O leitor Dinacir Dias – churrasqueiro profissional de mão cheia, conhecido como Mr Dina em sua página no Instagram fez uma pergunta ao Werner que gravita na cabeça de muitos apreciadores de vinho, na verdade Mr Dina fez três perguntas: “Como escolher um bom vinho para um churrasco? Qual vinho podemos combinar com uma boa costela no fogo de chão? Ou qual o melhor vinho para acompanhar um medalhão de filé mignon?
O Werner Schumacher se entusiasmou com as perguntas e diretamente do Vale dos Vinhedos, já respondeu, acompanhem:
Como escolher um bom vinho para um churrasco?
Que bela pergunta para um gaúcho responder, na verdade meio alemão e meio magro do Bonfa, ou seja, da capital. Não aquele das imensas fazendas e ligados a lida do campo repleto de gado.
Com certa frequência fazemos um costelão aqui na Casa Von Schu sob o comando do Troian, nosso vizinho que é o melhor assador do Vale dos Vinhedos e iniciamos com um bom espumante Brut e alguns petiscos, não pode faltar um bom salsichão (linguiça), afinal são longas 4 a 5 horas para ficar pronto.
Já a carne mal passada é regada com um vinho tinto encorpado, como um bom Tannat, cuja estrutura suporta muito bem uma carne vermelha. Aqui acompanhamos com uma boa salada de batata e também de folhas.
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Poderia ser um Cabernet Sauvignon ou Franc. Ancelotta é também uma boa pedida. Pelo fato de meu trisavô ser oriundo do país Basco francês e ter ingressado na América Latina por Montevideo, e cavalgando, chegou a Jaguarão-RS, a preferencia é pelo Tannat.
No entanto, a democracia existe por aqui e se alguém prefere seguir com o espumante mais encorpado, ou um branco Chardonnay fermentado em barricas, todos ficam à vontade para beber o que quiser.
A minha escolha de um vinho Tannat brasileiro, embora haja muitos outros vinhos bons, recai normalmente para os vinhos da vinícola Don Laurindo, capitaneada pelo Ademir Brandelli, que foi o pioneiro na implantação de vinhedos com essa uva.
Lá pelos anos 80 não tínhamos na região uvas tintureiras que ajudassem a dar cor às demais variedades tintas, como cabernet, merlot, etc., nessa época o mercado começava a exigir vinhos tintos mais carregados de cor, quando se passou a dar mais atenção a essas variadas.
Portanto, pelo pioneirismo, a Don Laurindo é uma boa escolha.
Entre os vinhos que recomendo da Don Laurindo, começo pelo Reserva Ancellotta, outra variedade tintureira, ótima para proporcionar cor a outras variedades, mas também cai muito bem como varietal.
RESERVA ANCELLOTTA – ANO DE COLHEITA: 2019Avaliação Visual: Coloração vermelho rubi. |
Mr. Dina, se tens hábitos da cultura nativista, como o Ademir Brandelli, que gosta de uma boa cavalgada, sentirás na alma o que é um vinho que brinda as nossas raízes, muito bem expressadas no folclore gauchesco e também o Marenco, um dos grandes intérpretes da nossa música regional.
TANNAT DON MARENCO – ANO DE COLHEITA: 2018 Este é um exemplar elaborado em homenagem ao Luiz Marenco, cantor nativista que por meio da música exalta a terra, valores, hábitos e costumes gaúchos. Avaliação visual: Muito bom aspecto de cor vermelho rubi. Avaliação olfativa: Fino, intenso, agradável, frutado, franco, toques de carvalho. Avalição gustativa: Amplo, maduro, sedoso, taninos potentes, bom equilíbrio com final agradável. BARRICA DE CARVALHO: 12 MESES |
Chegamos ao pioneiro, o Reserva Tannat Don Laurindo
RESERVA TANNAT – ANO DE COLHEITA: 2018 Avaliação Visual: Coloração vermelho rubi. BARRICA DE CARVALHO: 12 MESES Harmonização: Acompanha pratos de sabor acentuado. |
Por fim, para acompanhar um medalhão de filé alto, recomendo o Reserva Malbec Don Laurindo.
RESERVA MALBEC – ANO DE COLHEITA: 2018 Avaliação Visual: Coloração vermelho rubi. BARRICA DE CARVALHO: 9 MESES Harmonização: Acompanha pratos de sabor médio e acentuado. |
O que eu gosto também é o teor alcoólico não exagerado, algo como 13% volume, o que dá vinhos mais equilibrados e harmônicos, proporcionando uma melhor apreciação dos seus aromas e consequentemente sabor.
Espero Dinacir, Mr. Dina, que aprecie a nossa resposta,; lembre que o gosto é individual, portanto, subjetivo, cabendo ainda recomendar a moderação. Quanto aos grelhados de frutos do mar, a sua pergunta será respondida com brevidade. Tirando o bacalhau e a sardinha assada, que não são peixes segundo os portugueses, recomenda-se vinho tinto leve.
Notas do editor:
A Don Laurindo controla a produtividade das uvas e encontrou um equilíbrio em torno a 8 mil quilos por hectare, além disso, toda a colheita é manual e os vinhos são elaborados em pequenos lotes, para garantir uma grande qualidade em seus vinhos.
A Don Laurindo tem uma bela linha de produtos, além de vinhos brancos e espumantes, também produz vinho licoroso, grappa e balsâmico, que pode ser visualizada em sua loja virtual https://loja.donlaurindo.com.br/.
Werner Schumacher, é o alemão brasileiro que na década de 80 e 90 do século passado trouxe os insumos da Europa para o início da vinicultura no Rio Grande do Sul, e portanto, no Brasil.
Sem meias palavras, Werner durante o último ano escreveu sobre inúmeros assuntos do universo do vinho. Defendeu a viticultura heroica de montanha, ficou do lado dos pequenos produtores de uva e vinho do Rio Grande do Sul, enalteceu a importância do enólogo em uma propriedade que produz vinho, criticou os marqueteiros que tentam desmistificar o mundo do vinho com seus produtos padronizados e sem caráter.
As perguntas a WERNER SCHUMACHER podem ser enviadas para o Whatsapp do DT: (11) – 99361-4862 – ou no próprio Comentários do Leitor (logo abaixo)