Raridade histórica tomba frente ao descaso – por Nestor Rocha*

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O estado do Rio  de Janeiro abriga o maior acervo de fazendas centenárias do mundo, a maioria delas concentradas no Vale do Café. Outras regiões possuem também acervos maravilhosos que somente se mantém de pé  porque seus proprietários promovem obras de restauração, sempre com custos elevados. Estes proprietários preservam o patrimônio intocado, abrem suas portas à visitação, mesmo com perda de privacidade e o fazem porque entendem que no fundo não são proprietários de nada e sim guardiões de um pedaço da história do nosso país.

Estas observações decorrem da tristeza decorrente da noticia veiculada pela televisão de que a centenária Fazenda Colubandê localizada no município de São Gonçalo, aqui no Estado do Rio de Janeiro, está sendo saqueada, tendo se transformado em presa fácil para saqueadores de obras de arte. Por falta efetiva de comprometimento oficial com a cultura de  nosso Estado, tal  patrimônio objeto de tombamento pelo INEPAC, vem sendo destruído dia a dia, alvo de vândalos e de inescrupulosos conhecedores de obra de arte que, aproveitando-se do descaso depredam por maldade e saqueiam por ambição.

De nada adianta promover tombamentos e entregar o patrimônio nas mãos de larápios e gatunos.  O melhor é incentivar o particular a dele cuidar, a ele proteger e manter.

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Nós do Preservale, um instituto particular, sem fins lucrativos, que há 20 anos promove, protege e cuida do Vale do Café, temos proposto e lutado que se destine pelo menos  20%  de todas as isenções concedidas por força do mecanismo das leis de incentivo a cultura, tanto do âmbito federal quanto no estadual e no municipal para a proteção deste patrimônio pois esta é a única forma efetiva de criar um fundo para gerenciar tais situações e atender ao pressuposto constitucional de preservação da cultura para as gerações futuras.

Sem uma ação de estado nesse sentido, sem que haja uma efetiva reserva de mercado que ampare este segmento pouca coisa, quase nada, destes recursos serão aplicados na preservação de nossa história pois fica muito difícil disputar verbas com os holofotes do cinema, os neons dos letreiros de teatro ou os balões que acompanham os shows da praia de Copacabana.

Vamos caminhar para que as discussões iniciadas no Seminário Preservale para o turismo e a sustentabilidade, realizado em Paty do Alferes no último mês, sensibilizem o setor oficial e a iniciativa  privada para que, com a união de esforços, evitemos que o episódio da fazenda de São Gonçalo se repita.

Nestor Rocha é presidente do Preservale.(www.preservale.com.br)

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