QUAL É O GOSTO DA ETERNIDADE? – por José Augusto

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Antoine de Saint-Exupéry reflete sobre a eternidade em “Cidadela”, inspirando questionamentos profundos sobre o tempo e o significado da vida. Confira no texto a seguir:

“Há um tempo para escolher entre as sementes, mas há também um tempo para gozar do medrar das searas, depois de se ter escolhido uma vez por todas. Há um tempo para a criação, mas há também um tempo para a criatura. Há um tempo para a faísca rubra, que rompe os diques nos céus, mas há também um tempo para as cisternas em que as águas derramadas se vão reunir. Há um tempo para a conquista, mas lá vem o tempo da estabilidade dos impérios: eu, que sou servidor de Deus, tenho o gosto da eternidade.”

Antoine de Saint-Exupéry
– Cidadela – Capítulo II – página 18

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Essa frase de Saint-Exupéry na verdade é uma inspiração a um versículo da Bíblia, visto que ele era muito espiritualizado como já relatamos aqui algumas vezes. Aproveitamos então esse trecho tão curto mas que na verdade diz muito: “Tenho o gosto da eternidade”. Pra você o que é a eternidade? O que seria esse “momento” que nunca termina? E mais, qual seria o gosto da eternidade? Podem haver muitas respostas dependendo de cada pessoa.

A eternidade pode ser algo muito precioso e por isso pode haver vários gostos: o gosto da saudade, o gosto da plenitude, o gosto da consciência tranquila, entre outros. Mas para Saint-Exupéry, pode ter gosto de aprendizado.

Para nós, que principalmente nos dias de hoje gostamos de ter o controle de tudo (mal- acostumados a ter tudo a um toque de distância), como simplesmente respeitar o tempo das coisas? Como o próprio Saint-Exupéry citou a ideia de termos tempo para tudo, como podemos entender plenamente o momento para ter sucesso e para o fracasso e simplesmente respeitá-los, sem querer estender um, e evitar a todo custo o outro?

Como entender que há tempo de alguém estar conosco e hoje não estar mais? Como entender que há tempo de alegria e há tempo de tristeza? De fato, se soubéssemos o timing certo para “momento”, iríamos querer evitá-lo a todo custo ou por saber justamente que há tempo para tudo iríamos valorizar muito mais os momentos de alegria?

O gosto da eternidade para o piloto e escritor poderia ter mil e um significados mas de fato, algo ele entendeu: A riqueza de reconhecer os valores e até mistérios da vida, esses sim podem ser grandes triunfos.

Uma curiosidade interessante é que o livro Cidadela, de Saint-Exupéry, é uma obra póstuma, uma vez que não foi terminado por ele. Sua publicação, de 1948, 4 anos após o seu desaparecimento, reúne reflexões de vida do piloto da Aéropostale.


Crédito: José Augusto Cavalcanti Wanderley
Colaborou: Nicole B. Vieira da Rocha Santos

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