Por Paulo Atzingen*
As instalações artísticas são plataformas pós-modernas para a expressão dos talentos. E essa técnica é muito utilizada em galerias e praças públicas das cidades. No entanto, se tem pouca notícia de instalações em meio ao Cerrado. Se tinha.
O carolinense José Emídio Albuquerque e Silva estudou engenharia Civil, tem pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, tem formação Holística e mais uma série de outras especialidades. Com todos esses atributos José Emídio, como Carlos Drummond de Andrade, foi ser gauche* na vida.
Lançou vários livros em prosa e verso, criou o termo Postesia (cartões postais com poesias), enviou-os pelo correio, é filho de Pedro Silva e Naide Noleto, ambos artistas. O primeiro seresteiro, a segunda, bordadeira. Como Drummond, aposentou-se funcionário público.
Com essa herança genuína Emídio não deixa o tempo passar em branco. Cria e cria e creiam, é um alquimista que junta letras e húmus da terra. Emídio criou o Parque Terra D´Água, uma reserva ecológica que ocupa uma área de 50 hectares e está localizada às margens da BR 010. “Aqui o visitante encontra a biodiversidade existente no Bioma Cerrado e o ecossistema da mata ciliar do riacho Urupuchete”, fala Emídio, em seu momento engenheiro.

Trilha Postesia
Sua última criação foi a Trilha Poética e Artística, implantada na área de sua reserva. “A ideia surgiu com os postais de Postesia. A princípio a trilha seria apenas poética. Mas, ao organizar livros em uma estante, revi os postais e veio-me a ideia de expô-los em uma trilha no Terra D’Água”, explica o artista.
Com gravuras feitas no programa paint brush e com poemas criados por Emídio, pelo paí e por poetas de Carolina, a Trilha Poética obedece aos caprichos da natureza. Emídio plantou suas instalações sob a copa de pés de bacuri, uma árvore típica do Cerrado. “Ela serve para minimizar os efeitos do sol e proteger da chuva”, diz com uma tranquilidade típica de quem vive plenamente a postesia do Cerrado. Lugar onde se mistura imagens e poesia.
