A reinvenção da vida e dos hábitos têm desafiado diariamente a maioria dos brasileiros, seja no trabalho, na escola, no lazer e no turismo. Os impactos provocados pela Covid-19 afetaram o desempenho econômico das atividades vinculadas e associadas ao Turismo, forçando a reinvenção delas em direção a práticas mais sustentáveis, de experiências ao ar livre e em contato direto com a natureza.
REDAÇÃO DO DIÁRIO
Em João Pessoa (PB), esse contexto de adaptação das práticas de mobilidade e reinvenção das práticas turísticas forçadas pela Pandemia, fez a bicicleta ressurgir como um transporte seguro que possibilita, além de estimular hábitos mais saudáveis, também fortalece a visitação de áreas com grande valor simbólico, natural e cultural. É isso o que afirma a professora Andrea Porto, coordenadora do projeto de Cicloturismo do Departamento de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal da Paraíba. O projeto será implantado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa e já se encontra na secretaria de Planejamento do município.
No último dia 10 de junho, o secretário da Secretaria de Turismo de João Pessoa, Daniel Rodrigues, fez a apresentação do projeto ao secretário de Planejamento (Seplan), José Montenegro. O projeto de Cicloturismo de João Pessoa será implantado pela equipe da Diretoria de Desenvolvimento Institucional (DDI), por meio da Divisão de Projetos Especiais (DIPE) da Setur, e tem como autoria as professoras Andréa Porto e Fabiane Nagabe, do Departamento de Geociência e do Departamento de Turismo e Hotelaria da UFPB. O DIÁRIO conversou com a professora Andrea Porto para saber mais detalhes do projeto, confira:
DIÁRIO: Quando e como nasceu a ideia desse projeto de ciclovia?
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O projeto é fruto da extensão da UFPB que tem como proposta esse ano contribuir com a diversificação da oferta turística de João Pessoa. Diante da conjuntura, com a crise sanitária e ambiental mais as predições de recuperação do setor (turismo), pensamos em fomentar um segmento que pudesse ser solução para os três “problemas” atuais. O cicloturismo se qualifica como uma atividade ao ar livre, contribui com a descarbonização da cidade e tem solvência no cenário de recuperação econômica do setor.
DIÁRIO: O circuito contempla atrativos turísticos da cidade ou apenas as praias? Se sim, quais?
Contempla todo o território da cidade e região metropolitana. Ressignifica o turismo na cidade ao privilegiar espaços estigmatizados como territórios de comunidades vulneráveis, mas de grande valor cultural, natural, artístico e histórico. São territórios de quilombolas, indígenas e ribeirinhos (uma vez que pautamos a ideia do intermodal na mobilidade do turista)
DIÁRIO: Como a rota (s) foi concebida?
Avaliando a infraestrutura cicloviária da cidade e a partir da inventariação dos patrimônios, para qual foi utilizada uma metodologia inovadora que combina o que é preconizado pelo Mtur, pelo Iphan e também pelo sistema de propriedade intelectual elaborado pela ONU.
DIÁRIO: O conceito de ciclovias é correlato à valorização do patrimônio/ vida saudável/ sustentabilidade. Pode comentar?
Ciclovia é um espaço destinado à circulação de bicicletas, faz parte da infraestrutura cicloviária da cidade. Trata-se de um bem comum em cidades sustentáveis, pois contribui com a prática de atividade física e também redução da emissão de gases do efeito estufa.
DIÁRIO: Professora, a senhora usará a ciclovia?
Eu já faço uso para atividades de lazer e pequenos deslocamentos na cidade. Ao viajar, faço questão de conhecer as cidades usando bicicleta ou correndo, assim mantenho minha rotina de exercício físico e tenho experiências mais intensas e de proximidades nos destinos.
DIÁRIO: Quais são suas considerações complementares?
Integramos um projeto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) denominado Pedagogia Urbana. Entre várias vertentes, a Mobilidade Urbana é o tema principal e conceito estrutural desde 2019 pela sua importância e desafio no contexto da Urbanização Planetária. Mas, principalmente, por ser um tema que tem implicações cotidianas que conectam o local com o global. No Brasil, cerca de 85% da população vive nas cidades e parte expressiva dela sofre injustiças que são catalisadas por uma lógica perversa centrada no favorecimento à fluidez do transporte individual motorizado. Esse tema possibilita abordar a relação entre corpos, ruas, sistemas de transporte e a urbanização da cidade de João Pessoa; onde está em curso desde 2017 a elaboração do Plano Diretor de Mobilidade Urbana.
“O projeto tem como missão construir valores de sustentabilidade através da compreensão dos desafios globais da urbanização, da cidade como obra humana e do potencial de uma identidade coletiva
O projeto tem como missão construir valores de sustentabilidade através da compreensão dos desafios globais da urbanização, da cidade como obra humana e do potencial de uma identidade coletiva, que transcende diferenças e que de forma colaborativa e responsável possa atuar em soluções factíveis que tornem as caminhadas e o ciclismo seguros, convenientes, confortáveis e divertidos na cidade de João Pessoa.