Levantamento do Conselho de Turismo da FecomercioSP aponta que inflação seguirá como desafio para o setor
Por Zaqueu Rodrigues
O turismo brasileiro deve fechar 2021 com um crescimento de 16% e faturamento de R$ 151 bilhões em comparação com 2020. O saldo ainda continua 22% inferior ao período pré-pandemia. Os dados são da nova pesquisa do Conselho de Turismo da FecomercioSP.
De acordo com o levantamento, o turismo vivenciou dois momentos distintos ao longo do ano de 2021. O primeiro foi a expansão da segunda onda de contaminações de covid-19, no primeiro semestre, e o segundo o movimento de retomada impulsionado pela vacinação.
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A partir de abril de 2021 o setor de turismo experimentou o início de uma recuperação. Os segmentos com resultados mais expressivos naquele momento foram de transporte aéreo e hospedagem e alimentação, com altas anuais de 83,9% e 61,9%.
O Conselho de Turismo da FecomercioSP pondera que a base de comparação, o segundo trimestre de 2020, é bastante frágil em razão do contexto de restrições às atividades econômicas vivenciado naquele período, com condições mais amplas.
Em julho, a demanda de passageiros aéreos atingiu 6 milhões. A perspectiva agora é que o o setor aéreo feche o ano com faturamento de R$37,8 bilhões, 36% abaixo do registrado em 2019. A projeção para o último trimestre deve ser 12% inferior a 2019.
O grupo de hospedagem e alimenta deve fechar o ano com alta de 15,9% e faturamento de R$ 25 bilhões. Comparado a 2019, o saldo permanece 26% negativo. Já o transporte rodoviário (intermunicipal, interestadual e internacional), com quedas no início do ano, fechará 2021 com alta de 9% e faturamento de R$ 17,7 bilhões (5,1% abaixo de 2019).
Inflação e turismo
A pesquisa mostra que a inflação, que impacta tanto as famílias como as empresas, pode limitar o desenvolvimento do turismo em 2022. O dólar alto é visto como impulsionador do turismo doméstico, que passou a ser valorizado durante a pandemia.
Presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Mariana Aldrigui avalia que a inflação no orçamento familiar seguirá como fator mais importante a ser observado em 2022.
“Infelizmente, como em outros momentos relevantes para o turismo, fez-se muito pouco em termos de investimentos, oferta de crédito e estímulo à inovação, o que deixa o Brasil ainda mais dependente de seu mercado interno”, destaca Aldrigui.
De acordo com o estudo, que se baseia em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o turismo vem enfrentando uma inflação de 16,75% nos últimos 12 meses. A variação supera a média do Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), de 10,67%, e aponta um um avanço real de preços do turismo de 5,49%.
As passagens aéreas são as principais responsável pela elevação dos preços, indentifica o levantamento. Em 12 meses, o preço delas aumentou 50,11%, como resultado da demanda reprimida pela pandemia e do aumento de custos, sobretudo do querosene (QAV), que subiu 90%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A alta de combustível e energia elétrica deve prejudicar outras atividades importantes do turismo, como a hotelaria e o transporte, que repassarão os custos aos consumidores. Com a falta de produtos como o chip semicondutor, que atrasa a produção de montadoras pelo mundo, alugar um veículo ficou, em média, 19,94% mais caro em relação a 2020.
Para a presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, o cenário não surpreende diante da demanda reprimida. “Os aumentos generalizados nos insumos de todos os setores também colaboram com a elevação dos preços, e é provável que a curva de aumento siga ascendente nos próximos meses (pelo menos até o carnaval), podendo ser revertida somente em caso de queda acentuada na demanda”, sublinha Mariana Aldrigui.