Roteiro Quilombo Cultural em São Luís: produto novo com dose histórica e inclusiva

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A cultura de São Luís, capital do Maranhão, tem nos festejos do Bumba meu Boi, nas danças de Tambor de Crioula, nas festas do Divino Espírito Santo e no reggae adotado da Jamaica, manifestações autênticas que servem como cartões de visita. Agora, com a criação do Roteiro Quilombo Cultural de São Luís, essa força cultural se expande para um nível histórico, religioso e também social já que junta saberes de uma comunidade – o bairro da Liberdade -, inserindo-a na economia de mercado.

Por Paulo Atzingen (de São Luís)*


O roteiro “Quilombo Cultural de São Luís” oferece atrativos turísticos do Quilombo Urbano mostrando a força, a presença e a marca de herdeiros da cultura e da história da matriz africana em São Luís, capital do Maranhão.

O pai da criança desse roteiro é Saulo Santos, secretário de Turismo de São Luís e a equipe da Secretaria Municipal de Turismo, Setur, a mãe. Criado há pouco mais de um ano, o “Roteiro Quilombo Cultural de São Luís”, assume literalmente a identidade parda e preta que tem a capital maranhense, segundo o próprio IBGE em seu Censo de 2022 (População parda: 57,16%; população preta 16,18%; total 73,34%).

Este roteiro foi indicado em 2022 ao Prêmio Braztoa de Sustentabilidade e conquistou o 1º lugar na categoria “Valorização do Patrimônio Cultural no Turismo” do Prêmio Nacional de Turismo em 2023.

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“Este roteiro nada mais é que a economia criativa, que é trabalhar com pessoas, com grupos que fazem arte e cultura, que inovam, que oferecem seu talento ao público. Seja por meio do artesanato, seja por meio das oficinas de danças, seja por meio das aulas de capoeira, seja por meio de qualquer empreendedorismo por meio do folclore e da cultura”, revela Saulo ao DIÁRIO. “E aí, dessa forma, você consegue dar um equilíbrio na questão social gerando emprego, atividade rentável, dando condições para que esses grupos, esses núcleos culturais possam mostrar o seu trabalho”, completa.

Quilombo Cultural
Saulo Santos apresentou o mapa do roteiro (Crédito: Paulo Atzingen – DT)

Roteiro

O roteiro turístico é composto por 10 paradas, ou atrativos. Ele começa no Mercado Municipal do bairro da Liberdade, passa por organizações de Bumba Meu Boi, terreiros de matrizes africanas e blocos de atividades culturais de Festas do Divino Espírito Santo.

Quilombo Cultural
1 – Mercado Municipal da Liberdade; 2 – Terreiro Ylé Ashé Obá Yzôo; 3 – Bloco Tradicional Os Indomáveis; 4 – Bumba Meu Boi da Floresta; 5 – Terreiro Ilé Ashe Ogum Sagbã; 6 – Bloco Afro Abiyeyé Maylô; 7 – Tambor de Crioula Maracrioula; 8 – Bumba Meu Boi de Leonardo; 9 – Produtora Novo Quilombo (Reggae); 10 – Bloco Afro Netos de Nanã 

Encontro discute logística e funcionamento

Na noite da última segunda-feira (25), agentes de viagens e representantes do roteiro Quilombo Cultural se encontraram para traçar estratégias de receptivo e logística. O local do encontro foi o Centro de Cultura e Turismo do Quilombo Urbano, inaugurado em novembro do ano passado (Veja matéria).

Dos 10 integrantes do Roteiro, sete compareceram para discutir estratégias de logística com agentes de viagens, guias de turismo e com a própria secretaria de Turismo. Na oportunidade, Saulo Santos apresentou o mapa do roteiro, e convidou representantes dos atrativos falarem sobre seu produto. “Oferecemos aprendizagem sobre o Bumba meu Boi, por meio de oficina de dança, ou outras danças como tambor de crioula”, disse Nadir Cruz, do Bumba meu Boi da Floresta. Seu centro oferece oficinas de ritmos percussivos como o toque do tambor de crioula, pandeirões, pandeiros e pandeirinhos, usados na apresentação do boi.

Quilombo Cultural
Cláudia Regina, do Bumba Meu Boi de Leonardo; Nadir Cruz, do Bumba Meu Boi da Floresta e Letícia Souza do Bloco Afro Netos de Nanã (Foto: Paulo Atzingen – DT)-

Ancestralidade

“Nosso grupo preserva a memória da manifestação cultural por meio de coreografias, roupas confeccionadas e oficinas de ritmo, sob o som dos tambores de zabumba. É uma forma que oferecemos do visitante mergulhar em nossa ancestralidade”, disse Cláudia Regina, líder do Bumba meu Boi de Leonardo.

Quilombo Cultural
Ao final os participantes do encontro conheceram o espaço da Produtora Novo Quilombo (Reggae) e foram recepcionados por Alberto da Liberdade (Crédito: Paulo Atzingen – DT)

Tocar, viver o momento

Ao final da reunião, os participantes foram convidados a conhecer a Produtora Novo Quilombo (Reggae), e o anfitrião Alberto da Liberdade acompanhou o grupo.

“Vivemos um novo momento no turismo, talvez resultado da pandemia. O turista quer mergulhar, quer tocar, quer viver, ter uma relação tátil com o objeto; o olho no olho é importante pois cria uma sinergia entre quem conhece e quem é conhecido”, finalizou Saulo Santos.

Compareceram ao evento, agentes de viagem da Taguatur Turismo, Vicenciar Turismo, Sonhos Tur e os representantes dos atrativos, a saber: Terreiro Ylé Ashé Obá Yzôo – (Wender Pinheiro), Bumba Meu Boi da Floresta (Nadir Cruz), Bumba Meu Boi de Leonardo ( Cláudia Regina), Bloco Afro Netos de Nanã (Letícia Souza), Produtora Novo Quilombo (Reggae) (Alberto da Liberdade) e Bloco Tradicional Os Indomáveis Show (Ericson Renyer).

Quilombo Cultural
O roteiro tem essa bela identidade (reprodução)

*O jornalista Paulo Atzingen viajou a São Luís de Azul Linhas Aéreas com seguro GTA

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