Marcelo Fernando Picka van Roey, presidente da ABR – Resorts Brasil, fala ao DIÁRIO sobre questões-chave relacionadas à evolução da atividade no país
A Resorts Brasil completa 21 anos em 18 de dezembro. Em duas décadas, conseguiu dar visibilidade ao segmento e dotá-lo de organicidade institucional. Tornou-se porta-voz dos associados nos diferentes fóruns, por meio de um trabalho consistente de representação no relacionamento iniciativa privada e poder público. E firmou-se como instituição de peso no contexto em que atuam as demais entidades congêneres no trade de turismo.
Marcelo Picka van Roey, presidente da ABR, lembra que “um resort é o lugar onde o hóspede encontra toda estrutura para a prática de atividades múltiplas. De golfe ao tênis, passando pelo futebol, vôlei de praia, hidroginástica e equitação, a oferta de diversão prima pelo bom gosto, estrutura impecável e excelência na qualidade dos serviços prestados”.
O executivo, detentor de carreira bem-sucedida na área de hotelaria do Senac São Paulo, acrescenta que a maioria dos resorts localiza-se na proximidade de de áres protegidas (APAs). “Atentos ao conceito de sustentabilidade e proteção do meio ambiente, essa é uma bandeira inegociável, empunhada pela Resorts Brasil”, enfatiza.
Pautas em Comum
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O exercício contínuo da representação exercida pela ABR exige conhecimento específico do segmento de resorts e, ao mesmo tempo, conexão com os players de entidades congêneres. Essa união de esforços envolve entidades como FOHB, SINDEPAT e ABRAP – entre outras. “Embora cada segmento tenha interesses específicos, há pautas em comum. Na luta contra os efeitos da pandemia C-19 na atividade turística, o G20 comprovou que atuar de forma conjunta e coesa eleva a consistência dos resultados alcançados”, pondera Marcelo Picka van Roey.
Marcar presença é indispensável
O dirigente tem plena convicção de que o papel das entidades representativas extrapola o plano interno e precisa levar a voz dos representados às instâncias decisórias, no âmbito dos três poderes. “Embora devessem, governantes e legisladores não têm a dimensão do nosso setor, do número de empregos que nós geramos e das nossas dificuldades. Hoje, contamos com alguns parlamentares que entendem um pouco mais do nosso segmento, mas a maioria não sabe, exatamente, o que nós fazemos”, explica.
Ele diz que a presença junto aos organismos governamentais deve ocorrer por meio de uma pasta de Advocacy, com representantes que façam o corpo a corpo para mostrar a realidade setorial. “Nós assumimos a condição de porta-vozes dos resorts associados, para mostrar que podemos fazer a diferença”.
Cabe elucidar que Advocacy é uma prática exercida no interior das instituições do sistema político, com a finalidade de influenciar a formulação de políticas e a alocação de recursos públicos.
Ao mesmo tempo que informa e apresenta estudos balizados, funciona como mecanismo de pressão para se alcançar objetivos específicos.
Questão do ECAD
Muito se fala a respeito do tema, mas ainda não se chegou a um consenso. Vale lembrar que a sigla ECAD significa Escritório Central de Arrecadação e Distribuição. Ele é regido pelas leis 9.610/98 e 12.853/13 de Direitos Autorais, e administrado por sete associações de música. Finalidade é facilitar o processo de pagamento e distribuição dos direitos autorais.
Marcelo Picka van Roey assim se posiciona: “Ninguém se recusa a pagar, nós só achamos que é preciso ser justo e, também, saber o que é feito com esse dinheiro. Não há preocupação quanto a pagar, desde que a cobrança seja feita de maneira correta. Transparência é inerente ao conceito de compliance, em quaisquer atividades”.
Cumprir a lei
O presidente da Resorts Brasil sustenta que é necessário pagar aquilo que é de direito. “Em nossas associadas, colaboradores que trabalham com caldeiras recebem pela insalubridade, têm todos os treinamentos, registros e os respectivos adicionais. O mesmo ocorre em se tratando de pessoas que trabalham com produtos químicos. Temos de ser justos, para salvaguardar a representatividade do nosso segmento”.
Segundo ele, a ABR cresce e evolui. “Talvez sejamos a única entidade que cresceu durante a pandemia. Estamos com 56 resorts e nossa expectativa é chegar a 60, até o final de 2022”, prevê.
Desafios
O executivo reitera a necessidade de intensificar a presença em Brasília, enquanto porta-vozes dos associados. “Nós entendemos de hotelaria, temos clareza dos nossos gargalos e dos problemas que nos afligem. Nossa obrigação é levar nossa realidade aos parlamentares, que às vezes não têm ideia do que está acontecendo”.
Porém, diz que é necessário apresentar os pleitos de uma maneira coesa, com estudos, conceitos, números reais e concretos, para evitar tomadas de decisão que prejudiquem o setor. Exemplifica com a demanda focada na diária 24 horas. De forma didática, Marcelo Picka van Roey explica que “com a diária 24 horas, nós não arrumamos o quarto entre um hóspede e outro. Se eu entro às 13h00 e saio às 13h00, o outro entra ás 13h00 e é impossível arrumar o quarto”.
Ao finalizar, o presidente da ABR salienta que “muitas vezes, são questões básicas, que escapam ao entendimento do parlamentar. Então, nosso papel é traduzir o mercado hoteleiro, traduzir as nossas dificuldades e os nosso anseios. Só assim eles poderão nos ajudar”.
Sinopse sobre o dirigente
Marcelo Fernando Picka van Roey é graduado em Tecnologia em Hotelaria pelo Centro Universitário Senac, em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e MBA em Economia do Turismo pela USP.
Iniciou carreira profissional na BSH International, como Consultor e Asset Manager de propriedades hoteleiras. Atuou como professor de desenvolvimento de projetos hoteleiros, inclusive no Centro Universitário Senac.
Em 2005, assumiu a coordenação da área de hotelaria do Senac São Paulo. No mesmo ano, recebeu o desafio de comandar os hotéis-escola Senac, onde atua até hoje, como responsável pelo Grande Hotel São Pedro e Grande Hotel Campos do Jordão. Desde 2021 é Presidente da Resorts Brasil. (EDITORES DO DIÁRIO)