O espírito de inventor de Paulo Roberto Paim Borges o acompanha desde a adolescência quando, aos 15 anos, em Vacaria/RS, criou seu primeiro produto: o Sabão Rodeio. “Meu pai me incentivou a pensar como um industrial. Vacaria tinha muitos matadouros e eu, com mais três amigos, usamos o sebo desses abatedouros para fazer sabão em barra. Vendíamos para armazéns, casas de secos e molhados”, adianta Paim ao DIÁRIO, em entrevista exclusiva.
REDAÇÃO DO DIÁRIO
De lá para cá, Paim Borges tem colecionado experiências bem sucedidas, quando não, reinventa-se e readapta-se.
Em 1972 desenvolveu a primeira embalagem Tetra Pak, com alumínio, papelão e polietileno no Brasil ao aproveitar a oportunidade que surgiu na crise das Vinícolas gaúchas. “Naquele ano (1972) comprei uma vinícola e lancei o vinho “O Monge”durante a Festa da Uva Caxias do Sul”, conta ao DIÁRIO.
A criatividade e o faro para negócios são marcas registradas de Paim. Em 1975, de forma pioneira, começou a produção de suco de uva concentrado no Brasil. “Tive um pedido de 1 milhão de litros para os Estados Unidos”, afirma criando expectativa em sua fala calma e pausada.
Veja também as mais lidas do DT
Suco de uva em lata
“”Eu lancei no país a fabricação de suco de uva concentrado. O grande mercado era os Estados Unidos que comprava muito do Brasil. Como eu não sabia falar inglês, contratei um tradutor que foi comigo pra Nova Iorque. Lá, no consulado brasileiro, contatamos com importadores e tive a felicidade de vender um milhão de litro de suco concentrado”, conta Paim ao DT. Com o negócio fechado e contrato assinado volta ao Brasil.
“Estávamos na safra e estoquei esse um milhão de litros. Mas tivemos um problema: entrou a crise do petróleo de 1973, e os americanos cancelaram o pedido. Pior, o mercado no Brasil não existia. Não tinha pra quem vender”, lembra Borges, mas não se lamenta. “E então eu peguei o carro e fui pra Matão, na Citrosuco, fábrica da Lanjal. Procurei o senhor Carl Fischer que era o dono da Citrosuco e disse a ele: o senhor tem o Lanjal porque não lança o Uvajal?”; Ele me respondeu:”Olha que boa ideia!!? Mas onde é que eu vou comprar essa uva?” Eu lhe respondi. “Eu tenho pra lhe vender!” Ele me comprou um milhão de litros de suco de uva concentrado”. A Uvajal entrava no mercado.
Produtos para hotéis e restaurantes
Essas e outras histórias compõem o repertório deste homem de 82 anos que viaja do Rio Grande do Sul para São Paulo quatro vezes ao mês, tem uma saúde de ferro e não pára de inventar e empreender.
Com marcas já consolidadas no sul do Brasil, Paim implanta no Sudeste sua mais recente invenção: os produtos Tasky.
“Agora estou me dedicando bastante na fabricação de produtos que tem a maçã como matriz: vinagre de maçã, suco de maçã integral e a cidra que é uma champanhe de maçã”, enumera.
Com fábrica de envasamento em Ribeirão Pires, e de logística em Jundiai, o industrial que já conquistou o varejo, quer agora alcançar os hotéis e restaurantes do sudeste do país.
“Essa marca vai ser integrada ao consumo da região Sudeste e tanto os hotéis, como restaurantes estão no nosso radar”, adianta.
Capacidade de entrega
Falando em números, a capacidade de entrega de suco de maçã para o mercado de São Paulo, é, segundo Paim, de seis milhões de litros por mês. “A Maçã, diferente da Uva, é o único produto que tem safra o ano todo. Ela é colhida, vai pra uma câmara fria, é classificada, uma parte vai para o mercado in natura outra vai para a industrialização. Matéria prima e mercado têm de sobra. Mas quero chegar nas redes hoteleiras”, adianta ao DIÁRIO.
A enorme quantidade de maçãs do Rio Grande do Sul e o espetacular mercado consumidor da região Sudeste não fariam sentido sem a cabeça, o coração e a disposição desse industrial chamado Paulo Roberto Paim Borges, que de forma incansável, mais uma vez faz acontecer.
Serviço:
