TAP entra numa nova era

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Francisco Ferreira da Silva – Do Diário Econômico

Privatização salva a TAP da falência, injeta capital e, acima de tudo, inicia-se uma nova era.

David Neeleman e Humberto Pedrosa vão arriscar muito dinheiro num projeto em que acreditam e do qual querem, naturalmente, tirar dividendos no futuro. Os novos acionistas são uma lufada de ar fresco numa empresa que precisa de dinheiro, mas também de inovação e criatividade como de pão para a boca. O atual presidente, Fernando Pinto, diz que a empresa lutou “com falta de capital durante 15 anos”. Até meados de 2017, o consórcio Gateway promete investir 600 milhões de euros que poderão ir até aos 800 milhões.

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O entusiasmo dos novos donos da TAP é visível nos projectos de expansão da operação. Mais de 50 novos aviões para uma empresa cuja frota está, em boa parte envelhecida, e uma reconfiguração das classes e dos aparelhos para fazer subir a tarifa média que, só em 2014, caiu cerca de 4%, como disse Fernando Pinto. A Executiva vai passar a ter camas para os voos de longo curso, será criada uma Económica Plus e algumas filas de assentos centrais poderão ser transformadas em SkyCouches, verdadeiras camas para quem não tem lugar na Executiva.

A TAP vai passar a funcionar numa lógica de empresa privada, onde os clientes têm de ser bem tratados, mas onde os funcionários também têm de se sentir bem, como já disse várias vezes David Neeleman. Aumentar o número de frequências e de destinos para o Brasil, Estados Unidos e África é potenciar rotas que têm sido pontos fortes da transportadora aérea nacional. Racionalizar a operação na Europa é uma decisão de gestão para equilibrar as contas num mercado altamente competitivo.

David Neeleman começou vendendo pacotes turísticos aos colegas da universidade, trabalhou numa agência de viagens e depois lançou-se no transporte aéreo, sendo hoje o dono da companhia brasileira Azul. Foi ainda o inventor do e-ticket, o bilhete electrónico que hoje todos utilizam e que diminuiu a burocracia do embarque. Humberto Pedrosa começou no transporte rodoviário de passageiros entre Torres Vedras e Lisboa fundado pelo pai. Desde então, foi com a Barraqueiro à reprivatização da Rodoviária Nacional, ganhou a concessão do comboio da Ponte, expandiu a atividade transportadora ao Brasil e Angola e, agora, entra pela primeira vez no transporte aéreo.

São ainda muitos os escolhos que se apresentam aos novos donos da companhia. Desde a contestação interna, à investigação da Comissão Europeia e à promessa de reversão do negócio por parte do PS, se ganhar as próximas eleições legislativas, tudo são obstáculos. Os próximos tempos serão, por isso, decisivos para se saber se, no futuro, vamos ter uma TAP forte e que se afirma internacionalmente. Para já, uma companhia que floresceu enquanto foi privada e se endividou na esfera pública, depois da nacionalização de 1975, volta a ter um horizonte de esperança.

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