A Colômbia está totalmente comprometida com o Acordo de Paris, o tratado global adotado em dezembro de 2015 e assinado por 195 países com o objetivo de conter o aumento do aquecimento global. O que isso tem a ver com turismo? TUDO!
Por Paulo Atzingen (De São Paulo)
O país de Gabriel Garcia Marques se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 51% até 2030, em relação aos níveis projetados. Em outubro passado, o país fez um leilão de energias renováveis não convencionais e já tem 11 projetos de energia solar concedidos a nove empresas internacionais com fornecimento dessa energia a partir de janeiro de 2023.
E não é só isso: O governo colombiano tem se preocupado em promover um turismo cada vez mais sustentável. Segundo a presidente da ProColombia, Flavia Santoro Trujillo, o órgão federal que cuida do Turismo e dos investimentos estratégicos daquele país, a Colômbia é um dos primeiros países do mundo a aderir à Coalizão para o Futuro do Turismo, criada por organizações internacionais como Green Destinations, Tourism Cares e The Travel Foundation, entre outras. “Somos um dos 12 países que têm uma política a favor da sustentabilidade, que é um verdadeiro luxo e que temos que aproveitar”, diz Flávia Santoro em entrevista exclusiva ao DIÁRIO.
Ainda, segundo a executiva, a ProColombia procura promover o investimento estrangeiro em projetos turísticos de impacto econômico, mas também social e ambiental. “A Lei do Turismo e a Lei do Investimento Social são fundamentais no nosso esforço promocional, uma vez que proporcionam incentivos fiscais que promovem a construção de novos hotéis, novos parques temáticos e a sua remodelação”.
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Acompanhe, a seguir, a entrevista concedida ao jornalista Paulo Atzingen, editor do DT:
DIÁRIO – O governo da Colômbia propõe uma chave tríplice na diversificação da matriz energética: descarbonização, oportunidades de negócios e abastecimento limpo para todos. Como isso será possível com uma economia de mercado global que torna as pessoas e os indivíduos cada vez mais consumistas e produtores de lixo?
A transição energética e as energias renováveis têm sido uma das prioridades do Governo Nacional, com componentes social, ambiental e econômico.
Seguindo esse objetivo, por meio da ProColombia nossa estratégia consiste em promover e atrair novos investimentos em geração de energia e serviços associados, para fortalecer e complementar nossa matriz energética nacional e garantir a confiabilidade do abastecimento.
Desde o início do governo do presidente Iván Duque (agosto de 2018), chegaram sete projetos de energias renováveis apoiados pela ProColombia, com negócios fechados por US$ 446 milhões; Em 2019, foram registradas 17 iniciativas no valor de US$ 1,6 bilhão; e em 2020, foram 24 projetos com investimentos de US$ 3,7 bilhões, ou seja, mais de oito vezes o valor de 2018. E entre janeiro e outubro de 2021 foram certificados 14 projetos no valor de US$ 3,1 bilhões.
Por outro lado, graças à lei de transição energética (Lei 2.099 de 10 de julho de 2021), o setor foi fortalecido, bem como os incentivos e benefícios fiscais para as energias renováveis e um novo modelo de negócio foi criado para a prestação do serviço de energia elétrica para famílias localizadas nas áreas mais remotas da Colômbia com fontes de energia renováveis não convencionais.
DIÁRIO – No último Leilão de energias renováveis vocês anunciaram 11 projetos solares concedidos a nove empresas para o fornecimento de energia a partir de janeiro de 2023. Quanto será o investimento médio de cada empresa para esses projetos e quais as concessões (contrapartidas) do governo?
Essa é uma ótima notícia para o país, já que esses projetos multiplicam por 100 a capacidade instalada de projetos de energia limpa na Colômbia.
A atribuição dos projectos, pelo Governo, deu-se através do leilão de energias renováveis não convencionais, realizado no dia 26 de outubro, com o qual a Colômbia alcançou um novo marco para continuar consolidando a Transição Energética e o combate às mudanças climáticas.
Os 11 projetos de geração conquistados representam investimentos da ordem de US$ 3,3 bilhões, para atingir cerca de 4.800 empregos nos 9 departamentos onde serão construídos esses novos projetos de geração, promovendo assim a reativação sustentável da Colômbia.
DIÁRIO – No que se refere ao Turismo da Colômbia, como a senhora avalia as perspectivas de ingresso (chegada) de turistas internacionais que reconhecem na Colômbia um país que oferece segurança, estabilidade política, gestão responsável das finanças públicas e enorme potencial humano. A senhora acredita que o turismo do futuro poderá ser pautado nessas premissas?
Hoje podemos dizer com otimismo que o crescimento do número de chegadas de turistas ao país é um claro exemplo da nossa rápida reativação do setor turístico e da confiança que os viajantes depositam em nosso país em termos de segurança, estabilidade política e crescimento econômico. .
Os números falam por si. Por exemplo, em 2019, que foi um ano histórico para o setor, o turismo gerou 9% dos empregos existentes no país.
Da mesma forma, esta indústria reportou geração de divisas de US$ 6,754 bilhões e contribuiu com 4% do PIB do nosso país.
Nesse mesmo ano, a ocupação hoteleira atingiu a média histórica de 57%, a maior em 15 anos. E 4,5 milhões de visitantes não residentes vieram ao nosso território.
Nesta conjuntura em que se encontra o mundo, existem outros fatores que também fazem parte das considerações do viajante na hora de escolher seu destino turístico, como o enfoque nas questões relacionadas à sustentabilidade, onde a Colômbia obteve avanços importantes.
O Governo tem se preocupado em promover um turismo cada vez mais sustentável. Graças a isso, hoje somos um dos primeiros países do mundo a aderir à Coalizão para o Futuro do Turismo, criada por organizações internacionais como Green Destinations, Tourism Cares e The Travel Foundation, entre outras. E somos um dos 12 países que têm uma política a favor da sustentabilidade, que é um verdadeiro luxo e que temos que aproveitar.
DIÁRIO – Estive em Medellin por duas vezes e fiquei impressionado com os investimentos em mobilidade urbana – em especial o metrocable – que serve tanto ao turista como ao morador. Esse tipo de projeto urbano inclusivo continua sendo desenvolvido em outras cidades da Colômbia?
O caso do metrocable em Medellín é um exemplo de como os projetos de mobilidade urbana têm um impacto positivo não apenas nas comunidades locais, mas também no setor de turismo.
Da ProColombia procuramos promover o investimento estrangeiro em projetos turísticos de impacto econômico, mas também social e ambiental.
Neste sentido, a Lei do Turismo e a Lei do Investimento Social são fundamentais no nosso esforço promocional, uma vez que proporcionam incentivos fiscais que promovem a construção de novos hotéis, novos parques temáticos e a sua remodelação. Dentro de nossa estratégia, promovemos ativamente oportunidades para atrair investimentos para o setor em mercados como Tailândia, Cingapura, Indonésia, Espanha, Reino Unido, França, Estados Unidos, México, Chile e Costa Rica. Nossa reativação é imparável.
A ProColombia, em conjunto com o Ministério do Comércio, Indústria e Turismo, avança na formação de atores do setor e investidores sobre as vantagens e benefícios que os Projetos Especiais de Turismo (PTE) trazem para a geração de novos projetos hoteleiros e turísticos nas regiões do país.
Alguns dos novos projetos:
A rede Marriott inaugurou recentemente o primeiro hotel da marca Residence Inn em Bogotá, após um investimento de mais de US$ 16 milhões e dois anos de construção, em um conceito de 131 apartamentos pensados para estadias longas.
Até o final deste ano e/ou início de 2022, está prevista a conclusão das obras do Sofitel Barú, que terá 187 quartos e investimento de US$ 60 milhões. Este é o novo empreendimento hoteleiro da francesa Accor em Cartagena e o número 20 no país.
A rede espanhola Sirenis está construindo um hotel em San Andrés com 254 quartos, cuja conclusão está prevista para o primeiro trimestre de 2022.
Destaca-se também o recente anúncio da empresa equatoriana Metropolitan Touring de que, em aliança com a multinacional de cruzeiros fluviais AmaWaterways, desenvolverão um roteiro turístico no rio Magdalena. O navio entrará em operação em dezembro de 2023.
Soma-se a essas iniciativas o desenvolvimento do Caribe Aventura, considerado um dos maiores parques temáticos da Colômbia, localizado em Piojo, no Atlântico. Com inauguração prevista para o final de 2021 ou início de 2022, sua operação prevê a geração de mais de 1.200 empregos indiretos, sendo um dos novos projetos de infraestrutura que impulsionarão o turismo na região.
DIÁRIO – Quais serão os investimentos internacionais em promoção do Destino Colômbia para 2022?
Nossa estratégia para promover o país como destino imperdível para o turismo está centrada em cinco pilares de atuação.
O primeiro é liderar a recuperação da conectividade aérea, marítima e terrestre. Neste ponto, queremos atingir mercados com controles sanitários adequados e que tenham um segmento de alto gasto.
O segundo é transformar o país em um importante pólo de eventos inovadores na América Latina, adaptando-os às novas tendências do setor de eventos.
O terceiro pilar é promover o país numa perspectiva macrorregional, por meio da nossa nova estratégia das Seis Regiões que Encantam, promovendo novos segmentos e nichos de elevado gasto pouco explorados para diversificar a nossa oferta em nível internacional de produtos como o turismo de luxo, náutico, ciclismo, observação de borboletas e anfíbios, destino LGBT, turismo comunitário e arqueologia.
O quarto ponto é posicionar a Colômbia como o destino número um em sustentabilidade na região, aproveitando a Política de Turismo Sustentável e a Lei Geral de Turismo do Ministério do Comércio, Indústria e Turismo.
E, por fim, o quinto pilar divide-se em dois eixos temáticos: fortalecer o canal B2C com ações de marketing e fortalecer o canal tradicional nos mercados que o demandam. E, por outro lado, fortalecer o ecossistema digital da ProColombia, adaptando conteúdos como o Programa de Capacitação em Exportação e ampliando as oportunidades e serviços para a reativação do setor.
*Paulo Atzingen é jornalista, fundador do DIÁRIO DO TURISMO