Rogério Tavares, CEO da Hoteys Seguros: vamos ampliar garantias ao setor da hospitalidade

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Rogério Tavares explica nesta entrevista que um dos objetivos da Hoteys Seguros é também envolver as seguradoras na necessidade de implementar esse formato de negócio no mercado.

por Cecília Fazzini (texto) e Paulo Atzingen (entrevista)


A envergadura do mercado empresarial de seguro, que projeta movimentar R$ 5 bilhões este ano e crescimento da ordem de 6,5% até 2028, segundo a CNTUR – Confederação Nacional de Hotéis, Restaurantes e Bares, deu ânimo ao novo e exclusivo produto, que busca ir além do trivial na atividade de lastro para os negócios da hospitalidade no País.

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Os riscos a que estão submetidos os empreendimentos hoteleiros e a falta de um olhar mais particularizado, capaz de oferecer garantias e segurança na medida que a gestão dessa atividade sinalizava, formataram a nova corretora. A Hoteys Seguros, sob o comando do Solys Group – nome que reúne experiência de três décadas no mercado de hotéis – nasce de um flanco apresentado no dia-a-dia. Rogério Tavares, idealizador e sócio da corretora, reconhece a complexidade de se atender o segmento que tem especificidades, de acordo com o jeito de administrar e o perfil de cada meio de hospedagem. “Faltava mais do que um seguro, o mercado se encontrava carente de orientação e o que identificamos foi um grande nicho a ser contemplado”, sintetiza o empresário, que atua na operação da hotelaria desde 1988.

Maranhense e há seis anos estabelecido em Curitiba, Tavares conta que como empreendedor, já tendo comandado rede própria, como SOLARE HOTÉIS, vendida por ele em 2012, nunca foi assistido por um seguro adequado. “Percebi na prática, como empresário, a necessidade de uma consultoria que guiasse a hospitalidade como um todo na escolha de um seguro, capaz de atender as particularidades desse mercado”, revela. Foi nessa convicção que se baseou para dar a largada para a operação da nova corretora, em meados de outubro passado.

O sócio fundador da Hoteys Seguros relaciona que além da lacuna existente no mercado de seguros, também havia falta de conhecimento da parte dos gestores. Essa condição levava à contratação equivocada dos serviços, segundo ele. “A gente acabava tentando fazer só o trivial e, quando havia uma ocorrência, nunca estávamos seguros de fato, com a cobertura desejada”.

Cenário promissor alavanca ainda mais as previsões otimistas. Até 2027 está prevista a abertura de aproximadamente 300 novos meios de hospedagem, o que inclui hotéis nacionais, empreendimentos familiares e pousadas. “Isso gera um fluxo muito grande de pessoas, panorama que combina com o que a Hoteys Seguros  quer contribuir, para que os empreendimentos tenham o melhor e mais personalizado seguro”, salienta Tavares.

Mercado empresarial hostil na hospitalidade

Para Tavares, apesar do seguro para os negócios da hospitalidade ser obrigatório desde 1967, o empresariado se comporta de forma hostil, às vezes, não muito bem informado sobre o que está adquirindo. “Existe muito hotel que não tem seguro e encara o assunto como obrigação e não como diferencial e proteção, para dar continuidade ao seu negócio”, sinaliza. Além do patrimônio, o executivo da Hoteys Seguros é categórico que a visão do proprietário do hotel deve estar voltada para a proteção do próprio hóspede e dos seus funcionários.

Sobre o grau de conscientização a respeito da importância de se contratar um seguro sob medida, Tavares destaca que a hotelaria ligada à rede – nacional ou internacional já está melhor servida e mais atenta aos benefícios e cuidados. Já na seara dos hotéis independentes ainda há um caminho a ser percorrido: “ainda encaram o seguro como despesa”, reitera.

No seu entender, trata-se de uma questão que deveria compor a pauta e encontros das associações e entidades hoteleiras, que abraçassem a causa da necessidade de se ter um mercado muito mais maduro para a gestão de risco.  “Na verdade o que se tem que fazer é se preparar para evitar, da melhor forma possível, que esses riscos e acidentes aconteçam, isso na verdade é que é valor de mercado”, ensina o criador da Hoteys Seguros.

Seguro alcança também hóspede e colaboradores

Enquanto a aplicação do seguro ainda se concentra sobre o patrimônio, a nova seguradora se esmera em olhar em outras direções dentro do espectro da hospitalidade. Na tentativa de proporcionar um seguro mais customizado e inovador, a Hoteys Seguros se prepara para lançar, até o próximo mês, um seguro para o hóspede. “A ideia é uma apólice que cerque o hóspede, que passa a contar com um seguro durante o período dele dentro do hotel, durante a permanência”, adianta Tavares. Diferente do seguro-viagem que, no entender do empresário, está contemplado pelo viajante brasileiro mais nos roteiros internacionais, “o que está sendo formatado é o cuidado com o hóspede, um plus a ser vinculado à oferta, no momento da reserva”, justifica ele. Mudanças de ambiente, de clima, contato com a alimentação das regiões visitadas e outras divergências de hábitos, que podem impactar a saúde e o bem-estar do hóspede , se somam, de acordo com Tavares, para que o hotel considere assegurar o seu cliente durante a estada em suas dependências.

Hoteys Seguros
Segundo Rogério, o Concierge de Seguros é um profissional que vai além do papel de corretor: “o concierge estabelece uma via mais amigável, no modelo de consultoria”, afirma (Crédito: Osiander Jabes – divulgação)

Um produto para cada perfil do negócio hoteleiro

As características que demarcam o seguro endereçado a um meio de hospedagem voltado exclusivamente ao lazer ou aquele que recebe também o cliente de negócios pesam na contratação. Se por um lado o hóspede corporativo convive pouco tempo dentro das dependências do hotel, toma o café, não almoça e no máximo utiliza um room service, por outro uma convenção implica em oferecer comida a um grande grupo, dentro dos parâmetro da segurança alimentar. Também envolve patrimônio humano, no exemplo de Tavares: “um renomado jogador de futebol se acidenta em área do hotel e fica sem jogar, imagina o que isso acarreta  em valores, é um sinistro”.

O hóspede de lazer, por sua vez, cuja presença nas estruturas dos hotéis é ainda mais intensificada, requer adequação de espaço de circulação, sinalização, indicação de profundidade de uma piscina, atividades que demandem maior esforço físico, hotéis que são vizinhos à um terreno baldio, com mata seca e risco de foco de incêndio. “Tem que adequar o seguro para a realidade do hotel”, orienta o idealizador do Hoteys Seguros. E se cada hotel tem a sua particularidade, Tavares recomenta que a saída é cada um ter o seu próprio “Manual de Gestão de Risco”. 

O concierge de seguros

Para não cair na vala comum da persuasão ao hoteleiro, a Hoteys Seguros cria a figura do Concierge de Seguros. “É um profissional que vai além do papel de corretor. É comum, no setor, a imagem de que o vendedor de seguro quer apenas comercializar o produto e  que encerra ali o relacionamento”, relaciona Tavares. E complementa que o concierge estabelece uma via mais amigável, no modelo de  consultoria, adequado à realidade de cobertura que o empreendimento pede. Ele cita o exemplo de uma reconstrução após um eventual sinistro. Nesses episódios é que atua de forma explícita o concierge. O hotel que para reconstruir vai gastar 15 milhões de reais, autoriza fazer o seguro com a cobertura de 50 milhões de reais. “O que a gente orienta, nesse caso, é não faça seguro de 50 milhões, contrate o de 15 milhões e aumente a responsabilidade civil porque esse hotel apresenta riscos”. O executivo esclarece que a missão do concierge é orientar para que os hotéis ampliem o cuidado do empreendimento com o hóspede e com os funcionários.

Outro ponto relevante, conforme o fundador da Hoteys Seguros, é o custo de um seguro que, na interpretação dele, é irrelevante diante do patrimônio protegido. Um empreendimento hoteleiro padrão de 100 apartamentos, vai pagar R$ 6 mil numa apólice, passa a ser um valor baixo, para um investimento que vale R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. Além de se proteger do risco a que está submetido,  ainda preserva a imagem da marca, “o valor é simbólico em relação ao que está envolvido”.

Avanços e restrições para cobertura

Entre os ajustes a serem realizados, Tavares diz que avanços e restrições dependem muito das seguradoras. Hoje há empresas, conforme relata, que estão começando a falar em seguro all risks, que abrange tudo o que tiver dentro do hotel, em relação à operação e, nos próximos dois anos, esse modelo  já será lançado no mercado brasileiro.  Ele adianta que um dos papéis da Hoteys Seguros é também envolver as seguradoras na necessidade de implementar esse formato de negócio no mercado, para que as seguradoras vejam que isso é a maneira de atuar e até para que os hoteleiros fiquem mais tranquilos diante dos investimentos que desejem fazer.

 

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