Embora a desova das tartaruguinhas ocorra mais no verão, a natureza é tão generosa que oferece o espetáculo da corrida para o mar em quase todos os meses do ano
Por Patrícia de Campos (com edição do DIÁRIO)*
Seja em Porto de Galinhas (PE), na Praia do Forte (BA), nas praias de Sergipe ou do Rio Grande do Norte, a natureza se manifesta!.
São milhares delas, e de várias espécies: tem a Tartaruga-cabeçuda, a Tartaruga-de-pente, a Tartaruga-de-couro, a Tartaruga-verde, a Tartaruga-Oliva…
Ver essas criaturas – delicadas e indefesas – correrem desajeitadas em busca da água, é uma imagem para guardar para sempre.
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Vívian Chimendes, bióloga da Ecoassociados, de Porto de Galinhas, explica que durante os meses de outubro a maio, as praias são o berçário de milhares de tartaruguinhas marinhas. De junho a dezembro o berçário acontece em ilhas marítimas.
“As praias de Porto de Galinhas são conhecidas como áreas de desova de Tartaruga-de-Pente, mas já foram registradas as espécies: Tartaruga-verde, Tartaruga-cabeçuda e Tartaruga-oliva com desovas mais esporádicas. As espécies de tartarugas marinhas são animais migratórios, passam a maior parte do tempo no mar e viajam os oceanos para se alimentar, descansar e reproduzir”, afirma Viviam ao DIÁRIO.
“Dependendo da espécie atingem a idade adulta na altura dos 30 anos. Estima-se que uma tartaruga pode chegar aos 100 anos,” completa.
A Ecoassociados é uma organização que monitora 30 Km de litoral do município do Ipojuca, em Pernambuco, demarcando os ninhos e acompanhando a soltura desses pequenos seres, que ao nascer não medem menos de cinco centímetros e com peso médio de 20 gr. A ONG monitora uma média de 200 ninhos, até o nascimento dos filhotes que acontece entre os meses de janeiro e março.
Segundo Viviam, a Ecoassociados desenvolve atividades de educação ambiental como ferramenta para o trabalho de conservação do meio ambiente. “Oferecemos palestras, oficinas e minicursos, junto com as escolas, universidades, turistas e comunidade local. Assim, colaborando a ampliar e multiplicar o conhecimento sobre a biodiversidade local e sua importância”.
Em 2014, com a abertura do Centro de Conservação de Tartarugas Marinhas, o trabalho ganhou mais visibilidade na comunidade local e turística tornando-se um atrativo diferenciado localizado na Vila de Porto de Galinhas. O Museu recebe em média 10 mil pessoas por ano.
CENTRO DE CONSERVAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS: CONHECER PARA PROTEGER
O Centro de Conservação de Tartarugas Marinhas, inaugurado em 2014, está localizado na praia de Porto de Galinhas, no município do Ipojuca, Pernambuco. Conta com uma visita guiada por monitores voluntários para observação de peças reais de tartarugas. O espaço proporciona um mundo de conhecimento sobre esses animais e suas ameaças, além de informar sobre o trabalho relacionado à conservação das espécies de tartarugas marinhas em Pernambuco. O Centro é uma ferramenta fundamental na sensibilização e multiplicação da informação a respeito da importância da conservação marinha. Visite nosso Centro e contribua para a conservação das Tartarugas Marinhas!
Projeto Tamar
Falar de tartarugas no Brasil é falar do projeto Tamar. Precursor das ações de proteção das tartarugas marinhas, com início de suas atividades em 1980, trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Está presente em 25 localidades no Brasil, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Ba hia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
CUIDADOS
Gonzalo Rostán, gerente nacional dos centros de visitantes da Fundação Projeto Tamar, adianta ao DIÁRIO de como todos nós podemos ajudar a proteger as tartarugas marinhas: “Cuidar das praias, apagar as luzes onde houver desovas, pescar de forma responsável, deixar os filhotes livres para chegarem ao mar e as fêmeas para desovar, não utilizar jet skis próximos as praias no período de soltura dos filhotes e sobretudo não poluir os mares com plásticos, que são confundidos pelas tartarugas com algas, e acabam por ingeri-los e morrendo,” enumera.
Essas pessoas apaixonadas pelo que fazem – técnicos, monitores, biólogos, oceanógrafos, tanto do projeto Tamar quanto do Ecoassociados dão a cada brasileiro e a cada turista uma lição de vida, no seu sentido mais profundo e original.
O CICLO DELAS
A época de desova é regida principalmente pela temperatura, ocorrendo nos períodos mais quentes do ano. No litoral brasileiro, acontece entre setembro a março, com variação entre as espécies. Nas ilhas oceânicas, entre dezembro a junho, registrando-se somente desovas da espécie verde (Chelonia mydas).
Serviço:
Rua Caraúna Praça 04 – Porto de Galinhas, Ipojuca (PE)
Fones: (81) 3552.2465 | (81) 9 9944.1465
PROJETO TAMAR
*Patricia de Campos é formada em Comunicação Social (Rádio e TV) pela FAAP, com pós graduação em Marketing pela ESPM. Neta do imortal escritor parnasiano Humberto de Campos, Patrícia é diretora da Gentileza R.P., empresa de representação de hotéis e destinos diferenciados do Brasil. É colaboradora do DIÁRIO desde 2019.