e ação.

por Osvaldo Matos de Melo Júnior*


Nós sonhamos com a criação de uma Zona Federal de Excelência Turística, com interface com os diversos agentes e instituições públicas que interagem com o setor, trazendo um Posto avançado da Polícia Federal (combater tráfico de drogas e exploração sexual, ainda muito presentes, realizar emissão de documentos e o combate à corrupção), uma Unidade de Saúde do Turista, como acontece em tantos outros países. A Zona Federal de Excelência Turística seria replicada gradativamente em destinos Gramado, Bonito, Jericoaquara, Pipa, Sauípe etc. Esse é o tipo de organização e profissionalização que sonhamos e que pode ajudar o país a ser mais competitivo.

Outros pleitos importantes envolvem:

  • Federalizar toda a operação aérea, algo que representaria o fim da disputa pelos impostos estaduais, o que incide diretamente no custo das passagens. Permitir relações de trabalho através das regras da OIT e não apenas da CLT. Que o combustível de aviação seja o mesmo usado na Europa e nos EUA.
  • Envolver cidadãos da terceira idade no turismo, atuando como guias e contadores de histórias, permitindo que pessoas com total capacidade e larga experiência de vida se sintam úteis e gerem renda.
  • Criar o Sistema de Prevenção e Controle à Exploração Sexual no Turismo, dando um selo de qualidade aos espaços que aderirem.
  • Trazer um EcoParque da Disney para o país (uma Disney Tropical), que seria o primeiro da América Latina e outros equipamentos internacionais para ativar mais destinos e gerar fluxo de visitantes e divisas. Ou até criar uma zona estratégica de desenvolvimento turístico na Amazônia, para atrair ainda mais americanos e canadenses, bem como nossos vizinhos na América Latina. Nesse contexto, os empresários teriam isenção de impostos durante 20 anos, e em contrapartida gerariam renda, emprego e ativariam mais de 52 segmentos que fornecem para o turismo e pagam impostos.
  • Definir linhas perenes de financiamento da promoção turística profissionalizada, para que o Brasil tenha pelos menos o que o México tem no seu marketing Turístico nacional e internacional.
  • Ordenar a orla, com controle, segurança e serviços especiais estabelecidos a partir da criação de áreas integradas de turismo em grandes destinos nacionais.

Neste planejamento, precisamos também ter no horizonte todos os desafios com os quais lidamos como setor e como país. Temos um ambiente de negócios burocrático e que ainda afasta o investimento; infraestrutura turística precária (acessos de má qualidade nas rodovias, ferrovias e hidrovias); carência de saneamento, deficiência nos equipamentos e necessidade de restauração do patrimônio turístico, além de qualificação profissional; problemas de embargo pelo Ministério Público em píeres e portos, devido à excessiva quantidade de normas e fatores burocráticos de diversos órgãos e pastas; impostos de parques temáticos, que poderiam ser reduzidos para alíquota zero, a fim de gerar uma maior capacidade de prospecção; conectividade aérea (aumentar a quantidade de voos, sobretudo regionais, e melhorar competitividade de preços).

Temos também má gestão dos recursos e dos cargos técnicos; falta de articulação com o trade; pulverização de recursos para cumprimento de Emendas Parlamentares impositivas, dissociadas dos polos de interesse turístico; desvio de foco com obras de infraestrutura (precisamos de mais transparência e adequado monitoramento do Ministério do Turismo para garantir que essas obras aconteçam em locais de interesse turístico, não político); falta de segurança jurídica; precisamos dispor de equipes qualificadas na promoção, mais investimentos e devida fiscalização; falta de linhas de financiamento permanentes para a promoção turística nacional e internacional; falta de associação da marca Brasil com grandes marcas mundiais com fazem os Estados Unidos, o Reino Unido, Japão entre outros; falta de investimentos em merchandising em produções de audiovisual com locações no Brasil; investimento em Big Datas com inteligência artificial cognitiva para tomadas de decisões, estratégicas rápidas e em tempo de solução.

Diante disso, sugerimos iniciativas como a abertura de capital estrangeiro para companhias aéreas (existe o PL 2724/2015); estudar a Política de Céus Abertos; estudar a redução do custo do querosene, unificando e reduzindo as alíquota de ICMS que incidem no combustível nos estados

Acrescidos a isso, ampliar o visto eletrônico nos consulados; isenção de Visto de forma unilateral para países com grande capacidade de emissão de turistas, ou implantação de vistos online; um Plano de Segurança Pública para  turismo; criar um Protocolo, integrado com a cadeia produtiva do setor turístico, para atendimento de Turistas que sofreram agressões ou roubos; implantar o Wi-Fi público nos pontos turísticos; declarar áreas especiais de interesse Turístico, criadas por Lei, visando atrair investimento (a exemplo, Cancún, Orlando, Las Vegas Singapura). Isso apenas para citar algumas iniciativas práticas.

O Brasil, e o mundo, devem começar em breve a transição de volta à normalidade, após um ano de uma pandemia global que afetou as vidas, a economia e impactou seriamente os setores de serviços, alimentação, viagens. Nosso turismo, mais do que nunca, precisa de mobilização e reestruturação, para retomarmos do ponto onde paramos e seguirmos com o nosso trabalho diário de posicionar o Brasil como um dos principais players mundiais.

Estamos à frente de um mercado de sonhos, de uma indústria que tem como arte a criação da felicidade, de emprego e renda e de conexão espiritual e com a natureza. Nosso país é um destino privilegiado e o turismo tem todos os meios para mostrar isso ao mundo – e aos brasileiros. Precisamos confiar mais, investir mais, nos organizar, nos unir e inovar. Isso é muito maior que política, ideologia, governo. É a alma do nosso negócio, a essência do nosso país.


*Osvaldo Matos de Melo Júnior é Sociólogo, Publicitário, Cientista Político e Jornalista. Tem diversas especializações em Gestão Pública, Gestão do Turismo, Marketing Digital, Inteligência competitiva e Comunicação Pública.

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