por Paulo Atzingen – Publicado originalmente em atzingen.com.br
Essa fortaleza que ergo na construção de minha personalidade, minhas ideias, minhas opiniões e meu facebook – espelho opaco do que não sou ou um ideal que almejo ser algum dia – vem abaixo, se desmancha na terra, quando leio, ou ouço Corintios 13.1-13.
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
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Hoje ao ouvir a rádio, um dos ouvintes da emissora pede Monte Castelo, de Renato Russo. A música é bonita, a voz do Renato Russo é bacana e a letra sensacional.
“É só o amor, é só o amor”..:. canta Renato Russo.
É curioso que hoje, como ontem, por falta de tempo, escrúpulos ou por preguiça se acostumou a não se citar a fonte. Ás vezes por vergonha também. Textos, fotos, pensamentos, ideias são utilizadas ao bel prazer e são citadas quando se convém. Copia-se e cola-se tudo na maior desfaçatez, de forma indiscriminada. A obra de Renato Russo é indiscutível e sua criatividade idem, fique claro aqui. No entanto, somos ávidos a dar autoria a pessoas que apenas se inspiraram em obras maiores. Quando fui criança e pensava como criança analisava e constatava tudo como criança e nos meus 18, ao ouvir Renato Russo achava aquela letra uma obra-prima. A moçada hoje canta a música e não faz ideia do que ela representa. Porém notem que se tratava de algo muito maior. Renato Russo se inspirou em um poema de Luis de Camões e utilizou a inspiração do português para construir sua música quando canta “O amor é o fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer”.
No entanto, a maior parte desta música é inspirada em 1.Cotintios 13.1-13. Ou seja, a inspiração de Camões, inspirou Russo, no entanto, Camões, se inspirara em Paulo, sim, aquele, do caminho de Damasco. E Paulo, em Jesus Cristo.
Caminhando na praça para mudar minha percepção sobre o mundo (em época sem Coronavirus) ao ouvir Renato Russo e sua música dos anos 90, Monte Castelo, me catapulto lá para trás. O texto a seguir, resume tudo e dou aqui, o merecido valor à fonte:
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.
Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos;quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido.
Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor”. (1 Corintios 13.1-13)