“Soneto de Quarta-Feira de Cinzas” por Vinícius de Moraes

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Por seres quem me foste, grave e pura

Em tão doce surpresa conquistada

Por seres uma branca criatura

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De uma brancura de manhã raiada

 

Por seres de uma rara formosura

Malgrado a vida dura e atormentada

Por seres mais que a simples aventura

E menos que a constante namorada

 

Porque te vi nascer de mim sozinha

Como a noturna flor desabrochada

A uma fala de amor, talvez perjura

 

Por não te possuir, tendo-te minha

Por só quereres tudo, e eu dar-te nada

Hei de lembrar-te sempre com ternura.

.

Vinicius de Moraes, Poemas, Sonetos e Baladas, Editora Gaveta, Rio de Janeiro, 1946

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